Paulo Bracks, ex-executivo de futebol do clube desde o início de Abril - quando foi desligado do cargo - lavou "roupa suja" de sua passagem no Beira-Rio neste fim de semana, em entrevista concedida à Rádio Guaíba. Se vendo injustiçado pela saída como "bode expiatório" após a queda do clube para o Globo, na Copa do Brasil, Bracks avaliou seu trabalho e explicou algumas das decisões tomadas por ele. Confira os principais momentos:
Passagem no Inter: "Faço uma avaliação de dois prismas: êxito no projeto administrativo-financeiro e não êxito no projeto esportivo em resultados e em protagonismo dentro de campo. Entendo que o êxito esportivo só vem com o êxito administrativo-financeiro. O ideal dentro de um clube do tamanho do Inter é sempre ter vitórias. Hoje não é possível isso sem ter a casa arrumada. A bola não vai entrar por acaso. Vai entrar fruto de uma gestão séria, austera. O sucesso esportivo sem isso não tem acontecido. A gente se deparou no início com duas folhas. A folha do dia-a-dia e a folha de dívidas. Tem gestão que decide ignorar essa folha. Podia botar pra baixo do tapete. Mas não fizemos isso".
"Era urgente trabalhar com uma austeridade financeira conforme o projeto que nos foi apresentado. Tínhamos que diminuir gastos. Cortar funcionários. Demitir é a coisa mais triste em um clube. Num clube associativo a gente pode tocar um clube sem fazer isso. Dá pra tocar a casinha e tentar ganhar assim e depois alguém que pague essa conta. Saímos de 90 milhões de dívida para 1 milhão de superávit. Foi um trabalho penoso. Mas isso foi positivo. Teve êxito (...) Deixamos de investir em contratações para aumentarmos o investimento em atletas na base. Com contratações pontuais de jovens atletas".
"A gente buscou procurar diminuir a média de jogo. Apostar em um modelo de jogo. Trazer uma outra comissão técnica. Sem vícios do futebol brasileiro. Da pressão do dia-a-dia (...) Não foi aceitável sermos eliminados do jeito que fomos pro Olímpia, pro Vitória que hoje está na Série C. Começamos o ano com outros objetivos, de ganhar o Gaúcho. A CdB foi vexame inexplicável e a minha cabeça rolou".
"O plano da gestão de 3 anos era muito sólido. Basta ver a eleição pelos sócios do Inter como foi expressiva. O projeto buscava vitórias em dois ou três anos (...) Todo mundo fracassou ali (contra o Globo) quando você faz um link disso com a diretoria executiva parece que só o resultado interessava. Sem contar com a parte administrativa Minha mágoa é que esse link não é lógico. Não é técnico".
"Passional é o torcedor. Demitir o treinador naquele momento, ou mandar embora 5 ou 6 seis jogadores que não estivessem imbuídos com o projeto do clube seria um link mais lógico. A gente até pode permitir que o torcedor tenha esses devaneios de que todo mundo tenha que cair. De dentro do clube isso não é admissível. Se toda derrota tiver que virar tudo de cabeça pra baixo é enxugar gelo. Minha mágoa foi muito pela personificação. Se você paga o pato sozinho, o culpado era você. A mágoa passou. Mas houve injustiça ali (...) Sentia essa pressão desde o primeiro dia. O torcedor gosta de contratação e de vitórias e deu. Reduziu a folha mensal. E daí? Ganhou o jogo? Isso é o que interessa".
"A gente se deparou com vários jogadores que a torcida não queria mais. Foram saindo. Não por isso. Mas porque a gente entender que estavam tão pressionados que não adiantava ficar. Não necessariamente quando você renova com o jogador você quer que o atleta vá até o final do contrato. Por vezes a outras nuances dentro do planejamento".
Edenílson: "Após o Grenal de 2021 conseguimos manter o Edenílson. Recentemente, ele recebe uma proposta, mas que foi muito baixa e seria péssimo para o clube. A proposta foi do Atlético-MG e nós perderíamos duas vezes, no quesito técnico e financeiro. A gente conseguiu segurar. A proposta do Atlético Mineiro foi indecorosa. Muito baixa".
Medina: "Tinha total convicção no trabalho do Medina. Ia encaixar, ia dar certo. Mas a gente esbarra no imediatismo. Lembro sempre do Abel Ferreira que podia ter sido demitido depois de ser eliminado pelo CRB (...) A única pessoa que eu contratei para o Internacional foi o Cauan de Almeida. Tenho certeza que o Mano Menezes vai dar certo".
"Entendo que se tivéssemos torcida no jogo contra o Corinthians teríamos sido campeões naquele decisão do Brasileiro de 2020".
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