Assim como mais de 6 milhões de colorados, fiquei irritado não apenas com o empate do Inter contra o Bahia neste domingo (6), no Beira-Rio, mas com a atuação abaixo do time como um todo durante os 90 minutos. Existem tropeços de vários os tipos, como quando o mérito do outro lado é maior, a qualidade do time adversário se impõe, ou jogadores e técnico falham em excesso diminuindo a competitividade de uma equipe. No caso especificamente de ontem, no entanto, vejo muito mais uma falta de concentração do time do que qualquer outra coisa, além da total falta de opções no banco.
Primeiramente, Chacho acertou na escalação e muito pouco diferente do que foi posto em campo poderia ser feito enquanto o Inter vê uma lista gigantesca de desfalques. No banco, apenas Abel Hernandez (ainda sem ritmo para jogar muitos minutos) poderia, de fato, sustentar e aumentar a qualidade daqueles XI postos desde o apito inicial, expondo de maneira clara que se a equipe não conquistasse uma vantagem favorável, o jogo poderia se complicar. E assim foi. Com peças muito "verdes" no banco - Peglow, Praxedes - e um ineficiente/irritante Marcos Guilherme, fato é que não tivemos nem metade da intensidade necessária para abafar o Bahia e controlar a contra-pressão quando a bola era perdida. Assim, o rápido time nordestino encontrava os espaços facilmente e controlava o Inter longe de sua área, elemento evidenciado pelo baixíssimo número de finalizações (8 no total). Em jogos assim, quando a marcação adversária "encaixa", ou tu aumenta o ritmo ou precisará do lance individual para se sobressair. Não tivemos nem um nem outro, mas conseguimos encontrar o gol em pênalti bastante duvidoso (sejamos honestos) sobre Cuesta. Mesmo com a sorte do nosso lado, outro erro - dessa vez muito mais infantil do que no lance do 1° gol - fez justiça a uma atuação "estranha" do Internacional em uma chuvosa tarde de Porto Alegre.
Em rodadas anteriores, com a vantagem no placar, Musto vinha como um tanque de guerra e dava grande sustentação defensiva ao meio de campo. Mesmo que criticado, o argentino assume essa função como poucos e assim havíamos garantido vitórias importantes contra Atlético-MG, Botafogo. Ontem, além de não termos o camisa n° 5, parecíamos estar desfocados - que pode ser decorrência tanto da falta de concentração dos jogadores a nível individual como reflexo do desgaste que começa a se abater no novo calendário caótico²³ (provavelmente ambas as respostas estão certas). Ainda assim, minha análise não parte apenas com o foco na equipe interista, mas ao assistir os triunfos de Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG (não pude ver apenas o do SP), pude perceber as mesmas dificuldades. O Flamengo jogou tão pouco quanto nós mas venceu em um lance esporádico e pela qualidade do elenco. O Palmeiras, mesmo com um grande banco, segue produzindo muito pouco e o Galo - que assim como nós possui elenco inferior a ambos - fez 45 minutos de alta rotação mas caindo vertiginosamente no segundo tempo no Couto Pereira. Na rodada anterior, os comandados de Sampaoli passaram um sufoco incrível contra o time de Fernando Diniz, em uma vitória que mascarou uma atuação frágil - e recorrente - defensivamente.
Posto tudo isso, analiso que não temos e nem veremos nenhum bicho papão neste campeonato, seja pelo calendário ininterrupto (que diminui a intensidade das equipes e aumenta o número de desfalques), além da falta de tempo para grandes trabalhos durante a semana.
No caso colorado, parece-me claro que os desfalques estão pesando acima da média na montagem das estratégias de Coudet e precisamos torcer para que novas perdas não aconteçam enquanto Abel Hernandez e outros reforços do DM tenham totais condições de jogo. Em relação ao torneio em si, embora estar na liderança seja importante, o retrospecto mostra que o fundamental é manter-se projetado no topo até as últimas 10 rodadas, quando o campeonato, de fato, será decidido. Tirando o Corinthians de 2011, que teve um início avassalador (mas disputando apenas essa competição), parece irreal projetar a mesma sequência e regularidade em um ano exótico, para dizer no mínimo.
Saudações coloradas!
Por Alan Rother / @Celta_Bardo