Texto por Colaborador: Redação 04/05/2020 - 02:33

Em entrevista neste sábado (3) a Rádio Guaíba, o ex-presidente colorado, Fernando Carvalho, relembrou alguns momentos que culminaram na grande decisão do Mundial de Clubes da Fifa de 2006, contra o Barcelona. Contando alguns detalhes - principalmente sobre as contribuições de Abel Braga e Fernandão -, confira algumas dessas lembranças que marcaram a maior glória do futebol gaúcho:

Importância de Abel Braga: "O Abel se tornou um grande amigo pela convivência, depois na sequência pelos nossos encontros que sempre temos tido nas idas dele a Poa, nas minhas ao Rio, sempre procuramos nos encontrar mesmo por telefone. Na verdade o grande condutor desse processo foi ele, como treinador, na montagem da equipe principalmente pós-Libertadores, quando tivemos que desfazer alguns jogadores importantes, colocamos outros à disposição. Mas foi ele que montou a  estratégia para enfrentar o Barcelona. Claro que naquele momento tínhamos um grupo muito qualificado, com jogadores que tinham uma compreensão efetiva do jogo (Iarley, Fernandão, Clemer, Alex, Eller, Ceará), e isso também ajudou na montagem da estratégia e na implementação daquele sistema de jogo, no que foi o maior jogo da nossa história".

Planejamento daquela época e impacto pós-revés no Gauchão: "Nós acreditávamos no trabalho. Tínhamos jogadores sendo mantidos desde 2003, a cada ano agregávamos qualidade e mantínhamos em um primeiro momento 30 a 40% do grupo. Em 2005 para 2006 mantivemos 80% do grupo. O Abel ao assumir deu uma outra feição pra equipe, que no ano anterior havia sido treinada pelo Muricy, então as coisas se encaixaram. Nós tínhamos convicção sobre o que estava sendo realizado. Aquela acidental derrota para o Grêmio, e eu até brinco que foi o pior time di Grêmio daquela década, quando recém voltavam da Segunda Divisão, mas tinha um treinador muito competente. Perdemos o campeonato sem perder os dois jogos, invicto no campeonato. E não seria por aquela infelicidade que mudaríamos aquela convicção. E a sequência foi natural, houve um crescimento e o Abel também passou a rever alguns conceitos, ele povoou mais o meio, deu uma nova tarefa ao Fernandão, Tinga e Sóbis, e montamos um esquema muito adequado para os adversários de qualidade que enfrentaríamos a seguir como nos casos da LDU, Libertad e São Paulo. E também com o acréscimo na segunda fase da Libertadores do Alex, que não foi inscrito na primeira fase porque estava lesionado. O Abel foi o recondutor, foi a pessoa fundamental para que conseguíssemos primeiro o título da Libertadores e depois do Mundial".

Tensão pós goleada do Barça sobre o América-MX: "Realmente, era um nervosismo muito grande. Principalmente porque assistimos quatro dias antes a vitória do Barça sobre o América. Logo a seguir ao jogo fiquei muito ansioso, preocupado, com muito receio, porque eles jogaram demais. Ai eu comecei a racionalizar - como geralmente faço em momentos de dificuldade - para ver o que podia se tirar de bom. Fui ver a escalação do América. Quem jogou de 2º volante era o Fabiano Costa, era um grande jogador mas não era volante, era um meia. Ao jogar de volante ele tornava a marcação do meio campo sem muita força. Eu disse bom, o 4 a 0 também tem a ver com o sistema do América, que entrou para jogar um jogo comum. Tu não pode entrar contra aquele Barcelona para jogar no mano a mano, tem que proteger tuas linhas, dobrar a marcação no meio de campo, dobrar nos melhores jogadores, e isso não foi feito. Isso minimizou um pouco a minha ansiedade. Ai na sequência passei a ter a esperança de enfrentar o adversário com sucesso. Em função desse próprio conceito, eu entendia que o Vargas poderia entrar no lugar do Pato, mas ai o próprio Fernandão depois me tranquilizou e disse: eu vou marcar o Motta, isso vai dar certo. O Motta na verdade era o grande condutor, por onde passava todas as jogadas do Barcelona. Quando o F9 marcou ele, a bola saia da zaga para o ataque, tirando a saída qualificada. O Fernandão teve uma atuação tática brilhante, tanto que saiu exausto. Era um jogo de erro 0, se tu pegar o VT, verá que nós erramos muito pouco na partida".

"A comissão técnica cuidou todos os detalhes. O Barcelona havia perdido dois jogos naquela época (Chelsea e Real Madrid). E nós assistimos esses dois jogos. E foi exatamente o que o Internacional usou, de marcar a saída de bola".

Importância do capitão colorado: "O Fernandão chegou em 2004 e logo ascendeu como liderança no clube. E depois de capitão, e passou a ser fundamental nessa interlocução entre jogadores e treinador, jogadores e direção, ajudando muito nessas questões. E dentro de campo era um jogador brilhante, tinha uma inteligência tática muito grande. Aquela sua passagem pela França aumentou e credenciou a sua compreensão de jogo, da estrategia, as formas de marcar, marcação pressão, meia-pressão. Ele tinha o domínio completo dessas estratégias e foi fundamental até ajudando seus companheiros a compreender essas estratégias que ajudaram na final contra o Barcelona".

Sobre a chance de uma nova vitória dos sul-americanos: "Também não acho que seja tão impossível. Quando tivermos equipes ajustadas taticamente teremos condições. Claro que eles são verdadeiras seleções planetárias. O Flamengo, com o nível que ele alcançou, poderia enfrentar. Mas tudo que se diz agora tem que esperar o que se vem pela frente (pandemia)."

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