Exemplo de superação, Figueroa relembra mítico gol de 1975: 'Merecíamos, éramos os melhores'

Texto por Colaborador: Redação 02/05/2020 - 19:28

Elias Ricardo Figueroa Brander, talvez o maior zagueiro da história colorada ao lado de Índio, foi figura crucial na conquista do primeiro título Brasileiro, em 1975. Considerado 3 vezes o melhor zagueiro da América, além de um zagueiro "quase-perfeito", que podia navegar da raça pura à excelente técnica, foi o autor de um dos gols mais importantes da história alvirrubra: o "Gol Iluminado", na famosa cabeçada que garantiu o triunfo sobre o Cruzeiro por 1 a 0, no estádio Beira-Rio. Naquela tarde nublada, um "fio de luz" iluminava apenas uma parte do campo. Justamente aquela faixa onde Figueroa subiu para testar no gol mineiro e garantir o primeiro título nacional do Rio Grande do Sul.

Em entrevista ao portal GaúchaZH, assinada pelo jornalista Luã Hernandez, o considerado maior jogador de todos os tempos do Chile relembrou aquela final, no que se tornou um marco do potencial que um clube fora do eixo do Sudeste seria capaz. Naquela época, a final era em jogo único. Por ter tido melhor campanha, a partida foi no Beira-Rio. No outro lado, grandes nomes como Nelinho, Piazza, Zé Carlos e Palhinha, ameaçaram o goleiro Manga em diversas oportunidades. O Inter, claro, também atacava e parava na meta defendida por Raul. Uma final eletrizante e que deixaria um Real x Barça de hoje no páreo. 

Nesse contexto, o eterno camisa n° 3 foi perguntado sobre suas lembranças daquele gol, surgido em uma falta sobre Valdomiro, perto do atual portão 7. "Na hora do gol eu intui que ia fazer e falei para Hermínio, vou lá fazer o gol, quando Valdomiro cavou aquela falta ele sabia que se eu passava a mão no cabelo era bola passada, senão eu correria em diagonal e assim foi feito o gol, fruto de um esforço extra, já que sempre ficávamos depois dos treinos nos dois para praticar essa jogada e quando mais precisamos, o esforço rendeu seus frutos. Valdomiro cruzou, eu corri em diagonal pulei e senti a luz do sol bater na minha cara, a cabeçada e a explosão do estádio, lembro meus colegas pulando sobre mim e eu dizendo o jogo não acabou ainda, devemos persistir, nosso time era incrível e não tinha medo de nada nem de ninguém", disse.

Em relação ao significado daquele triunfo, Figueroa o vê como justo, visto a poderosa força instituída no lado vermelho. "Foi fruto da perseverança, esforço e paixão de todo um povo Colorado que nos acompanhou por caminhos mágicos e iluminados, senti que era justo, nos merecíamos, éramos os melhores (...) Nosso time não tinha medo de nada nem de ninguém, podíamos ter diferenças fora do campo, mas dentro eram 11 leões que jamais se entregavam", para na sequência classificar como um dos gols mais importantes de sua carreira. "Provavelmente, foi o mais importante de minha carreira. Eu estava no auge, tinha sido eleito por segundo ano consecutivo melhor da América e por minha cabeça passou tudo em segundos, lembrei de minha infância com doenças, tive asma severa, sofri traqueotomia e quase morri aos 3 anos, aos 5 tive paralisia infantil e fiquei um ano de cama com as pernas amarradas com tábuas para evitar deformações, superei tudo e todos os que disseram que eu não podia e provei que com fé em si mesmo, perseverança e paixão pelo que fazemos podemos nos reinventar cada dia, assim passei de ser uma criança doente a ser o melhor zagueiro do mundo pela Fifa".

Aos 73 anos, Elías Figueroa segue sendo uma inspiração e um exemplo positivo mesmo em um momento tão difícil pelo qual estamos passando. 

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