Ex-lateral relembra início no Inter e time do rebaixamento: "Não tínhamos sorte"

Texto por Colaborador: Redação 30/05/2020 - 15:00

O site do GloboESporte.com divulgou uma entrevista com o ex-lateral do Inter Geferson, que atualmente joga pelo CSKA Sofia da Bulgária. O Lateral-esquerdo recordou a ascensão que o levou a Copa América em menos de dois meses de titularidade de Inter até a retomada da carreira no leste europeu. Confira os principais trechos.

TEXTO:

Seu começo no Inter: "Foi tudo muito rápido, como tem sido na minha carreira. Tínhamos acabado de ganhar a Copa do Brasil sub-20 com o Clemer. Como era final de temporada, achei que fosse ficar de férias em Salvador, mas um diretor falou: “Aí, negão, nem se anima, que você vai para o principal que o Abel quer você”. Aí fui, mas voltei para a base. Quando voltei, o (executivo) Jorge Macedo falou que o Aguirre me usaria. Eu era o terceiro lateral-esquerdo, atrás do Fabrício e o Alan Ruschel. O Aguirre sempre me deixou muito tranquilo, independente de como estava. Comecei a ir para os jogos e passei o Alan Ruschel, que foi para meia."

Episódio com o Fabrício (briga com a torcida): "Aconteceu aquilo com o Fabrício e virei titular. O treinador me entendia, tinha paciência, sabia conversar. O elenco me acolheu muito bem e eu sempre fui bom para ouvir. Aquele jogo eu não tinha sido relacionado, mas estava no camarote. Eu achei que o titular seria o Alan Ruschel. Eu treinava bem, mas não ia para todos os jogos. Só que o treinador viu minhas qualidades. No outro dia ou dois depois, ele falou que eu jogaria, que estava preparado e confiava em mim. O Aguirre pediu para eu não arriscar, porque era muito ofensivo, estava começando e poderia cair nas minhas costas. Um treinador na base do Vitória uma vez me disse “não tem moita ou muro”. Eu entendi e assimilei. Mudei meu estilo. Não por medo, mas por precaução. Aconteceu."

Convocação do Dunga para disputar a Copa América. Ficou surpreso? "Jogamos contra o Santa Fé, no Beira-Rio e o Dunga estava lá. Eu não sabia que ele estaria naquele jogo. Então fui para casa tranquilo. No outro dia, tinha a recuperação. Não lembro se foi um ou dois dias depois que veio o comunicado. Treinávamos geralmente pela manhã. Então eu almoçava e cochilava. Eu estava dormindo e o celular tocou. Olhei um número 21, pensei que fosse cobrança e não atendi. Mas tocava insistentemente. Então atendi e perguntaram se sabia quem era e eu disse que não, perguntaram se o Inter tinha passado algo e falaram que era da Seleção. Eu falei que estavam de brincadeira e desliguei na cara. Não sabia que o Marcelo tinha sido cortado. Liguei para minha mãe e empresário, que também não sabiam.

No retorno ao Inter. O que aconteceu? "Eu não boto a culpa na dor. Estava na Seleção, treinava normalmente e voltei para o Inter. Se fosse direto para o departamento médico, diriam que estava "marrento" porque estava na Seleção. Segui treinando com dor. Se tivesse insuportável, eu pararia. Jogador não consegue estar o tempo todo lá em cima, só Cristiano Ronaldo, Messi e Neymar, que são incomparáveis. Eu, como sou normal, não consegui manter depois de voltar da Seleção. Nunca foi falta de treinamento ou falta de personalidade. Era um momento que não estava bem. O Argel foi outro cara que sempre me deixou muito tranquilo. Ele disse que me conhecia e confiava em mim, mas depois eu precisei operar o ombro. Eu não aguentava mais, tinha medo de trombar, de cair (...) Quando voltei, o Artur estava bem e continuou.

Recodrações do rebaixamento em 2016, que culminou com sua saída e de outros jogadores: "Eu voltei então a jogar só com o (Celso) Roth e chamei ele para conversar porque tinha proposta do Santa Cruz quando não estava jogando. “Eu preciso jogar, professor. Estou há um tempo sem jogar”. Mas ele pediu para ficar porque eu jogaria. Voltei e joguei 11 seguidas. Depois mudou o treinador, me tirou de novo. O time não era ruim que você achasse que fosse cair, mas era um time sem sorte. Trabalhávamos para caramba, os caras puxavam, mas não tínhamos sorte. O Vitinho levava o time nas costas. Não sei a razão, mas o nosso time estava assim. Corria, mas não ganhava os jogos. Tivemos uma queda brusca. Aquilo começa a ficar na cabeça, mais uma rodada sem ganhar, afeta o psicológico. Não sei se foi isso que levou o Inter a cair.!

Adaptação no leste europeu: "O futebol é muito diferente, de mais força. Mas você se acostuma, tem que ser. Vim com contrato de dois anos e meio. Deu para entrar no ritmo e aprender. Em dezembro renovei até o fim de 2023. Você tem que se acostumar à cultura, ao futebol, jogadores, mas estou feliz aqui. O clube me proporciona tudo. Realizei o sonho de jogar fora do Brasil e cumprem tudo que prometem. Moro a 15 minutos do centro de treinamento e a 10 minutos do estádio. A cidade é grande, mas não sou de visitar muito os pontos turísticos. Já peguei 18 graus negativos. Quando cheguei aqui, estava menos 13. Imagina, eu sou de Salvador. É totalmente diferente. Abriu a porta do aeroporto, bateu um vento, que eu queria voltar na hora, mas já estava assinado e tive que ficar (risos). Mas você acostuma."

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