Crônica reage ao revés no GreNal: 'parecia Holanda de 74 contra Santo André de 2004'

Texto por Colaborador: Redação 06/03/2023 - 06:17

O Inter encerru 2022 como vice-campeão brasileiro, e o grande rival, vindo da Série B. Meses depois, no entanto, quem assistiu o GreNal 438 poderia imaginar o contrário: o time de Mano Menezes entrou para não perder, fechado, enquanto os comandados de Renato foram para cima, conquistando uma justa vitória por 2 a 1, na Arena. Após o jogo, a crônica avaliou o primeiro tropeço do ano, enquanto a equipe do Humaitá abriu inacreditáveis 9 pontos no Gauchão 2023:

GUTIERI SANCHES (R. GUAIBA)

Primeiro, as duas equipes jogaram rigorosamente como todos esperavam. Bem. Grêmio com mais controle, mais chances, tbm. Já o Inter, com a cautela do Mano, traduzida pela escalação de mais um volante, esperando mais o rival, sem deixar de levar, pouco, perigo.

Ao passo que Bruno Alves e Kannemann, principalmente o primeiro, se destacavam, Pedro Henrique sucumbia a eles. Pouco fez. Wanderson ainda tentou (conseguiu) um pouco mais.

Com Bitello, Grêmio desperdiçou chances claras. Sinal de que tbm produzia bastante. Pepê esteve bem, até mesmo marcando. Um azar que tirou Villasanti, fez com que logo cedo entrasse o que vinha a ser o melhor em campo.

Vina não tinha aparecido no primeiro tempo. Uma tabela linda entre ele e Cristaldo, um chute no canto de Keiller e a escrita de bom de clássico, mantida. Primeiro tempo melhor, traduzido no placar.

Não surpreendeu o fato de que De Pena não funciona como um volante contra equipes mais fortes. Vira um desperdício da capacidade do uruguaio. Ele ficou preocupado em marcar o meio gremista, não é sua especialidade. Sem confiança para atacar, foi muito mal. Mano percebeu.

Dizer que o Inter melhorou muito com Maurício e Matheus, seria um exagero. O belo gol de Alan Patrick, saiu quando Renato tentava segurar a onda e o placar com o ingresso de Thiago Santos. Aí vocês já imaginam e viram no que deu. ⬇️

O jogo foi perdendo o ritmo mais pro final. Mesmo assim o Grêmio tentava mais, ao seu jeito, tocando a bola. Mano explorou um pouco mais a bola longa para Luiz Adriano brigar com a defesa gremista. Não adiantou muito. ⬇️

Lembram do melhor em campo? Mto antes do gol que deu a vitória para os tricolores, Felipe Carballo combatia bem, de maneira aceitável, mas organizava e participava com muita qualidade. Como eu disse, antes de marcar, limpou Maurício e Johnny e quase marcou um golaço de fora. 

Venceu quem jogou e criou mais. O comportamento das equipes não me surpreendeu. O desempenho, sim. Grêmio evoluindo ainda mais. Inter já poderia estar mais adiante no seu processo de equipe.

Fábio Giacomelli (Jornalista colorado / Twitter)

Dois gols aos 48. Num clássico, depois não da pra dar essa bobeira. Gremio aproveitou e venceu num jogo que foi superior. Mano vai precisar corrigir alguns pontos sobretudo para os próximos clássicos.

Particularmente, não gostei da equipe que foi a campo. Baralhas e Johnny não funcionou, De Pena esteve sumido e foi aqui, nesta faixa, que Grêmio criou inúmeras oportunidades. Gostei de como entraram Luiz Adriano e Lucas Ramos.

Mano tinha em Gabriel seu termômetro do meio-campo. Desde a lesão, não encontrou ninguém pra executar. E também não veio ninguém com estas características. Hoje, Baralhas e Johnny não deram certo juntos e ainda tornou De Pena em acessório no meio. A derrota passou muito por aqui.

Mas apesar dos pesares nas escolhas e que contribuíram pro resultado final, o que mais me indigna é: DOIS GOLS NOS ACRÉSCIMOS EM CLÁSSICO NÃO EXISTE. Tem hora que é bola pro mato e azar do Baltazar.

Outro ponto, que deve estar em algum regulamento do GreNal é: o Internacional vai levar um gol de alguém que saia da ponta pro meio e finalize. Impressionante. Todo ano a mesma merda.

Douglas Ceconello (GE)

No jogo que marcava muitas estreias em clássico -- o pistoleiro mundialista Luisito Suárez de um lado, recebendo o brilho mais sedento dos holofotes, e o alemão Pedro Henrique de outro, defendendo seu clube do coração (e a ele agradecemos pela cumplicidade em tão inconsequente decisão) --, foram outros pioneiros menos chamativos que escreveram a história do clássico. Também estreantes, Vina e Carballo marcaram os gols da vitória tricolor no primeiro Gre-Nal da temporada.

