Quem diria que das trincheiras viriam o coração? Por muito tempo assim foi no estádio Beira-Rio, a Coreia era basicamente um fosso logo abaixo da arquibancada inferior. Se via o jogo a nível do gramado, se ficava em pé durante os 90 minutos e lá era onde mais forte batia o coração colorado e onde mais pulsava o estádio.
Por ser a locação mais barata do Beira-Rio, era onde o mais fanático e mais humilde torcedor se alocava. Na Coreia era o setor que se pagava com pouco dinheiro e muita emoção, a vibração que se ouvia durante jogos históricos do Internacional assim como a final de 1975 contra o Cruzeiro, onde tudo que se ouvia era o grito da Coreia colorada, após o 1x0 sobre o Cruzeiro de Minas.
E engana-se quem acha que a Coreia só era frequentada por ser o lugar mais barato do estádio, pois ela era o primeiro setor a lotar em jogos de entrada franca, pois um “Coreano” jamais há de abandonar seu lugar de guerra. E ironicamente foi por causa da guerra que a Coreia recebeu este nome, pois a tensão é tamanha que é como se o torcedor estivesse entre a Coreia do Norte e do Sul.
Mas, como nem tudo que é bom dura para sempre, em 2004 a Coreia colorada foi extinguida por questões de segurança e o local de refúgio e alento do mais humilde torcedor colorado foi tirado dele. O que fica é a saudade e as memórias da Coreia colorada, que parece se intensificar cada vez mais em tempos de elitização do futebol e de ingressos abusivos, mas isso é papo pra outra hora.
Texto por: Vinicius Rosa