O site do GloboEsporte.com trouxe nesta terça-feira uma entrevista com o lateral esquerdo Fabrício, que atualmente joga no Água Santa. O jogador de 33 anos relembra com carinho a sua passagem pelo Gigante da Beira-Rio, e se envergonha pelo ato na partida contra o Ypiranga-RS, em 2015. Confira os principais trechos.
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Episódio com a torcida: "Fiz merda, uma grande merda. Eu nem perdi a bola. Eles (torcedores) chiaram e fiz os gestos no momento. Eu ia bater a lateral e veio a expulsão. Quando estava saindo, chegam Juan, Jorge Henrique. Eu só ia tirar a camisa, estava sem graça. Aí já tinha feito a m*. A camisa caiu e o pessoal ficou chateado, mas eu nunca imaginei em jogar a camisa no chão. Eu perdi a cabeça".
Como avalia a passagem pelo Inter? "Fiquei aí no Sul cinco anos. Eu era jovem e fiz muitos jogos. Não tem como fugir. Eu era muito feliz aí. Até hoje acompanho todos os jogos e falo com a rapaziada. Quando cheguei, o Kleber era o titular e estava voando. Então o Falcão me usava mais na linha da frente. Eu cheguei com o (Celso) Roth, mas foram poucos treinos que peguei com ele e teve a troca."
O quanto ajudou ter um cara como ele ali na função? "O Klebão é um especialista da posição. Meu amigo aqui em São Paulo. É um ídolo que joga na lateral e me ajudou bastante na adaptação, na maneira de cruzar. Antes eu jogava mais na meia. Ele me orientava como fechar, como acompanhava. Aprendi muito com o Klebão."
Depois você assumiu a titularidade. "Não era da maneira que queria porque o Kleber teve muitas lesões, mas eu queria ajudar o Inter. Era muito feliz pela maneira como jogava. Tive uma sequencia de jogos. Fiz 35, 36 jogos em um Brasileirão. Fui bem na lateral. Pena que aconteceu aquilo...
Você fez o primeiro gol no novo Beira-Rio. "É isso mesmo, um gol de cabeça. Aliás, fiz dois gols neste jogo (4 a 0 sobre o Caxias). Eu não imaginava nada disso. Você quer vencer, independente de fazer gol ou não. Mas eu tinha liberdade para atacar e rola uma esperança de a bola sobrar.Fiz uns outros também. Eu fiz contra o Atlético-MG, contra o Palmeiras, no final, que nos ajudou a classificar a Libertadores. Esse 2014 foi sensacional. Tive uma sequência de jogos. E também, com muito tempo de casa, você pega o atalho, conhece o estilo dos companheiros. Eu poderia estar ainda aí no Sul..."
Você tinha um temperamento explosivo... "Isso atrapalha qualquer jogador de futebol. Você tem que saber, precisa saber o limite dentro e fora. Quando você é muito coração, quer sempre ganhar. Aí eu perdia a cabeça. Eu precisava me controlar. Não podia deixar meus companheiros na mão. Eu sempre quis ajudar, mas é do temperamento. Não tem como fugir. Eu tenho tranquilidade, mas às vezes você acha que está certo e quer discutir, mas não é o melhor momento. Na hora, você explode e discute."
Detalhes do episódio contra o Ypiranga, na briga com a torcida. O que fez você ficar tão irritado? "Fiz merda, uma grande merda. Eu estava em um dia legal. Se você vê, eu nem perdi a bola. Eles chiaram e eu fiz os gestos no momento. Eu ia bater a lateral e veio a expulsão. Quando eu estava saindo, chegam Juan, Jorge Henrique. Eu só ia tirar a camisa, estava sem graça. Aí já tinha feito a merda. A camisa caiu e o pessoal ficou chateado. Mas eu nunca imaginei em jogar a camisa no chão. Eu perdi a cabeça. Estávamos bem no regional, na Libertadores. Era um time bem entrosado. Ele chegou à semifinal da Libertadores. Era um baita time, muito qualificado. Pena que perdi a cabeça e deixei a rapaziada na mão.
Você conversou com alguém depois da partida? "Fiquei um pouco no vestiário, falei com o vice (Carlos Pellegrini) e o presidente (Vitorio Piffero). Depois cheguei ao aeroporto. Minha esposa estava no estádio com minha filha e tentamos embarcar, mas não tinha voo para São Paulo e retornei para casa. O Dida, Rafael Moura, Juan, D’Ale me ligaram para ver a situação e foi uma galerinha lá em casa. Ficamos um bom tempo conversando. Falei que ia embora e voltava na segunda. Foi bastante gente, umas 10 pessoas, D’Ale, Rafa, Dida, Alex, Alan (Patrick), Jorge (Henrique), uma galera boa. Conversamos muito. Era para eu retornar na segunda. Ali decidimos não continuar. E só voltei para jogar no Beira-Rio contra quando estava no Palmeiras. Eu lembro de tudo. Isso é algo que você não deve fazer. O Inter abriu as portas para mim. O clube que fui mais feliz. Eu fiz aquilo com o Inter e é deselegante para minha pessoa.
Está arrependido? "Com certeza. Na mesma hora, você se arrepende. Quando faz uma coisa que sabe que errou, não precisa nem de muito tempo, em segundos. Na mesma hora que perde a cabeça. Eu sabia que estava errado. Eu ia saindo normal, aí nem a camisa cairia."