O Inter completou menos de 3 meses de trabalho em 2022 com uma trajetória que demonstra uma média: dificuldades alarmantes na armação ofensiva, desajustes defensivos crassos, problemas de bola aérea, etc, etc...
Disputados 14 jogos até aqui, o trabalho de Alexander Medina atesta uma evolução insuficiente para imaginar um Inter com chances de, pelo menos, somar os benditos 45 pontos que nos livram do rebaixamento. Embora a situação seja alarmente e preocupante, o Gre-Nal 437 desta quarta-feira, no entanto, serviu para iludir os que gostam de ser iludidos, especialmente os dirigentes do Internacional.
Após uma atuação dominante mas sempre sem aquele "algo a mais necessário" na Arena OAS, os cartolas alvirrubros viram ali indicativos de uma performance que projeta prosperidade a longo prazo, esquecendo, por outro lado, algo elementar, que é dimensionar o poderio do adversário e a estratégia após uma vantagem de três gols no jogo de ida.
Primeiramente, um limitadíssimo Grêmio fez questão dar a bola para o Inter, correndo pouquíssimos riscos na etapa inicial. Com a classificação garantida, o segundo tempo se mostrava tranquilo. Diante de um rival com um ataque inferior a 80% dos times da Série A, o Colorado não teve dificuldades em controlar a partida ainda que, se não fosse um pômbo sem asa de Taison, os espaços cedidos para os contra-ataques e a falta de soluções coletivas teriam gerado muito mais dores de cabeça frente os verdadeiros concorrentes de 2022 (América-MG, Athletico, Atlético, Botafogo, Bragantino, Ceará, Corinthians, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Palmeiras, Santos e SP).
Na coletiva após a desclassificação nesta quarta-feira, o presidente Alessandro Barcellos declarou que está "trabalhando na formação de uma mentalidade vencedora". Vamos analisar o mérito dessa declaração? É no mínimo curiosa essa frase, visto que não há nela nenhuma ligação com a realidade.
Após o desastre de 2021, o mandatário máximo colorado manteve o mesmíssimo departamento de futebol perdedor: Paulo Bracks, Papaléo. Resultado? 2022 seguiu-se da mesmíssima forma, com o SCI somando dois vexames inadmissíveis em apenas um mês. Esperando a poeira baixar na sequência dessas derrotas inqualificáveis, qual a solução proposta para o clube inverter essa lógica neste fim de março? manter o treinador e sobretudo um vice de futebol que se apresenta com um despreparo inaudito. Não alterar um staff que soma fiascos é consentir, de maneira clara, que tais limites (que não poderiam ser ultrapassados) de fracasso no clube foram normalizados. Desta maneira, Barcellos, consequentemente, consente com o insucesso histórico, enquanto milagrosamente espera resultados diferentes com companheiros que não demonstram mérito algum.
A permanência de Papaléo Zin, portanto, é uma afronta ao torcedor, enquanto de Alexander Medina é uma aposta de risco, visto que seu trabalho dá claros sinais de gargalos e falta de consistência que não indicariam sua manutenção.
Nesse sentido, é preciso alertar o "mundo mágico" da atual gestão interista que, ao contrário de anos anteriores, o Campeonato Brasileiro será um dos mais disputados e concorridos dos últimos tempos. Ampliado pelas novas "SAF" no país, equipes antes quase falidas entram com maior calibre, aumentando o sarrafo em relação a 2021, quando somamos míseros CINCO pontos a mais que o Grêmio. Nesse aspecto, esquadras antes nada mais que medianas - como América, Ceará, Fortaleza, Botafogo, entre outras - complicarão em grau superior os duelos diretos, exigindo um trabalho coletivo com valências básicas que possam sustentar jogos mais parelhos e disputados. Em 14 jogos, o Internacional deu indícios de um rendimento intolerável, terminando com um saldo negativo contra times abaixo da linha do exíguo.
O Inter pode deslanchar de Abril em diante? tomara que sim, estaremos todos torcendo desesperadamente por isso. No entanto, só nos é possível projetar o futuro com os elementos observados nestes 14 jogos de temporada. Neste recorte até aqui, insuficiência de boa atuações, resultados pífios, muitas falhas e inconsistência se traduzem nos 52,38% de aproveitamento contra um time da Série A, um da B, e o restante de nível C ou D, para baixo.
Quem quiser se enganar, que se engane, mas é difícil idealizar uma trajetória de louros com tantos elementos que indicam o sentido oposto.
EDITORIAL