Texto por Colaborador: Redação 17/05/2021 - 03:22

O GreNal 431 terminou como tem terminado quase todos os clássicos desde 2017: tropeço vermelho. Após um segundo tempo indigno de comentário, ao menos alguns cronistas - entre colorados e "isentos" - abordaram o clássico tentando explicar seus pontos de vistas. Dentre críticas aos conceitos fechados de MAR até sobre alguns  jogadores, confira abaixo o que de principal foi dito:

CARLOS GUIMARÃES - JORNALISTA

Zé Gabriel produz melhores chances para o Grêmio que Maicon. E isso é uma crítica ao Inter e ao Grêmio.

Vejo a condescendência natural ao Zé Gabriel, como se fosse assim: se não apoia o zagueiro, não apoia/entende o trabalho do treinador. Sendo bem direto: ele entrega. Sempre. É um risco, que parecem estar disposto a correr em nome do modelo.

A condescendência agora, com o Diego Souza subindo 30x mais que o Zé Gabriel, vai apontar que ele, numa marcação por zona e ser construtor, deveria estar numa outra posição e, por isto, não falhou, porque o conceito nunca falha (e ele é o zagueiro do conceito).

Dizer que o Zé Gabriel falha não significa dizer que outros não falham. Simples. Falharam TAMBÉM. Algumas coisas na defesa do Inter precisam ser revistas.

O modelo como única forma de existir se torna uma ilusão. O que existe é aquilo que se vê em campo e não o que se pensa pra ser executado. Sim, tempo pra ajustar, mas que se SAIBA O QUE AJUSTAR. Senão, é teimosia.

Edenilson deu o recado: temos que baixar as linhas e jogar com inteligência. Quem falou é quem EXECUTA o modelo. De novo veremos alguém que se prende ao conceito e não observa que a prática coloca que coisas precisam ser trocadas.

O Inter tem um conceito, ok. Tem que dar tempo, ok. Mas o percurso não pode ser acrítico e de apoio incondicional. Tem um monte de coisa pra ajustar e isso passa por escolhas erradas que o treinador faz.

E existe uma péssima dose de intuição e de improviso nos jovens treinadores. Não há criatividade sobre um plano, existe o plano e SÓ. As justificativas para escalar Zé Gabriel e outras escolhas foram a do treino e a do conceito, sem qualquer apreciação sobre O QUE O JOGO DISSE.

Existe uma vaidade nos novos treinadores que é o personalismo e a obsessão pelo autoral. O conceito se sobressai ao CAMPO. O treino também vale mais que o campo. É o desejo pelo plano e não pelo resultado.

Futebol é evento humano onde se intui, se cria, se imagina. Não é um projeto de engenharia. Jogadores não são scouts, existem diversas coisas que pertencem a eles. A desumanização do jogo passa por essa nova geração, preocupada em métricas e perfis e não em criações e ousadias.

O vício pela revolução quando o momento pede adaptação é o que atrapalha o jovem pós-moderno (eu também fui jovem, achava que isso). Nem tudo é desconstrução. Às vezes, é somente ajuste, adaptação e reposicionamento gradual.

Sabe qual o mérito do Tiago Nunes nessa largada? Não quebrar estruturalmente as coisas. O rompimento tem que ser gradual, não drástico, ainda mais num time que era vice campeão brasileiro. O Grêmio tem ajustes sobre uma base e não uma quebra de estrutura pra produção de algo novo.

LELÊ - GZH

Mais um episódio nesta fase de inferioridade colorada em relação ao seu maior rival, desta vez com detalhes que beiram o amadorismo. O Inter neste domingo foi um time de futebol profissional que levou dois gols praticamente iguais no mesmo jogo e, ainda por cima, em uma das jogadas mais conhecidas do Grêmio.

Não se estudam os gols feitos pelo adversário que vamos enfrentar? De novo, sofremos um gol aos 43 do segundo tempo. De novo, fomos vazados por consequência de falhas bisonhas de passes que ocorrem ou por uma defeituosa saída de jogo ou de uma insistência inútil em ter a posse de bola, mas conduzindo ela pra trás.

Perder um clássico com explicações tão previsíveis dá um desânimo gigantesco no torcedor. É a derrota que não surpreende. Ela acontece ao natural. Porque esse grupo não passa a mínima confiança para a torcida nem com a vantagem no placar. Mais uma derrota bem previsível.

Eu gosto das ideias de Miguel Angel Ramírez. Mas o futebol precisa de resultados. Ainda mais em clássicos, que o resultado importa muito mais que a atuação. Mas não dá para entender como pode Caio Vidal ser reserva de Palacios se ele entrega muito mais, jogando menos tempo. 

LEANDRO BEHS - VOZES DO GIGANTE

Zé ou Lucas. Tanto faz o nome. Que Cáceres venha logo. Cuesta de novo olhando também. Mais um gol em câmera lenta. Incrível. O caminho é muito longo ainda. Muito longo, Inter.

Incrível como o Inter desmoronou no segundo tempo. Vitória na Arena vira jogo épico. Difícil acreditar. Ainda mais com partida decisiva, quinta-feira, em Assunção. Ramirez tem muito a evoluir com esta equipe ainda. Foi Moledo quem fez Cuesta jogar?

Ramirez precisa ser cobrado também. Por exemplo, Caio na reserva do reserva é um crime.

Em tempo: a culpa não é do goleiro quando a zaga fica estancada olhando a bola ser cabeceada pelo adversário, duas vezes. O Inter precisa anunciar um zagueiro titular pra ontem. Urge!

