Se mais alguém está disposto a pedir desculpas para Abel Braga, esse é o momento. Embora seja muito contraditório falar sobre futebol, já que cada um vê as situações de formas diferentes, ao analisarmos o momento atual do Inter, devemos estar agradecidos e, muitos de nós, parar para reconhecer: não era possível imaginar que o colorado continuaria brigando pelo título quando foi anunciado o substituto de Coudet.
Não são palavras para defender o técnico anterior, nem para desmerecer o atual. A grande questão da troca é a quebra de ciclo, de trabalho, mentalidade. Manter com alto rendimento uma equipe que teve mudanças drásticas em meio a temporada, disputando 3 competições distintas, não é fácil. Para os mais céticos, como eu, 2020 estava terminando ali.
Abel tem a história a seu favor, mas, julgando seus últimos times treinados, parecia não ter capacidade de manter os mesmos resultados expressivos. Em um determinado período falei que Coudet tirava leite de pedra. Posso dizer que Abel conseguiu ir além, com um futebol pragmático, mas efetivo. Tão efetivo que, vagarosamente, alcançou praticamente as mesmas estatísticas que levaram o Inter até a liderança do Brasileirão.
Mais uma vez Abel mostra que futebol não se vence apenas com técnica e dinheiro. O comandante é experiente, “pai” dos mais jovens, conselheiro, dono do vestiário. Isso fica evidente nas entrevistas dele mesmo e dos atletas. Antes era falado muito sobre questões táticas e entrega, hoje são vistas palavras de carinho e parceria entre comandante e comandados.
Por óbvio, muitos que estão lendo discordam, principalmente na parte inicial. Parte da torcida era favorável à contratação pelo histórico passado, não o recente. Mas a sinergia entre Abel e o Inter é surreal. Ela já foi capaz de nos dar o mundo e pode, depois de tanto tempo, nos fazer voltar ao mais alto lugar do campeonato. Restam poucas rodadas e as próximas duas serão essenciais para provar que Abel pode novamente se fazer eterno.
por Thulyo Maciel - Contato: @thulyomaciel