Mais de 365 dias após a sua aposentadoria dos gramados, D’Alessandro reencontrou o Internacional no empate sem gols na noite de sábado (1). O ídolo colorado foi rival pela primeira vez do Inter e teve seu nome ovacionado antes do apito pela Guarda Popular. Em março desta temporada, o ex-jogador foi anunciado como coordenador de futebol do Cruzeiro.
Antes do jogo, porém, uma coletiva foi concedida pelo ex-camisa 10. Embora fosse no Beira-Rio, muito pouco se falou de Inter, já que D'ale não queria opinar nem dar mostras de seu 'coloradismo", enquanto representava a Raposa de maneira oficial. Todavia, uma pergunta (sem muito contexto já que se tratava de uma partida entre os clubes e um raro ocasião) foi referida e plenamente respondida pelo argentino: uma dívida do SCI com o El Cabezon, com D'ale demonstrando estar incomodado com a atual gestão do presidente Alessandro Barcellos. O argentino ameaçou até mesmo processar o clube pela falta de pagamento, se contradizendo já que antes, havia dito que não pensava nessa possibilidade para não manchar seu nome no clube.
Conforme a mídia, a dívida - que vem desde gestões anteriores como as do presidente Giovanni Luigi (2011 a 2014) e Marcelo Medeiros (2017 a 2020) - se deu por conta de variações cambiais do dólar e no total girava na casa dos R$ 6 milhões, dos quais cerca de R$ 3 milhões já foram pagos.
Quando D'ale se aposentou, já na gestão Barcellos em 2022, o acordo proposto pelo clube e aceito pelo ex-jogador foi de pagar o restante em 40 parcelas de R$ 150 mil. Porém, segundo o argentino há cinco meses ele não recebe nada e não há diálogo com as pessoas que hoje comandam o Colorado.
“É um assunto antigo, de seis ou sete anos. Eu nunca externei, não é a minha maneira de ser. Era de total sigilo, mas veio à tona há algumas semanas. Sim, tem uma dívida. Na minha volta ao clube, vim por um salário que para o futebol é baixo. Aceitei as condições de clube e me adaptei na realidade de janeiro de 2022 quando voltei. O único que queria era me aposentar no Inter e muitas pessoas disseram que seria só um jogo despedida. Outros disseram que a dívida estava em dia. Nunca esteve, sempre esteve atrasada. Fiz um acordo com o presidente e o acordo não está sendo honrado”.
“São cinco parcelas atrasadas da dívida. Deve ter um monte de credores receber, mas eu não posso brigar por todo mundo, brigo pelo meu. Nunca procurei uma decisão forte contra o clube porque é isso que dita o meu coração. Até agora não teve solução que a gente procurou. Tudo que eles queriam eu aceitei: tempo, valor, parcelas. Aceitei tudo. Não está sendo cumprido”.
“Eu não descarto nenhuma possibilidade para que eu possa resolver. Minha vida mudou, não sou mais atleta. Estou trabalhando fora de Porto Alegre, sem a família, sozinho em BH. São coisas que coloco na balança. Tenho que brigar pelo meu direito. Até hoje foi de uma maneira. O tratamento não é recíproco. O que eu dei para o clube de muitos anos… é dívida que vem lá atrás. Mas hoje não tem diálogo, nem tratamento. A possibilidade de tomar uma decisão um pouco mais forte é real”.