O panorama ideal jamais faria um clube do porte do Inter "comemorar" a saída de seus principais talentos, no entanto, com um legado de problemas financeiros e pertencente a um mercado periférico do futebol, a realidade é que o Internacional precisa ser mais inteligente em suas ações em um quadro de desvantagem frente os principais clubes (economicamente falando) brasileiros ou internacionais.
Nessa conjectura, a iminente venda do atacante Yuri Alberto pode ser o propulsor - não necessariamente da queda de qualidade do time, como se presumiria inicialmente - de um ciclo positivo como um todo. Para isso, contudo, será necessário precisão nas escolhas e boa utilização dos recursos. Mas como exatamente?
Vamos pegar um dos casos mais recentes e reconhecidos, do Liverpool FC, em 2018. Mesmo após ajeitar a "cozinha" com um padrão tático e organização coletiva, o clube inglês seguia batendo na trave, perdendo seguidas finais e se vendo abaixo do necessário em pontos chaves do plantel. A solução, porém, veio justamente quando o clube se desfez de uma de suas maiores estrelas naquele momento, o brasileiro Philippe Coutinho, para o Barcelona, em um negócio avaliado em cerca de 140 milhões de Libras. Mesmo privando-se de um titular o sábio quadro de recrutamento do LFC atuou no mercado com precisão ímpar e pode, com os mesmos recursos, financiar a vinda de um zagueiro de alto nível e um goleiro (curiosamente o nosso grande Alisson Becker). Essa troca basicamente sustentou uma espinha dorsal de qualidade que daria as reais condições do gigante inglês voltar às glórias.
Se analisamos o caso dos Reds, observamos que (assim como nós) eles não possuem o maior orçamento da Premier League, muito menos do continente europeu, mas com boas escolhas no mercado (quase sempre não as mais caras ou mais chamativas) a equipe alavancou um crescimento coletivo através de um refinamento das peças individuais. Em vez de mirar a culpa pelas derrotas em grandes decisões e apontar o dedo para o técnico - que havia falhado sim, em certos jogos e em escolhas de jogadores - o conceito foi justamente o contrário, sustentar o bom trabalho coletivo melhorando de um ano para o outro as capacidades técnicas, sempre em conformidade com o estilo e filosofia do técnico Jurgen Klopp.
O dilema atual colorado - sempre dando suas devidas proporções e particularidades de cada caso - é justamente em conseguir ultrapassar um limite técnico claramente estagnado, ou seja, mesmo perdendo uma peça de bom nível (como Yuri Alberto) é preciso ter o gabarito para utilizar parte desses recursos visando a complementação do que atualmente é notoriamente insuficiente, como as duas laterais, por exemplo. Com talvez nem metade desses recursos (diz-se 75% de 20 milhões de Euros) pode-se trazer dois laterais superiores, fazendo com que o SCI de fato potencialize áreas chaves em relação as outras temporadas, tudo isso tendo ainda recursos para abater dívidas de longo prazo, criando um círculo-vicioso de melhora financeira e plantel.
Portanto, a direção colorada precisará ser perspicaz para fazer do limão duas limonadas! Aguardemos os próximos capítulos...
EDITORIAL SC