Há 10 anos, Inter virava sobre o Banfield de James Rodríguez

Texto por Colaborador: Redação 06/05/2020 - 17:02

O sonho do bicampeonato continental em 2010 por momentos parecia distante. Após altos e baixos na Fase de Grupos - como o frustrante empate contra o Cerro em Rivera e o quase revés no Equador - o início da fase eliminatória seria contra o Banfield, recém campeão argentino, que tinha jovens estrelas em seu elenco como James Rodríguez (maior astro colombiano) e Maidana (zagueiro fundamental na conquista do River em 2018). Uma derrota dura de aceitar em Buenos Aires, após o colorado ser severamente prejudicado pelos erros da arbitragem, deixava um ambiente de apreensão. Com pênalti não marcado, expulsão injusta e gol irregular do adversário, o Inter perdeu por 3 a 1 (Kleber marcou o gol alvirrubro e depois acabou sendo expulso) e ficou na obrigação de vencer por pelo menos dois gols de diferença na partida de volta.

Todavia, mesmo com o forte revés em território portenho, a torcida sempre acreditou. Em um Beira-Rio caótico antes do jogo (com filas enormes e problemas nas catracas), inúmeros torcedores só entraram no estádio com o duelo em andamente, mas saíram em êxtase com uma atuação marcada pela garra e paixão. Foi, na verdade, uma noite inesquecível de Libertadores no mítico Gigante. Time e torcida atingiram perfeita sintonia e sufocaram o adversário do primeiro ao último minuto. A missão colorada de reverter o resultado do primeiro duelo foi alcançada com êxito graças a esta sinergia de mais de 34 mil presentes. 

Conduzidos por um endemoniado D’Alessandro, os colorados lamentaram chances perdidas por Andrezinho e Walter, criadas pelo camisa 10, e também finalização do argentino que explodira no travessão. Conforme a chegada do intervalo se aproximava, o medo começava a crescer entre os mais pessimistas. Neste instante, contudo, o regente Andrés voltou a dar as caras. 

Com passe milimétrico, 'El Cabezon' deixou Andrezinho de frente para o goleiro. Genial, o anjo das cobranças de falta serviu Alecsandro que, com a meta aberta, teve o simples trabalho de completar. Agora, faltava um.

Antes do duelo, Sandro havia avisado que o Banfield iria tremer diante da torcida do Inter. E quem tremeu foi o Beira-Rio. Literalmente. Tremeu no sentido de balançar, de sair do lugar, de parecer em vias de desmoronar. Os colorados saíram do chão e não voltaram mais enquanto teve jogo dentro do gramado. 

Pulsando intensamente, o quarentão Beira-Rio precisava de um respiro. Breve, é claro, pois poucas são as construções tão habituadas ao delírio das massas quanto o templo rubro. A importância do quarto de hora de relaxamento foi comprovada logo cedo, com D’Alessandro, mais uma vez ele, lançando Eller. Cobrindo a lateral-esquerda, o zagueiro campeão de América e mundo em 2006 avançou e suspendeu. Na cabeça de Walter. Testaço para as redes! Virávamos com um dos heróis mais improváveis, um McGolFeliz. 

Encaminhada a vaga, os comandados de Fossati não cessaram. Como poderia, se finalmente percebia os primeiros ares de classificação despontando no horizonte? As chances perdidas até motivaram um suspiro ou outro de nervosismo, mas a expulsão de James Rodríguez, acalmaram os ânimos, e o sucessor apito final libertaram, de uma vez por todas, o otimismo alvirrubro. Estávamos nas oitavas, graças à determinação de um Estádio que não cansou de jogar.

FICHA TÉCNICA

INTER (2): Abbondanzieri, Nei, Bolívar, Sorondo e Fabiano Eller; Sandro, Guiñazu, Andrezinho (Giuliano) e D’Alessandro (Glaydson); Walter (Everton) e Alecsandro. Técnico: Fossati.

BANFIELD (0): Lucchetti, Ladino, Maidana, Bustamante (Laso) e López; Quinteros (Cardaccio), Battión, Erviti e James Rodríguez; Ramírez e Fernandez. Técnico: Julio Falcioni.

Cartões amarelos: Nei (INT), Fabiano Eller (INT), D'Alessandro (INT), Bustamante (BAN), Bolívar (INT)
Cartão vermelho: Cardaccio (BAN)
Gols: Alecsandro, aos 41 minutos do primeiro tempo; Walter, aos 11 minutos do segundo tempo

Público: 34. 643
Renda: 733.435,00

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