Não apenas anotaram os gols, como marcaram cada um deles nos acréscimos de cada tempo, e no meio disso Allan Patrick, este já conhecedor dos perrengues gaúchos, havia empatado por alguns minutos, num dos raros bons momentos colorados. A vitória gremista passou, fundamentalmente, pela postura coletiva do time de Renato, que se mostrou dominante na maior parte do confronto contra o rival, que Mano Menezes mandara a campo como se fosse uma passiva e contemplativa capivara banhando-se no mesmo Guaíba frequentado por uma legião de leopardos -- como se esse Grêmio fosse a Holanda de 74, o Santo André de 2004, o Vincent van Gogh de 1875. Algo assim.

Houve muitas chances e poucas faltas. Para alegria dos parnasianos e satisfação de sua pobre compreensão sobre as coisas que dignificam a vida no campo (e fora dele), também nenhuma expulsão. Não esqueçamos: no momento adequado, quando é tudo que precisamos, com o movimento e a força recomendáveis, um coice não apenas concede sentido como purifica a alma (do indivíduo ou de uma nação).

No meio de tudo isso, outros estreantes gremistas, como EL BAILARINO Cristaldo, como se estivesse na milonga de um homem só (mas não solitário), triunfaram diante de alguns colorados atordoados, como o goleiro Keiller e o meio-campista Carlos de Pena, que certa noite acordaram em meio a sonhos intranquilos e se viram arremessados no caldeirão de ações, emoções e percepções que é um Gre-Nal. Assim sendo, pegos de supetão, acabaram fracassando, cada um à sua maneira.

É só um clássico de primeira fase do campeonato estadual, é o que geralmente afirma quem não tem sua vida comprometida por esses caminhos que entrelaçam o vermelho e o azul e cujos resultados acabam interferindo de maneira irreparável não apenas nas expectativas esportivas, mas também nas trajetórias pessoais, romances de verão, heranças de família, complexas formações em mesas de bar, reuniões de condomínio e furtivos encontros em motéis situados em rodovias pouco iluminadas.

Aos gremistas (e aos colorados, por consequência), a imperiosa verdade que resta é a seguinte: após a injeção de ânimo com a chegada de Suárez, há também uma vitória em Gre-Na para creditar na fatura da temporada que recém começa. Como efeito borboleta, causa e consequência, esse tipo de somatório pode culminar em coisas muito maiores nos próximos meses -- se não em título, quem sabe na extinção de alguma espécie rara de gafanhoto. É sobre tudo isso que aqueles que habitam módicos terrenos abaixo do Rio Mampituba vão pensar hoje antes de dormir, com a cabeça apoiada em um travesseiro recheado de tocos de brasa.

PEDRO ERNESTO DENARDIN (GZH)

O Inter só chegou ao gol numa jogada maravilhosa de Alan Patrick, que enfrentou a defesa do Grêmio com vantagem e marcou um golaço. Somando oportunidades e vendo o jogo, não há dúvidas que o melhor foi o Grêmio. A opção de Mano por Baralhas foi trágica. Mauricio ficou no banco assistindo um jogador muito fraco. Mano deu o campo para o Grêmio e deve ter ido pra casa agradecendo a Deus por ter tomado só dois gols.

O Gre-Nal mostrou que o Grêmio tem problemas e deve avançar mais, mas ao mesmo tem soluções de qualidade. O Gre-Nal mostrou que já existe um bom time de futebol. Parece um milagre deste início de ano. De um time péssimo da Série B a uma rápida transformação para um time de qualidade muito razoável.

Onde está o bom time colorado que foi vice-campeão brasileiro no ano passado? Esta é uma pergunta que faço tentando identificar um início de ano muito precário do Internacional. Não se viu uma atuação com bom desempenho nesta temporada.

O time é praticamente o mesmo, mas o desempenho é muito preocupante e muito pior do que já fez. Muitos jogadores estão longe de repetir o que fizeram no ano passado.

Mano Menezes está devendo. Ele pode mais. É um bom treinador, só que não está conseguindo fazer seu time jogar, como fizera no ano passado. Está nove pontos atrás do Grêmio e perdeu o Gre-Nal, resultados muito negativos neste dois meses de futebol

GUERRINHA (GHZ)

Num jogo em que teve as melhores chances, maior posse de bola e correu poucos riscos defensivos, o Grêmio confirmou o melhor momento, derrotou o seu maior adversário e ficou ainda mais animado para buscar outro caneco regional.

Uma vitória construída com superioridade no primeiro tempo, pequena queda na etapa final, gol nos acréscimos e que aumenta o favoritismo no Gauchão.

LEONARDO OLIVEIRA (GZH)

Por três quartos do tempo o Grêmio foi melhor e por três quartos do tempo jogou um futebol de nível elevadíssimo. A ideia de Renato foi soberana. Passou no teste o time que usa cinco jogadores de características de criação no meio-campo e fazem do controle da bola mecanismo de defesa e ataque, simultaneamente.

Não houve espaço para o Inter usar sua principal ferramenta, a transição rápida. Simplesmente, porque a bola pouco esteve à sua mercê. Mano Menezes apostou em Baralhas, para rechear o meio-campo. Acabou pagando caro e teve de mudar por jogadores com mais toque e e velocidade de ação.

Ao final, a vitória gremista foi justa e premiou quem mais criou e mais jogou com lucidez. O gol no momento em que o Inter estava no controle e já rspirando ares de empate até pode causar uma impressão de ocasional. Mas esteve longe disso. Venceu quem veio para jogar e depois de defender.

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