Treinador do Manchester City, Pep Guardiola nunca escondeu o carinho que sente pela seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Aos 11 anos, o catalão se encantou com a equipe comandada por Telê Santana, que acabou eliminada pela Itália no estádio Sarriá, em Barcelona, justamente sua terra natal.
Passados quase 40 anos daquele fatídico jogo, Guardiola virou um dos maiores treinadores da atualidade e hoje é admirado até mesmo por seus heróis de infância, como Paulo Roberto Falcão. Meio-campista daquele timaço, o treinador por muito pouco não fez um estágio com o catalão no City, ano passado. Falcão conta que leu os dois livros publicados sobre Guardiola e diz se identificar com a ideia do catalão de jogar bem para conseguir vencer, em declarações à ESPN BR, no mês passado.
“Eu tinha organizado passar uma semana com o Guardiola e outra com Klopp no Liverpool. O Alisson abriu as portas do Liverpool e o Fernandinho no City. Só que veio a pandemia e não pude ir (...) "Tem times que possuem a mentalidade do 'tem que ganhar a qualquer custo'. É aquela coisa do dirigente amador. Todo mundo sabe que tem que ganhar, isso é óbvio. Mas é muito melhor você ganhar jogando bem, porque isso vai te possibilitar continuar vencendo. Senão, vira um dado estatístico". “Vejo os jogos de 82 e fico emocionado. Fico feliz que alguns treinadores, como o Guardiola, pensam que você precisa construir ganhando jogando bem e que emocione. Pelo menos é isso o que persigo como treinador. Claro, precisa ter condições para isso", analisou.
Após aposentar-se dos gramados, Falcão treinou a seleção brasileira - entre 1990 e 1991 - e lançou vários jogadores que depois foram campeões do mundo como Cafu e Mauro SIlva. Depois, comandou América-MEX, Japão, e Internacional.
Os principais títulos de Falcão como treinador são a Copa dos Campeões da CONCACAF (1992) pelo América, o Campeonato Gaúcho (2011) pelo Inter e o Campeonato Baiano (2012) pelo Bahia.
"Gosto de usar as categorias de base, desde que tenha qualidade e a personalidade. Isso você conhece no dia a dia. Eu sempre tive cuidado com a parte mental porque faço análise há mais de 20 anos. Um treinador não faz tudo, precisa ter uma comissão técnica muito porque são muitas coisas que acontecem num clube".
"Sempre gostei de tática de estudar o adversário, e o futebol italiano me ajudou muito. Tive uma cultura tática que me ajudou muito na carreira atual. Eles têm uma literatura de futebol muito grande (...) "Sempre tive a curiosidade de conversar com países diferentes. Eles adoram o futebol brasileiro e fazem muitas perguntas. Você aprender e também ensinar. Eu estou na ativa e gosto de conversar. Com a pandemia melhorando meu desejo é ir para Europa conversar".
Os últimos clubes de Falcão como treinador foram Internacional, Bahia e Sport. Apesar de estar disposto a retomar a carreira de treinador, o ex-camisa 5 não deseja aceitar qualquer oferta.
"Gosto de trabalhar onde possa sentir os objetivos do clube. Se eu noto que os objetivos estão acima do potencial, eu não aceito porque o trabalho não dura. Para o bem de todos, tive várias ofertas que não acertei. No passado, eu tive conversas com a Sampdoria, mas não acertamos. Eu virei um grande amigo do secretário geral do clube. Eu gosto de respeitar as coisas, gosto de organização. Quem trabalha no futebol precisa ser profissional. Já me falaram para ser um executivo de futebol e pensei nisso. Por enquanto, o futebol é algo que me encanta muito".
ESPN Brasil