Errando deste jeito, que destino o Inter terá na Libertadores?

Ramirez precisa seguir, mas necessita corrigir erros. E receber reforços.

O Inter precisa mudar diversas figuras deste elenco. Mas isto não vai acontecer em 21.

DIMITRI BARCELLOS - RÁDIO INFERNO

Decepção? Sim. Surpresa? Zero.

O script não muda. O Inter é um deserto de mentalidade positiva em campo.

Enquanto esteve em campo, ajudou a evitar que o Grêmio tivesse volume. Porém, foram várias oportunidades que o Inter perdeu de explorar os espaços que apareciam na defesa porque refugou a transição e deu tempo para a recomposição.

Revendo o Grenal, a impressão é cada vez mais clara sobre a faca de dois gumes que é o Nonato. Ao mesmo tempo em que faz um trabalho ok na manutenção da posse e evita que a bola fique com o adversário, quebra demais o ritmo ofensivo do Inter e freia a evolução ao ataque.

MARINHO SALDANHA - UOL

O Inter, ganhando, estava sofrendo contra-ataque. Por que? Porque este é o modelo que já foi elogiado exatamente por isso. Então não é por isso que cabe crítica. O time busca fazer mais gols, é ofensivo sempre. Está dentro de seu padrão.

O Inter, abatido, passou a perder a posse repetidamente. Segundo avaliação do técnico, com a qual eu concordo, insistiu no caminho errado. Buscou muito o centro. E o Grêmio passou a ter o contra-ataque em todas as jogadas.

Perdendo repetidamente a posse o Inter precisava fazer transições defensivas cada vez mais arriscadas. O Grêmio possui dois lados muito rápidos de ataque e está sempre "machucando" a defesa rival. E o Inter sentiu cada estocada dos extremas rivais.

Mas ainda que parecesse a cada minuto estar mais próximo o gol do Grêmio, o Inter não mudou sua postura ou posicionamento. Pisou nos mesmos locais do campo. Como rege seu modelo, com todos os jogadores de linha frequentando a metade rival.

Errou transições e não fez outras em velocidade porque, também, está dentro de seu modelo. O Inter não é o time da transição veloz, é o time da construção mais lenta através de superioridades. Se não as percebe, o jogador recua e reconstrói. Isso aconteceu MUITO no jogo.

Constantemente magoado pelos ataques gremistas - que mesmo que não dessem em nada forçavam corridas em disparada para trás e transições defensivas - o Inter sofreu. Dois gols em derrotas por cima. Não vou as individualizar. Falhas são sempre coletivas.

E assim se fez o 2 a 1 para o Grêmio. Não é correto dizer que foi injusto. Poderia ter sido empate? Poderia. Não houve superioridade grande de nenhum dos lados. Mas cabe dizer que vitória do Grêmio não constitui um crime.

Vale citar, ainda, que a defesa do Inter falhou muito em lances nos quais não costuma nem pode falhar. No primeiro tempo, por exemplo, os dois zagueiros foram na mesma bola e perderam para Diego Souza por cima. Matheus Henrique chutou cara a cara e Lomba pegou.

A insegurança defensiva acompanhou o Inter toda tarde. Não chega a ser uma regra, mas um setor que joga naturalmente exposto, mais alto do que o comum no campo, e ainda tem uma jornada ruim, não poderia acabar com resultado diferente.

A eliminatória está longe de definida. Como o Grêmio venceu no Beira-Rio, o Inter pode vencer na Arena. Mas cabe um detalhe. Enquanto os gremistas poderão preservar todos seus titulares contra o Aragua, o Colorado tem uma decisão contra o Olimpia. Se a perna pesou hoje, então...

O mesmo vale para o modelo de jogo. Se jogar "feio e por uma bola" como se diz e repete por aqui, está longe do plano, independente do placar que isso gere, jogar "bonito, com pose e protagonismo" deve receber apoio na hora boa e na ruim.

Para finalizar cabe dizer duas coisas. O mesmo argumento não pode servir como crítica e elogio dependendo do resultado. Se o ímpeto por buscar mais e mais gols é digno de palmas na goleada, não pode ser fruto de críticas quando eventualmente não dá certo.

Ramírez, quando questionado sobre seu modelo de jogo perto de sua chegada disse: Vamos ganhar e perder dentro de uma forma, dentro de um modelo. Assim poderemos olhar para ele e ter as respostas de onde erramos.

LEONARDO OLIVEIRA - RBS

Grêmio mostrou mais equilíbrio e soube definir o clássico. Inter teve controle até fazer o 1 a 0 e, depois, o retomou no 1 a 1. Porém, não transformou isso em vantagem. Miguel Ramírez precisará entender que, em alguns momentos, é preciso ser pragmático. Tiago foi muito bem.

FILIPE DUARTE - GZH

Inter foi ligeiramente superior no 1ºT, mas Grêmio sobrou no 2ºT. Subiu as linhas e agrediu desde o início. E, de forma pragmática, virou o placar através da bola aérea. Além disso, Tricolor segue vendo seus meninos da base jogando clássico como se fosse um jogo qualquer

MAURÍCIO SARAIVA - RBS

A vitória gremista se justificou na mudança de postura depois do intervalo e nas mudanças mais felizes promovidas pelo técnico Tiago Nunes. Inclusive na força física o Grêmio sustentou o duelo até o fim.

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