Eu tive um sonho. Era o Inter marcando um gol no Maracanã e acordei com a sensação de 2x1 pro Colorado. É verdade. Assim como é verdade que, mais uma vez, o clube do povo é a população carente por atenção enquanto a demagogia e a prepotência se elevam diante do trono que só eles acreditam existir.
Aquele que nunca teve crises de ansiedade, o futebol trata de lhe mostrar como elas são. A eternidade com que vivemos os dias de angústia e espera até a batalha do domingo é a mesma em que podem estar Abel e seus comandados. Ser protagonista da sua própria história é algo que não tem acontecido ultimamente, mas o braço se estica e a mão tenta alcançar o que parece inalcançável: um título que poucas gerações de colorados tiveram o prazer de vivenciar.
O campeonato de pontos corridos, em tese, premia aquele que é mais regular dentro da competição. O Inter, junto com o São Paulo, foi quem mais tempo permaneceu na primeira colocação. Domingo é dia de confirmar as estatísticas e fazer prevalecer o equilíbrio competitivo. Em algum momento tem que chegar a nossa hora de novamente bradar o nosso gigantismo.
O Colorado nunca conquistou nada na base da arrogância, muito pelo contrário. A instituição e a própria torcida em muitos momentos duvidam de si, da sua capacidade, da sua força. O Maracanã deve ser encarado como as arenas romanas, onde os gladiadores lutavam pela própria vida, como muitos jogadores podem lutar por algo que, talvez, nunca mais consigam conquistar.
Abel chegou pra reforçar o que temos de melhor: a força e a união. Os mesmos elementos que pintaram a América e o mundo de vermelho em 2006, quando ninguém acreditava no imponderável. Seria novamente o destino se encarregando de transformar essa relação em superação e títulos?
Não temos Guiñazu, Magrão ou Dale, mas é preciso incorporar esse espírito guerreiro. Ninguém pode deixar de demonstrar a raça que se espera naquele que é o jogo da temporada. Estamos juntando os cacos dos últimos anos e, inclusive, da temporada atual. É hora de lamber as feridas e retomar o lugar de onde nunca deveríamos ter saído, o de Campeão.
por Thulyo Maciel - Contato: @thulyomaciel