81 anos da estreia de Tesourinha

Texto por Colaborador: Redação 22/10/2020 - 18:00

Ídolo multicampeão, um dos maiores pontas do futebol brasileiro, quinto artilheiro da história colorada, atleta dono de DNA alvirrubro como poucos. Sobram predicados para definir a grandeza de Tesourinha na biografia do Clube do Povo, ídolo que há 81 anos disputava sua primeira partida com a camisa do Inter. Ocasião festiva, surge como motivo perfeito para relembrar a trajetória do craque vestindo vermelho.

O primeiro capítulo da história entre Inter e Tesourinha foi escrito ainda no nascimento do ídolo. Osmar Fortes Barcellos viveu sua infância na Ilhota, bairro periférico marcado pela mistura de futebol e samba, que em 1909 serviu de berço colorado. Há 81 anos, portanto, o que teve início foi o matrimônio entre Clube e craque.

Ativo no bloco de carnaval dos ‘Tesouras’, razão de seu icônico apelido, o ponta-direita estreou pelo Alvirrubro no dia 22 de outubro de 1939. A partir de então, sua biografia ficava ainda mais atrelada à do Internacional, clube de cores definidas por outro bloco, o dos Venezianos, e de essência voltada para o povo.

De acordo com registros do acervo histórico do Clube, a primeira jornada de Tesourinha vestindo vermelho ocorreu em partida disputada diante do Cruzeiro-POA, válida pelo Campeonato Citadino daquele ano. Na ocasião, Osmar substituiu simplesmente Carlitos, ponta-esquerda que viria a se tornar o maior artilheiro da história colorada. Tesourinha, inclusive, atuava no mesmo setor do goleador máximo do Internacional, mas precisou se adaptar ao flanco direito pois, como o passar dos anos mostraria, conceber o Inter sem um dos integrantes da letal dupla de ataque não seria possível.

É bem verdade que Tesourinha não balançou as redes em sua primeira partida pelo Inter. Felizmente, contudo, seus tentos não foram necessários, e o Clube do Povo deixou o campo vencedor por 2 a 1. Quem marcou os gols vermelhos foi Brandão, em partida que viu o Colorado escalado com Júlio no gol, Alfeu e Risada na defesa, Nenê, depois Celso, Magno e Levy no meio, além de Rui, Russinho, Brandão, Moacir e Carlitos, depois Osmar Barcellos, no ataque.

Deste triunfo em diante, vieram mais centenas na história do ídolo no Inter, que resultaram em oito conquistas estaduais, outras oito municipais, e a consagração do ponteiro como eterno na biografia alvirrubra. Integrante do Rolo Compressor, Tesourinha formou, junto de Carlitos, Adãozinho e Villalba, um dos principais ataques da história do futebol brasileiro. Também ao lado do Rolo consolidou o Clube do Povo como maior time do Rio Grande do Sul, além de garantir ao Colorado a jamais tomada supremacia no histórico do clássico Gre-Nal.

Tamanha magnificência nos gramados gaúchos garantiu a Tesourinha feito raro para os atletas gaúchos de então: ser convocado para a Seleção Brasileira. Genial como sempre, superou qualquer desconfiança que o bairrismo imperante no selecionado poderia impôr a um forasteiro do eixo Rio-São Paulo e foi notório. Pela Canarinho, conquistou a Copa Roca, em 1945, a Copa Rio Branco, em 1947 e 1950, a Taça Oswaldo Cruz, também em 1950, além, é claro, da Copa América de 1949. Individualmente, ainda foi eleito o melhor ponta-direita da América nos anos de 1945 e 1946.

A história entre Tesourinha e Inter durou uma década inteira, esgotando-se apenas nos últimos meses de 1949, quando o atacante foi contratado pelo Vasco, que por seus dribles carnavalescos e gols implacáveis pagou uma fortuna. Emocionante, sua despedida em nada afetou o carinho da torcida pelo eterno ídolo, provavelmente o maior ponta-direita de nosso futebol ao lado de Garrincha. Perpétuo no Panteão vermelho, Osmar faleceu em 1979, aos 57 anos, mas seu legado segue vivo até hoje, manifestado sempre que um jovem colorado domina a bola pela ponta e é visto um fintando um zagueiro.

 

AI INTER

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