Em entrevista à ESPN o eterno ídolo colorado, Iarley, relembrou o momento em que chegou ao Inter, após passagens por Boca Juniors e Dorados de Sinaloa, e a trajetória até chegar ao Mundial. Comemorando a última quinta-feira (17) o aniversário de 14 anos de sua épica vitória por 1 a 0 sobre o Barcelona, no Japão, pelo Mundial de Clubes da Fifa de 2006, confira suas principais lembranças sobre a maior conquista do futebol gaúcho:
Chegada: "Na época, o Inter queria alguém com as minhas características dentro de campo, e também me procurou por eu ser um cara de grupo. Eu estava no México e queria voltar a um time grande para conquistar títulos. Não demorou muito e dois dias depois estava em Porto Alegre treinando".
"No final de semana, já fiz a estreia contra o São Paulo e meti gol no Morumbi [vitória por 3 a 1, pelo Brasileirão, em 25 de junho de 2005]. Nosso time era muito bom, e quase vencemos o Campeonato Brasileiro. Em 2006, fomos campões da Libertadores e do Mundial, além de novamente vices do Brasileiro. A equipe vinha com uma base montada desde 2004 e foi colhendo os frutos".
Campanha na Libertadores: "Fizemos uma fase de grupos bem disputada e fomos ganhando cancha na competição com jogos difíceis. Nas oitavas, jogamos contra o Nacional, que era bastante 'cancheiro', o típico time de Libertadores. Foi um confronto muito duro. Depois, pegamos a LDU e perdemos fora de casa. Por sorte, tivemos a parada para a Copa do Mundo (de 2006), que foi fundamental. A gente se fechou, fizemos a intertemporada visando o jogo de volta para reverter a vantagem deles. Passamos pela LDU em casa, depois pelo Libertad (na semi) e aí sim fomos para o jogo contra o São Paulo muito fortes".
"Na final, surpreendemos, arriscamos tudo fora de casa e deu certo: vencemos no Morumbi. A estratégia do Abel (Braga) era essa mesma, e aí conseguimos administrar o jogo de volta".
Experiências anteriores: "Minha passagem pelo Boca me deu a experiência de jogar Mundial e enfrentar um europeu [Iarley foi campeão sobre o Milan, em 2003]. E, no Inter, tivemos a chance de enfrentar o Barcelona. Mas temos que lembrar que o 1º jogo do Mundial, contra o Al-Ahly, foi muito difícil. Eles tinham o Aboutrika [meia-atacante da seleção egípcia] e um atacante chamado Flávio [da seleção angolana] que nos deram muito trabalho (...) Mas essa vitória difícil fortaleceu a gente. Na outra semifinal, Barcelona passeou contra o América do México, goleou por 4 a 0 e todo mundo dava como certa a vitória deles em cima da gente".
Duelo contra o Barça: "Nosso estilo de jogo era bem diferente do América. A gente marcava muito e não íamos deixar o Barça ter vida fácil. Fomos muito confiantes, jogamos de igual para igual. Quando terminou 1º tempo, a gente se olhou e disse que o jogo estava bom. Iríamos nos divertir e vimos que dava para vencer. Em momento algum achamos que não dava para vencer. Não fomos apenas nos defender ou perdermos de pouco. O Abel falou para jogarmos para frente e bonito".
Lance do gol: "Foi um lance bastante marcante. O Puyol foi para me dar um tranco e parar a jogada. Eu esperei, ele bateu e tive a felicidade em dar por baixo das pernas dele para mudar de direção, porque estava correndo para outro lado. O lance clareou muito e sai correndo com Luiz Adriano de um lado e o Gabiru do outro contra dois defensores do Barcelona. Quando você está em um três contra dois, precisa escolher certo e passar par quem está em melhor posição, porque é um momento único no jogo e precisa sair o gol. Eu escolhi o Gabiru pela posição que estava mais distante do Belletti e a maneira que dei o passe forte foi correta. O domínio do Gabiru foi muito bom e a execução dele, muitas pessoas acham que ele errou, mas foi de uma inteligência enorme, porque chutou com parte de fora antes que o Valdés pudesse se preparar. Quando ele viu, a bola já tinha passado por ele. Depois, foi uma explosão de alegria".
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