Texto por Colaborador: Redação 28/05/2020 - 19:39

Fernando Ferreira, da Pluri Consultoria, empresa em marketing esportivo, concedeu entrevista a Rádio Bandeirantes nesta quinta-feira (28) sobre o panorama do futebol em um momento de crise global devido à pandemia de Covid-19. Segundo Ferreira, os principais clubes do país já registraram prejuízos e o cenário extremamente caótico se alongado por mais dois meses. Confira abaixo suas explicações:

"Esse cenário de 24% de perdas é o mais positivo. Se a pausa do Campeonato Brasileiro for além de julho, se começa a ter um efeito adicional em relação aos direitos de transmissão. O efeito (da pandemia) sobre o futebol é realmente muito grande. Estamos estimando que a perda dos 35 maiores clubes do Brasil será de 24% sobre as receitas. Se o campeonato não reiniciar, é possível que os patrocinadores das empresas que detêm os direitos de transmissão queiram renegociar os valores. Aí a renegociação será inevitável".

Situação geral e alguns clubes: "O Grêmio é um desses clubes (com situação administrável). É um clube que tem condições de superar, caso a volta seja em julho. Vamos ver no segundo semestre atrasos no salário inéditos no futebol brasileiro. O único atenuante é que, como é uma crise generalizada, o jogador não tem muito para onde correr (...) A gente prevê que, em janeiro, vão sair muitos jogadores do Brasil, mesmo que recebam um valor menor em euros, principalmente para poder garantir o recebimento de salários. Lembro de publicar que, quando saiu o balanço do São Paulo, não havia visto um balanço tão ruim. Depois, o do Corinthians, pior ainda. E agora o do Cruzeiro, pior que os dois juntos. No futebol, a boa gestão não inspira. O que inspira é a má gestão. Ao invés do Atlético se inspirar na boa gestão do Cruzeiro, o Cruzeiro passou a gastar como não poderia gastar".

Bolha do futebol: "O futebol, no mundo, cresce mais de 10% ao ano. Apesar de o mundo estar em taxa de crescimento de 2 a 3% por ano, o futebol segue muito acima disso. Há muita abundância de capital no futebol (europeu). Mas, nesse ano, o valor de mercado dos jogadores se desvaloriza em 30%".

Formas de enfrentar a crise: "Seria necessário, antes, trabalhar com salários para comissão e jogadores ao menos 22% menores do que os atuais. Com a pandemia, a situação piora muito. Os clubes brasileiros já pagavam além de sua capacidade. Antes da Covid-19, em média, os clubes pagavam ao menos 22% acima do que poderiam. É mais difícil negociar os contratos que já estão vigentes, mas as novas negociações (por salários) serão bem complicadas aos jogadores. Os salários irão certamente cair.  A necessidade de capital de giro dos clubes (brasileiros) é enorme, e não há investidores, não há donos milionários. A alternativa aos clubes é vender jogadores por menos. O que joga contra é que o futebol brasileiro é um futebol onde erros e omissões de dirigentes não apresentam punições"

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