O técnico do Grêmio, Renato Gaúcho, expressou apoio à paralisação do Brasileirão devido à tragédia no Rio Grande do Sul, que também afetou diretamente os clubes. Ele também opinou sobre a sugestão de que os clubes gaúchos não sejam rebaixados nesta temporada. Em entrevista ao programa Boleiragem, do Sportv, o treinador do rival, visivelmente emocionado, comentou sobre a complicada sequência de jogos que tanto Grêmio como seus co-irmãos enfrentarão pela frente:
"No dia que eu saí do outro hotel, que o prefeito (de Porto Alegre) pediu para as outras pessoas evacuarem a cidade, eu cruzei com 4, 5 jogadores e me assustei. Me assustei com o que eles estavam me falando, as famílias deles muito assustadas, os filhos, praticamente todo mundo foi embora de lá de carro para o Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Argentina, Paraguai, Uruguai, porque temos muitos jogadores desses estados todos, países, e todo mundo saiu correndo da cidade, justamente porque estavam todos assustados (...) No momento que eu encontrei com o meu grupo, hoje eles estão mais tranquilos, mas com certeza vou ter que trabalhar bastante a parte psicológica deles porque toda hora eles me perguntam quando vão poder ver a família, estão preocupados com a família, com o que está acontecendo no Sul. Todo mundo tem amigos, parentes, família. É uma situação muito delicada, aí você me pergunta se eu sou contra ou a favor da paralisação do campeonato. Eu sou 101% para parar o campeonato. Eu entendo a parte financeira de alguns clubes, eles precisam andar, mas o que é mais importante, a parte financeira ou as vidas humanas? É inacreditável (...) E outra, eu já estou avisando agora porque eu já vejo muitas coisas acontecerem lá na frente: a conta para o Grêmio, Internacional e Juventude, infelizmente, vai chegar ali na frente. O Grêmio vai ficar um mês sem jogar, vai jogar na próxima quarta uma final de Libertadores praticamente, três dias depois vai ter que jogar uma partida pelo Campeonato Brasileiro, talvez aqui em Curitiba ou no Rio. Isso no sábado à noite. O Grêmio viaja domingo, 5, 6 horas de viagem, vai para o Chile para jogar na terça outra final de Libertadores. Sai do Chile, 5,6 horas, para no sábado jogar outra final da Libertadores. Como é que faz? Cansaço, parte psicológica, os adversários estão com ritmo de jogo, meu grupo não está, quarta-feira faz um mês sem jogo, a gente está em uma mini pré-temporada. Daqui a pouco você não tem os resultados na Libertadores e o Grêmio sai da Libertadores, você não tem os resultados no Brasileiro, daqui a pouco a gente vai para a zona de rebaixamento".
"Entendo que os outros clubes da segunda divisão estão brigando para subir, mas aí cabe à CBF arrumar uma solução. Então sobem os quatro e não cai ninguém, na pandemia a gente viu o que a gente sofreu também. Praticamente é uma situação muito difícil que os clubes gaúchos vão ficar muito para trás na parte física, no ritmo de jogo, na parte psicológica. 'Agora as águas do Rio Grande do Sul vão baixar e tudo volta ao normal', eu acho que muito coisa, infelizmente, vai continuar acontecendo, e a parte psicológica dos jogadores vai ser afetada. Seria a melhor ideia (não ter o rebaixamento), agora, eu penso dessa forma, aí cabe à diretoria, presidente do Grêmio, conversar com a CBF, aí tem o Internacional, Juventude. E saber o que os outros clubes pensam porque, infelizmente, mais uma vez aconteceu no Rio Grande do Sul. A gente torce para não acontecer em lugar nenhum, mas amanhã ou depois pode acontecer em outro estado".