Em entrevista ao portal do GE.com com o treinador Colorado Diego Aguirre, o uruguaio afirmou que o seu vê retorno no clube como continuidade do trabalho de 2015, e conta como superou início turbulento e a importância de jogadores como Edenilson e Yuri Alberto. Confira os principais trechos.
DECLARAÇÕES:
O que mudou no Diego Aguirre de 2015 para 2021? "Eu tenho mais experiência, né? Já peguei times importantes aqui no Brasil. Depois de trabalhar em 2015 com o Inter, fui para o Atlético-MG e passei por São Paulo. São times muito grandes e eu já tenho um conhecimento melhor da competição, dos jogadores. Eu sou estrangeiro, mas me sinto mais um porque eu gosto muito dos costumes, das ideias. Já me sinto parte da cultura brasileira, conheço o futebol. Então estou agradecido de como o Brasil me recebeu e abriu as portas para mim.
Considera a atual passagem uma espécie de continuidade do trabalho interrompido em 2015? "Acho que sim. Queria voltar ao Inter. Acho que, naquele momento, tínhamos muito a fazer. E aconteceu agora. Me senti feliz em poder voltar, sinto uma identificação especial com o Inter. Fui jogador muitos anos atrás e também me abriu as portas para trabalhar como treinador. Achava que era uma nova oportunidade para poder continuar de alguma maneira o trabalho. Sei que não é o melhor pegar um time no meio da competição, com muitos jogos. Agora sinto que estamos bem, com conhecimento de tudo que acontece no clube, conhecimento dos jogadores. Aos poucos, vou ganhando a confiança deles. Algo normal que ocorre com os jogos, com os treinos. Sinto que os treinos estão muito bons. Não só com eles, mas com todo o pessoal que trabalha aqui no CT. Também com presidente (Alessandro Barcellos), com o (executivo) Paulo (Bracks), com todos. Temos um bom relacionamento e fazemos nosso máximo esforço para ajudar o Inter a fazer alguma coisa boa esse ano e pensando já para o próximo.
Como é a rotina de um dia de trabalho no CT? Hoje (quinta-feira) o treino começava às 15h, mas nós chegamos aqui ao meio-dia para planejar. O treino de hoje já estava planejado, o de ontem, mas sempre acontecem coisas, algum problema com algum jogador, falamos com o departamento médico. Temos um bom relacionamento com todo o pessoal que trabalha aqui no Inter. Sempre estamos em contato para encontrar sempre soluções e melhorar, para que em cada detalhe que nós possamos ajudar o time a evoluir.
Esses são nossos principais objetivos. Muita dedicação. Há muita responsabilidade de ser treinador do Inter, uma responsabilidade linda, mas também muito forte. É um momento de dedicação não somente aqui no clube porque quando vamos para casa temos muito o que fazer. Olhar jogos, vê-los outra vez, o que aconteceu em jogos anteriores, analisar rivais. Ontem (quarta), assisti aos jogos da Copa do Brasil. São coisas boas, que eu gosto. Tenho que dedicar muitas horas, né?
Você sente saudades do torcedor nas arquibancadas do Beira-Rio? "Uma das coisas mais fortes do Inter é jogar no Beira-Rio com a torcida. Me lembro de 2015, jogos da Libertadores e partidas importantes. Tenho a certeza de que ganhamos muitos jogos por causa da torcida. Estávamos juntos. É uma coisa absolutamente necessária. Não gosto de jogar sem público, não é a mesma coisa. É frio, sem emoção. Estamos perto de que isso aconteça. Será um bom reencontro. Tomara que a gente esteja em uma boa fase para dar a alegria que a torcida merece.
O Inter mudou o modelo de jogo e o time cresceu nos últimos jogos. Como foi esse processo? "Não gosto de colocar desculpas, mas, no começo, foi difícil porque chegamos e tivemos 10 jogos em 30 dias. Não tínhamos treinos para transmitir nossas ideias e conhecer os jogadores. Tivemos dificuldades. Essa é a verdade. Agora, já com mais tempo de trabalho, temos semanas cheias. Estamos encontrando com treinamentos, times, ganhando identidade. Os jogadores mostram também acreditar nas ideias que tentamos passar. Espero que o Inter continue nesse caminho e possamos terminar o ano como queremos. Estamos trabalhando muito. Os jogadores se dedicam, se esforçam para melhorar e as coisas estão acontecendo.
Se falava muito da questão psicológica. A verdade é que ocorriam coisas que preocupavam porque tinham jogos que Inter não conseguia, talvez, reagir. Você falou do jogo do Fluminense, do Santos também. Vou uma semana a mais para trás. O jogo do Flamengo não foi uma virada, mas também. Para acreditar, ganhar confiança, para que os jogadores sintam que temos bom nível para ganhar de qualquer um. Então, para mim, começou com uma coisa forte, que foi talvez uma surpresa. A partir daí, as coisas foram acontecendo como você fala. Não foi uma virada, mas tivemos que aguentar o ataque do Flamengo, que é muito bom, com muita qualidade. Eles pressionaram e nós conseguimos controlar. Não somente isso, mas atacá-los e marcar quatro gols. Foi uma coisa muito boa para o grupo, para todos. Temos que continuar. Há muitos jogos na frente e todos difíceis, mas teremos que continuar acreditando e ir a cada jogo procurar a vitória porque nós queremos estar em posições boas de classificação para o final do ano.
Você lançou muitos jovens em 2015 e é sabido que o Inter precisa vender jogadores. Esse trabalho com a base pode se repetir agora? "É nossa responsabilidade pensar também no futuro financeiro do clube. Teremos que revelar jogadores. Precisamos de tempo e as coisas acontecerão. Demos algumas oportunidades para o Vinicius (Mello). Ainda é um menino de 19 anos. Precisa de tempo, mas é um jogador de muito futuro. Os jovens são fundamentais para o futuro do Inter, que tenham oportunidades ou o clube fica insustentável. Meu compromisso e responsabilidade são de tentar lançar jogadores para o Inter seguir crescendo.
Quais são os objetivos do Inter no restante da temporada e no futuro? "Com o Inter, temos sonhos grandes. Não podemos pensar em outra coisa que não seja o protagonismo nas competições. Agora não é o momento de olhar muito para o futuro. Falo aos jogadores que a única coisa importante é ganhar o próximo jogo. Não podemos planejar muitas coisas. Precisamos de mais pontos, mais vitórias. Isso nos dará uma ideia de onde iremos. Não seria responsável falar do que eu quero para o final do ano ou próximo ano, quando teremos um jogo importante fora de casa e que teremos que tentar ganhar para começar a estar mais perto do que queremos.
Dá para chegar no G-4 do Brasileirão? "Temos que pensar grande, não podemos pensar outra coisa. Não gosto de prometer nada. Para isso temos que somar pontos e nós precisamos ganhar. Viemos em uma boa sequência, mas isso tem que ser mantido para termos a ilusão de estar nesse G-4 ou G-6, como quer que seja.
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