Em condições normais, a janela de transferência do verão europeu é a que tem a maior movimentação de negócios. E mesmo com a pandemia de coronavírus, o Inter crê que será nela que deverá vender um ou mais jogadores. A comercialização é fundamental para manter as contas do clube equilibradas.
A projeção dos responsáveis pela área financeira é de obter cerca de R$ 95 milhões para fechar o orçamento para 2020. Porém, com os meses de paralisação, é provável que tais montantes se mostrem inalcançáveis. O Grêmio, que projeta 88 milhões em vendas, já acredita que terá um prejuízo de R$ 25 milhões. Isso se o futebol retornar em três meses.
Enquanto isso, no Beira-Rio, acredita-se que o jogador “bola da vez” seria Bruno Fuchs, que recentemente recebeu oferta de 7 milhões de Euros do Mônaco. Edenílson e Patrick também correm por fora como possíveis candidatos.
Como dito, a paralisação das competições ameaça as finanças dos clubes a uma queda das receitas e à perspectiva da diminuição da renda com venda de jogadores para o futebol europeu, ampliada por uma série de fatores, afirmou à AFP o economista Fernando Ferreira, sócio e fundador da consultora PLURI.
"Os clubes sofrerão principalmente com “a redução das receitas com o Pay-Per-View (PPV), que terá menos clientes devido à crise econômica, e das receitas com “sócios-torcedores”, continuou Ferreira, especialista em análise de mercado e marketing esportivo."
“Teremos provavelmente a pior janela de transferências dos últimos anos na Europa, porque, quando abrir, todos os clubes terão problemas financeiros, um problema econômico global e, logicamente, investimento em aquisição de jogadores não será prioridade”.
“Nos clubes brasileiros, cerca de 23% das receitas vêm da venda de jogadores. A demanda vai cair e, como os clubes terão problemas financeiros e irão precisar de dinheiro, eles tendem a aceitar propostas menos interessantes pelos jogadores”, analisou Ferreira.
Para os principais clubes, o maior desafio é não atrasar o pagamento de salários, o que poderia significar perder os direitos sobre o jogador.
“Alguns clubes terão problemas seríssimos, clubes com problemas de caixa terríveis e que agora irão se agravar. Terão problemas para pagar e manter jogadores, porque vão atrasar salários e, na legislação, se atrasar por mais de 3 meses você perde o direito econômico sobre o jogador”, lembrou Ferreira.
De acordo com o especialista, clubes e jogadores terão que “colocar toda sua energia na renegociação dos salários dos jogadores e da comissão técnica, que geralmente consome cerca de 50% das despesas totais de um clube de futebol e é disparadamente a maior fonte de gastos de um clube”.
“Acredito que os clubes têm que ser mais agressivos, deixar a situação mais clara e visível, mas se a coisa ficar mais complicada a sociedade tem que saber que os jogadores não querem participar de um processo de ajuste. Agora é a hora em que todos cedem um pouco para sair desse buraco”, prevê Ferreira.