Em entrevista à Revista Placar , com trechos divulgados pelo site GZH, o técnico Roger Machado refletiu sobre a maturidade que conquistou ao longo da carreira e lembrou sua chegada ao Inter, mesmo com o trabalho consolidado no Juventude em 2024. Ele comentou a pressão por títulos no Beira-Rio e analisou o grupo atual, que, segundo ele, tem potencial para “marcar época com faixa no peito”.
Mais experiente e maduro
“Cada experiência serviu como um laboratório prático para alcançar uma maturidade maior. As inseguranças que sempre rondam a cabeça do treinador hoje são enfrentadas com mais serenidade. Mas sou o mesmo de antes, só que mais experiência, com mais acertos e erros no caminho”, disse o treinador.
Saída do Juventude para o Inter
Roger revelou que a oportunidade de treinar o Inter surgiu em um momento de maior atualização em sua carreira. “Antes, talvez não fosse o momento certo. Mas a experiência que adquiri e a visão que desenvolvi ajudaram a tornar essa decisão uma realidade. Foi uma escolha estratégica, pensando no meu plano de carreira: estar em um grande clube, que pode me colocar em destaque no futebol brasileiro e alavancar meus objetivos de conquistar títulos importantes e até chegar à seleção.”
O desejo de conquistar rumos
"Precisamos entender onde estamos e qual é o momento da instituição. O Paulo Paixão fala: “O mundo só reconhece os seus 'botadores' de faixa”. E é uma grande verdade. O que conseguimos construir até aqui fez com que o torcedor voltasse ao estádio para além do resultado. Resgatamos a muitos, que hoje pensam: “Eu quero vencer, mas estou gostando da forma como meu time está se comportando”. É impossível prometermos conquistas, mas esse grupo está desejando marcar época com uma faixa no peito".
Carreira de técnico
“Hoje está fora de cogitação (parar aos 50 anos, como declarou no passado). Uma filha já mora fora, outra diz que também vai. Daqui a pouco estamos só eu e a patroa, sozinhos, e aí vamos poder desfrutar desse Brasil, desse mundo novo. Vai haver outras pausas, sim, porque desejo fazer outra faculdade, mas acho que tenho uns 20 anos como treinador”.
História no Grêmio e vinda ao Beira-Rio
"Busco ser muito cuidadoso nessa relação. Nós que somos do Sul entendemos a rivalidade e todo o contexto. E, justamente por não querer magoar um dos lados, busco ter muito cuidado. Curiosamente, quando ainda era jogador [do Grêmio], a cada dez pessoas que pediam uma foto, três ou quatro eram torcedores do Inter, que sempre salientaram a forma como lidava com a rivalidade, nunca permitindo que extravasasse para além do campo. Esse é o respeito que tinha com o Inter.".
Troca do Ju pelo Inter e início no clube
"A oportunidade chegou em um momento de maior maturidade da minha carreira. Fosse antes, talvez, seria mais difícil acontecer. Mas pela experiência que adquiri e a visão diferente sobre algumas questões, deu certo. Foi uma decisão baseada em um plano de carreira: estar em um grande clube, que pode me colocar em grande destaque no futebol brasileiro, para almejar seleção e grandes conquistas (...) É impossível falar de 2024 sem citar o evento climático [que atingiu todo o Rio Grande do Sul]. O Inter começou o ano bem. Enquanto técnico do Juventude, observei um adversário muito capaz, com um modelo claro idealizado pelo Coudet. Mas depois, no período das enchentes, todos os clubes do Sul tiveram dificuldades para treinar. E o lapso de atividades acaba interferindo nesse processo. Hoje eu tenho um craque na minha preparação física, que é o Paulo Paixão. É um cara que faz muito bem essa gestão das cargas e me permite trabalhar todas as variáveis do jogo."
Meta na carreira
Parte da minha busca foi resgatar o futebol brasileiro. Enxergo uma partida de futebol como um grande círculo gigante. Digo aos atletas: “Vocês vão adorar o meu modelo, porque é o que mais gostam de fazer durante a semana”. Tento unir a roda de bobinho e o rachão, acredito que essas duas coisas são o futebol da forma como eu entendo, que são sete caras pela periferia e três caras por dentro. E é preciso manter essa forma circular, com esses caras por dentro, andando no campo. O círculo não pode estar tão aberto para que as linhas de passe não fiquem muito longas. E não pode estar tão fechado para que os que estão dentro do bobo tenham mais facilidade de roubar [a bola]. Desenvolvi a minha metodologia de atividades baseada nisso. Meus treinos vão buscar sempre a mesma ideia: conseguir manter a forma circular do jogo, que para mim remete à ancestralidade, que é um pouco da mitologia africana, do círculo como elemento central. Então, se isso é pensar fora da caixa, me considero assim.