Texto por Colaborador: Redação 25/09/2025 - 02:13

A Guarda Popular do Internacional vive uma das maiores crises de sua história, com rachadura interna que culminou no abandono de dois núcleos à atual liderança. O clima tenso no Portão 7 chegou ao ponto de "implodir" a torcida, segundo relatos de integrantes, após vazamento de fotos mostrando membros ligados à liderança usando camisa do Grêmio.

Diferentemente das torcidas organizadas tradicionais, as barras bravas não possuem eleições nem presidentes eleitos. A diretoria é escolhida pelo "capo", e essa liderança normalmente se consolida através de força e imposição, característica que pode explicar parte dos conflitos atuais.

## Manifesto aponta caminho da reconstrução

Em resposta à crise, o grupo intitulado "Donos da História - Guarda Popular Colorada" divulgou manifesto detalhando os problemas estruturais que levaram à situação atual. O documento traça um histórico dos conflitos internos e propõe uma refundação baseada no resgate dos valores originais.

"Na Popular, o que sempre foi um ponto de atenção foi a estrutura: se a torcida seguiria como um setor da arquibancada ou se perderia como torcida ao adotar o modelo de organizada", explica o manifesto, apontando para o cerne da divisão atual.

## Conflito histórico entre modelos

O texto rememora o primeiro grande racha entre Hierro Martins e Master Castro, representando visões opostas sobre o futuro da organização. Hierro defendia a centralidade e unidade, argumentando que "barra brava não tem filiais, não tem núcleos autônomos, não tem identidade pulverizada", pois "Popular não é torcida: é o setor".

Master Castro, por outro lado, defendia a expansão territorial, mantendo diálogo com o interior e integrantes que desejavam levar a identidade para suas cidades. Com o tempo, este modelo expansionista se consolidou.

## Transformação progressiva criticada

O manifesto critica duramente a gestão de Diego, atual liderança, acusando-o de transformar progressivamente o setor em torcida organizada, com "núcleos independentes, faixas próprias, líderes locais e, sobretudo, ausência de comando".

"Diego assume o comando sem referências de barra brava. E sem referências, abre mão da alma da Popular", afirma o texto, criticando especialmente a aliança com casas de apostas, classificando-o como o primeiro "capo patrocinado" da América Latina.

## Situação atual considerada insustentável

O documento pinta um cenário crítico da atual estrutura: "uma estrutura viciada, com faixas perdidas, com ausência de comando, com lideranças improvisadas, com gritos sem identidade, com membros que sequer compreendem o que é viver uma barra".

A situação teria chegado ao extremo de ter apoiadores torcedores do Grêmio entre os membros da liderança atual, comparação que o manifesto considera equivalente aos "Borrachos del Tablón do River Plate tendo como apoio integrantes do Boca".

## Proposta de reconstrução

Os "Donos da História" propõem reconstrução baseada no resgate da essência original, não através de confronto direto: "Não estamos em guerra. Estamos em reconstrução". O grupo relata ter comparecido ao último clássico com apenas 30 pessoas, sendo 12 da "primeira caminhada" da torcida.

"A Curva Sul precisa de refundação. Porque a estrutura está toda contaminada por um modelo de torcida organizada. Porque não existe mais identidade de barra", argumentam, concluindo com o princípio fundamental: "barra brava não se herda. Barra brava se vive."

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