Ricardo Duarte / InternacionalCom nem dois meses de trabalho o técnico Miguel Angel Ramirez começa a escutar os primeiros ‘zum zum zum’ da torcida sobretudo após o revés na Bolívia. Somando nem 10 jogos no currículo em Porto Alegre os exageros e os imediatismos começam a ser desenterrados. Seriam eles justos?
Vejam bem: sou um mero colorado como qualquer um de vocês. Não tenho autoridade para nada e muito menos reconhecimento midiático para fazer pressão sobre ninguém, apenas almejo trocar ideias e oferecer argumentos/narrativas que possam ser compartilhados. Não estou tratando de verdades, mas de pontos de vistas. Explicado isso, admito que até agora nenhuma atuação da equipe principal me agradou mas é justamente o prosseguimento dessa conclusão que fará com que meus devaneios caminhem para um rumo diferente.
Darei o pontapé de meu artigo evocando Sócrates, mas, cuidado, não se trata do ex-craque da seleção canarinho e sim do filósofo grego. Considerado uma das personalidades mais citadas da história, este grego que viveu há 400 anos A.C ensinou uma forma de pensamento muito astuta e que será por mim examinada. Dizia ele que pensamentos baseados em exemplos não serviam para nada, mas conceitos, sim. Fazendo perguntas aleatórias aos transeuntes, em geral seus interlocutores lhe respondiam com exemplos de temas comuns, como o que é ser “corajoso” ou “justo” e o ateniense, então, rejeitava suas contestações, mostrando que elas não eram definições, mas casos singulares. Quando o interlocutor conseguia chegar a algo que se aproximava de uma definição, então ele aplicava um teste sobre a definição, mostrando ao emissor que tal definição contrastava com uma série de outros enunciados que o próprio interlocutor havia dito, e que lhe eram caros, revelando que caiam em contradições. Sócrates muitas vezes não tinha uma resposta para o que perguntou, e então ambos, deveriam admitir que o que sabiam sobre o perguntado era só uma coisa: nada sabiam.
Pensem comigo agora: o que forma um clube vencedor? Analise os exemplos e observe que existem amostras para tudo que se quiser defender como símbolo de equipes gloriosas. Clube que troca de técnico mais de uma vez (Fla em 2009, 2019, Inter 2010), time que mantém técnico por mais tempo (Liverpool de Klopp, River de Gallardo), equipes ofensivas ou defensivas vencem? (França 2018? Espanha de 2010? Leicester de Ranieri, Atleti de Simeone ou Bayern de Guardiola?).
Para todo exemplo há um contraexemplo e esse tipo de argumentação em geral mostra-se insuficiente, pois aos exemplos escapam o que enriquece a amplitude das relações, que são os contextos, os detalhes, as narrativas e a perspectiva. Para isso existem os conceitos, que vão além dos exemplos e podem ou não ter um exemplo, mas tê-lo não lhe torna necessariamente inválido. É mais ou menos como afirmar o conceito de que "todo homem é racional", conceito verdadeiro, no entanto, sabemos que existem inúmeras pessoas que não agem racionalmente, mas que não invalidam o conceito, que está certo.
Seguindo nesse caminho, qual o dilema em que nos encontramos atualmente quando o assunto é futebol? O Internacional de Miguel Angel Ramirez mira uma forma de jogar conceitual mas que na amostragem ainda engatinha tentando dar seus primeiros passos.
Nessa hora de dificuldades, porém, aparecem na mídia os primeiros exemplos de como nada está dando certo - e justamente neste instante – inúmeras teorias comparativas são apresentadas, a principal comparando coisas diferentes como se fossem iguais, algo que de cara já trata-se de uma simples falácia (falsa analogia), mas que é ecoada em todos os cantos. Uma delas – e a que mais me embrulha o estômago – é a de demonstrar a incrível eficiência de Abel Braga enquanto MAR neste início “desconstruiu” tudo que havia sido feito pelo ex-comandante.
Meus amigos, se quisermos honestidade nas avaliações precisamos evitar erros lógicos que não servem absolutamente para nada. O que Abelão propunha (muito bem, diga-se por sinal) é inversamente oposto ao que Miguel Ramirez deseja, assim, enquanto um modelo de jogo é direto, simplificado e tem maior capacidade de absorção pelos jogadores (pois é intuitivo), o outro, no extremo oposto, visa a exposição, ousadia, a coragem de tentar o diferente, com uma série de movimentos que inexistem no conceito anterior. Posto isso, oras, defrontar que Abel demorou um mês para implementar um estilo de jogo e querer que o espanhol faça o mesmo é completamente sem sentido, para não dizer estapafúrdio.
Quem viu o Independiente del Valle contra o Grêmio percebeu ali um conceito de jogo que nem sempre era pragmático ou eficiente. O próprio Del Valle poderia ter sofrido 3 gols em 45 minutos na Arena, mas, por sorte do acaso, eficiência de um lado e não do outro, conseguiu duas vitórias justíssimas. É lindo vê-los jogar mas difícil é assimilar o processo pelo qual cada etapa daquela estratégia foi sendo construída coletivamente. O que MAR preconiza é totalmente anti-intuitivo para os jogadores. Com a bola cada peça deve ocupar posições definidas, deve-se arriscar o passe ou um movimento para frente, é ir contra uma não naturalidade exercida pelos jogadores do atual elenco desde o campinho de terra aos 12 anos. Posto isso, se não temos formação com esses conceitos, todo caminho será árduo, duro e goste ou não, com derrotas.
Desde 2011 o Inter aposta no escuro saídas fáceis que consigam se encaixar com elencos formados a esmo, enquanto investe erroneamente com gastos muito acima do aceitável para o seu orçamento, repetindo o mesmo desespero temporada após temporada.
Sim, eu sei que o SCI atual está longe de agradar. Assim como vocês compartilho do mesmo incômodo sobretudo ao ver uma grande inconsistência e dificuldades elementares na equipe de MAR, no entanto, precisamos entender que estamos vivendo um momento de adaptação, ajeitando as melancias no caminhão enquanto tentamos subir um morro ingrime.
Não posso e nem sou profeta para garantir qual será o futuro colorado e quem tiver esta bola de cristal, por favor, me avise. Até lá, no entanto, sei que a fórmula tentada pelo menos nos últimos 9 anos nos levou a uma ideia de jogo antiquada - e desconforme com a nossa história de times virtuosos e aguerridos - com graves problemas financeiros que poderão nos levar para um buraco sem volta.
Deste modo, longe de pensar em exemplos X ou Y, proponho a torcida um pouco mais de compreensão pelo momento da instituição como um todo para que um novo paradigma possa ter ao menos tempo de ser executado. Não temos fórmula mágica para adivinhar quando nossa equipe passará a apresentar essas concepções solidamente, só sei que se não esclarecermos pontos chaves aos torcedores, deixando "às claras" as necessidades que o atual trabalho exige, seguiremos ouvindo na grande mídia exemplos utilizados da maneira errada com explicações fáceis, rasas, que pouco condizem com o que o clube tenta construir no momento.
Em nem 50 dias de trabalho que bom seria se estivéssemos na ponta dos cascos, jogando soltos, com uma defesa impecável, quase como um City sul-americano ou encantando como o Del Valle faz com um orçamento de 1/10 do Inter. Mas meus caros amigos colorados, estamos tratando da REALIDADE, e isso não seria possível nem no vídeo game. Todavia, se o método fosse de Argel Fucks ou Celso Roth, nossa equipe estaria no seu auge tão rápido como previsível 3 meses depois. O que queremos, afinal?
Por Alan Rother
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