A Liga do Futebol Brasileiro (Libra) faz os últimos ajustes no seu novo modelo - que será votado nesta terça-feira em Assembleia Geral presencial em São Paulo - para tentar chegar a um consenso com a Liga Forte Futebol do Brasil (LFF), que já tem suas planilhas de cálculo fechada. Conforme o GE, o maior obstáculo continua a ser a diferença entre o que recebe o primeiro e o último colocado na fila da arrecadação dos clubes da Série A.
Pelos contratos atuais, essa diferença está em 5.89 vezes. A LFF quer, no máximo, 3.5 vezes. O seu modelo, com percentuais pré-estabelecidos em rankings, permite chegar a 2.8 vezes. Já a regra que hoje está valendo no estatuto da Libra resulta em 4.88 vezes. Mas esse obstáculo pode cair nesta terça.
A proposta que a Libra levará à votação em assembleia presencial em SP fecha com uma diferença de 3.69 vezes entre o que recebe mais e o que recebe menos, em um primeiro período de transição. E passa para 3.24 vezes após essa transição, que se encerraria quando o total de receita com os contratos de transmissão atingir R$ 2,8 bilhões - atualmente são R$ 2,1 bilhões.
Questionada sobre quais os critérios para uma fase de transição, a LFF destacou que não deseja carregar as "distorções" do contrato atual para o novo acordo de forma que a diferença entre o primeiro e o último da fila das receitas não ultrapasse 3.5 vezes. Um dos pontos que para a LFF não pode continuar é a garantia mínima do atual contrato de pay-per-view. A LFF também quer que a premiação por performance corresponda ao desempenho ano a ano, sem contar retrospecto em temporadas anteriores.
De acordo com pessoas envolvidas diretamente na elaboração do novo modelo, esse cálculo da Libra com uma diferença de 3.69 vezes entre o primeiro e o último da arrecadação durante a transição até um patamar de receita de R$ 2,8 bilhões, tem uma razão: é o que permitiria aos clubes de maior torcida (Flamengo, Corinthians e outros) não perderem dinheiro com a mudança - e concordarem com o modelo. Os mesmos integrantes da Libra afirmaram que estabelecer um teto de 3.5 vezes para a diferença entre o que recebe o primeiro e o último também não está descartado.
Aprovado pelos clubes e acordado com a Serengeti Asset Management e Life Capital Partners, tais propostas já constam nos documentos formalizados entre LFF e os investidores. No modelo proposto, existe a distribuição de receitas para as Séries A, B e C do futebol brasileiro, equilíbrio na divisão das receitas, mobilidade, fair play financeiro e governança.
A LFF destaca que o seu interesse é “pela formação de uma liga no Brasil com a participação de 40 clubes, e que por isso continua aberta ao diálogo com todas as agremiações que tenham interesse na formatação de um modelo que fortaleça o futebol no país, no intuito de criar uma liga que possa se tornar uma das três maiores do mundo”.
Os clubes são ABC, Athletico-PR, Atlético-MG, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário, Sport, Tombense e Vila Nova.
Modelo Liga Forte Futebol
Divisão das receitas entre as Séries A, B e C:
Por entender que “o fortalecimento das Séries B e C é fundamental para o crescimento do futebol brasileiro”, a LFF definiu que suas receitas serão compartilhadas da seguinte forma, independentemente de como sejam comercializados os direitos:
● Série A: 80%
● Série B: 18%
● Série C: 2%
Critérios de divisão na Série A:
● 45% igualitário
● 30% performance em campo
● 25% apelo comercial
Performance em campo: foi estabelecida previamente uma tabela com os percentuais que os clubes recebem da receita em cada uma das posições da tabela.
Apelo comercial: foi usada a audiência média, ponderada pelo investimento de cada emissora de TV/serviço de streaming para definir um ranking de clubes. Esses clubes ordenados pelo ranking são distribuídos em uma tabela previamente estabelecida com percentuais de receita para cada posição do 1° ao 20° em termos de audiência.