Alguns colorados relataram na noite de domingo que, surpreendentemente, ao ligarem o rádio em algumas das principais emissoras do Rio Grande do Sul, o clima era de quê o Grêmio havia passado o rodo no Flamengo, em pleno Maracanã. Por outro lado, no Beira-Rio, o Vasco havia conseguido algo inédito: sair de Porto Alegre sem os três pontos mesmo vencendo moralmente um Inter aos farrapos.
É nítido e claro que o SCI faz uma temporada abaixo do ridículo, com atuações e sobretudo um planejamento desastroso. Em uma temporada farta e exigente tendo um elenco que no máximo conseguiria disputar uma competição com total plenitude, as dificuldades de momento se mostram absolutamente dentro do tamanho do plantel e do que foi feito de janeiro até junho. No sentido inverso, porém, o Grêmio - que também não tem elenco para duas competições - tem um planejamento superior, poupando o time nos momentos certos, ainda que não haja fórmula mágica nesse aspecto. Ainda assim, se olharmos o saldo deste Inter (que claramente vai aos trancos e barrancos) nesta pequena parada de data FIFA, estamos falando de uma diferença de apenas 3 pontos após 10° rodadas.
Ademais, ainda que salte aos olhos tantas falhas no CT Parque Gigante, também há coisas boas para se comentar. No gol, passamos a ter um homem de confiança, enquanto Nico Hernandez surge como uma impressionante surpresa, mesmo caminho que pode estar sendo indicado por Romulo. No fim, o velho ditado "Inter ressuscitador" de times mortos ou de baixo da tabela não apareceu. Em 2020 - dos 4 times rebaixados Botafogo, Coritiba, Goiás e Vasco - empatamos com o Coxa em pleno Gigante, com uma atuação até pior do que a do ontem, justo quando o calendário também começava a afunilar. O mesmo ocorreria com o Goiás, fora de casa, contra 10 jogadores por 95 minutos. Assim, uma vitória com dificuldades é regra quando o elenco encontra-se em um momento extremo, com o baixo rendimento físico, técnico e tático aparecendo em quase todos os momentos, seja contra quem for.
Com tantas ressalvas, fica até cômico querer elogiar o confronto de ontem, justo quando a regra parece ser "venceu jogando pouco, presságios ruins, perdeu jogando muito, presságios bons". O Grêmio realmente fez uma atuação bastante interessante no Rio de Janeiro, todavia, faltou aos analistas a conjectura: um Flamengo claramente menos intenso e vindo de decisões em sequência encarou um rival plenamente descansado, que pode impor um ritmo forte durante quase os 90 minutos. Semanas atrás quando o cenário era de calendário lotado, o rendimento tricolor contra Cuiabá, Bragantino, Palmeiras e Fortaleza era muito semelhante ao do próprio SCI. Nessa circunstância, portanto, o 3 a 0 é até surpreendente, tendo em vista que o próprio time de Mano Menezes (no segundo semestre de 2022) elevou seu nível de competitividade quando só tinha os pontos corridos por disputar.
Por fim, mesmo tomando tantas decisões erradas parece haver alguma uma luz no fim do túnel ou chance de salvar a temporada, embora isso não signifique necessariamente ser campeão mas alcançar apresentações dignas/competitivas. O motivo? a parada FIFA pode favorecer o aspecto físico e o retorno de uma série de lesionados contribuir para melhorar o nível das peças. A despeito disso é preciso ser claro: uma desclassificação na Copa Libertadores é uma opção totalmente em aberto ao passo que uma queda para a Sul-Americana poderia representar - por mais tragicômico que possa parecer - uma benção, com o SCI passando de mero figurão para teoricamente chances de títulos. Infelizmente, se não trouxermos reposições em número e qualidade, possibilidade que não parece palpável, somente o acaso ou a sorte poderia projetar o atual nível vermelho superando os melhores times do continente.
Daqui 11 dias quem sabe se possa esboçar outro contexto, menos desfavorável. Todavia, com tanta bobagem feita nos últimos meses, é surpreendente que estejamos tão perto do G5... agora imaginem se tivermos um mínimo empurrazinho para frente, com algumas escolhas bem feitas, será que o SCI pega no tranco?
EDITORIAL