Globo e Libra fecharam no meio da semana um acordo de R$ 1,3 bilhão — R$ 1,1 bilhão fixos pelos direitos de televisões aberta e fechada, mais R$ 200 milhões em mínimo garantido pelo pay-per-view. Fora do bloco, o Colorado - no lado contrário da disputa pela LFF - agora aguarda a negociação dos direitos de TV envolvendo os clubes da Liga Forte Futebol enquanto aumentam as preocupações pelo adiantamento das receitas para os próximos 50 anos. Nesta lista está o comentarista flamenguista Mauro Cezar Pereira. Ele ressaltou os riscos dessa estratégia, especialmente ao comprometer uma parte significativa das finanças por um período tão longo.
Mauro Cezar comparou a situação de Grêmio e Internacional para ilustrar os possíveis impactos futuros. Enquanto o SCI optou por adiantar verbas, o Grêmio não seguiu o mesmo caminho, o que pode resultar em diferenças financeiras entre os clubes ao longo do tempo. Segundo o jornalista, a decisão de vender os direitos para a Globo pode ampliar o desequilíbrio entre os times do Rio de Janeiro e o Flamengo, com os demais recebendo 80% dos direitos e o Flamengo, 100%. Ele ressaltou o papel de Leila Pereira na condução desse acordo.
“O Internacional pegou essa grana e está contratado. O Grêmio não entrou nessa. O que vai acontecer lá na frente? A tendência é ter um deslocamento do Grêmio em relação ao Inter. O Grêmio vai ter mais dinheiro de televisão e talvez esteja mais equilibrado nas suas finanças em relação às dívidas.”, disse Mauro Cezar, no canal S1 Live.
“Nos próximos 50 anos, os outros três vão receber 80% dos direitos, e o Flamengo recebe 100%. Fluminense e Inter já gastaram uma boa parte. Os times da Libra estão inclinados a vender os direitos para a Globo. Isso vai gerar um desequilíbrio maior entre os times do Rio e o Flamengo (...) A presidente do Palmeiras, conta o (Rodrigo) Capelo, puxou a turma da Libra para fechar com a Globo. Quando alguém falar que a ‘mamãe’ Globo ajuda o Flamengo, saiba que foi a presidente do Palmeiras que sugeriu fechar com a Globo, e os demais acompanharam.”, afirmou.
Todavia, é preciso fazer ressalvas. Embora seja verdade que o SCI tenha vendido 20% dos próximos 50 anos, esse montante tem sido utlizado para abater dívidas bancárias com juros altíssimos, o que comprometeriam, inevitavelmente, recursos futuros, sejam quais forem. Ademais, cada grupo tem um investidor, por isso, provavelmente a Libra também deverá ter futuramente alguma antecipação e desconto nas receitas, assim como fez a LFF (faz parte do modelo do negócio proposto).
Soma-se nisso a questão da Lei do Mandante, que beneficia a LFF. Dono dos 19 jogos do Beira-Rio, o Internacional venderá seus jogos para TODOS os clubes da Série A, não somente contra 'grandes ou pequenos', o que implica - teoricamente - em uma proposta semelhante para adquirir jogos dos "queridinhos" da mídia-nacional, Flamengo e Corinthians. Lembrando que atualmente a libra só tem 9 clubes da Série A. A LFF junto do grupo União tem 11.
Ainda há muita água para rolar e será preciso aguardar os acordos da Liga Forte para saber exatamente quem sairá perdendo ou não.