Texto por Colaborador: Redação 20/05/2025 - 12:50

Em entrevista ao quadro "Área Técnica", do ge.globo.com, Abel Braga revisitou momentos marcantes de sua trajetória como treinador, com destaque especial para a histórica temporada de 2006 no Internacional. O técnico abriu o coração ao relembrar as críticas sofridas antes de conquistar a Libertadores e o Mundial, a preparação emocional da equipe para enfrentar o Barcelona e a força do elenco colorado.

"As pessoas me chamavam de vice"

Antes de atingir o auge com o Inter, Abel foi vice-campeão da Copa do Brasil em dois anos consecutivos — com o Flamengo em 2004 e com o Fluminense em 2005 —, o que gerou críticas e até piadas sobre sua suposta sina de derrotas. O treinador contou como lidava com esse estigma e revelou uma conversa tocante com seu filho:

“As pessoas me chamavam de vice. E isso aí é complicado. Meu filho falava: ‘Pai, os caras falam que você só é vice’. Eu falei: ‘Filho, o pai chegou, ganhou estadual e chegou na final da Copa do Brasil com o Flamengo. Mudou de clube, ganhou estadual de novo e chegou à final da Copa do Brasil com o Fluminense. O pai não pode ser tão ruim assim, né?’. Mas era uma pressão muito grande. A gente só sabe o gosto da vitória quando conhece o sabor da derrota.”

Preparação emocional para enfrentar o Barcelona

Abel também revelou detalhes inéditos da preparação do Inter para a final do Mundial de Clubes da FIFA, em 2006, contra o Barcelona. Ao contrário do que se poderia imaginar, ele optou por uma abordagem diferente nos vídeos mostrados ao elenco:

“Mostramos três vídeos de jogos que o Barcelona perdeu. Não mostramos nenhum vídeo que eles ganharam. Queríamos mostrar onde eles sofreram os gols. Porque é a hora que eu ia puxar no vestiário. Depois que eu incendiei, o Fernandão incendiou também. Ele falou: ‘Vamos deixar tudo em campo. Vamos correr por nós, pelos nossos companheiros, pelo povo que veio até aqui, pelas nossas famílias’. Aí não tinha mais volta.”

O técnico também contou como criou um ambiente de coragem e superação no vestiário: “Eu falei: ‘Se for para ter medo de jogar, nem entra. Fica aqui. Jogo grande não se joga, se ganha’. Era esse o espírito. Os jogadores compraram completamente a ideia. Eu vi aquilo nos olhos deles. E quando o juiz apitou, nós tínhamos certeza de que iríamos ganhar.”

A força do coletivo

Abel fez questão de reforçar que o sucesso daquela equipe do Inter não se baseava em grandes nomes individuais, mas sim no compromisso de todos com o trabalho coletivo: “O nosso time era de super craques? Óbvio que não. Se você olhar peça por peça, o Barcelona era infinitamente superior. Agora, o coletivo do Inter era muito forte. Muito! Todo mundo corria, todo mundo se ajudava. Era um time que sabia sofrer junto e sabia competir como poucos. Isso fez toda a diferença.”

Reconhecimento e legado

Mesmo após conquistas marcantes por outros clubes, como o Campeonato Brasileiro de 2012 com o Fluminense, Abel admitiu que nada se compara ao que viveu com o Inter em 2006:

“Aquilo foi o ponto mais alto da minha carreira. O título da Libertadores e depois o Mundial contra um time que era tido como imbatível. Aquilo ficou para a história. É algo que ninguém mais vai tirar da gente.”

Abel Braga se aposentou da função de treinador em 2022 e, desde então, passou a atuar como dirigente. Apesar de ter deixado o banco de reservas, sua trajetória está eternizada no futebol brasileiro — e, especialmente, no coração da torcida colorada.

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