Representantes dos clubes da Série A se reuniram nesta terça-feira (15), no Rio de Janeiro, para discutir a criação de uma liga que visa organizar a competição já a partir de 2022. O movimento colheu 19 assinaturas de presidentes (dentre elas a do presidente Alessandro Barcellos), com exceção do Sport, cujo mandatário, Milton Bivar, renunciou ao cargo. A informação, inicialmente publicada pelo portal GE.com. Conforme consta no documento, os clubes da Série B serão convidados para integrar a Liga.
Atualmente, o Campeonato Brasileiro é organizado pela Confederação Brasileira de Futebol. O coronel Antônio Carlos Nunes de Lima, presidente interino, deverá receber a carta dos presidentes de clubes ainda nesta terça-feira em evento previamemnte agendado.
No documento, os clubes pleiteiam ainda uma mudança estatutária na CBF que “consagre uma maior participação” dos mesmos “nas decisões institucionais e na gestão da CBF”, com as agremiações almejando "se tornar filiados da entidade".
Os clubes querem ainda votação igualitária para eleição do presidente e do vice-presidente da CBF, dando o mesmo peso de voto aos clubes das Séries A e B e às federações estaduais. Atualmente, os votos das federações têm peso 3, os dos clubes da elite têm peso 2 e os da Série B têm peso 1.
Em relação ao lançamento de chapas para concorrer à presidência da CBF, os dirigentes querem abolir a exigência do apoio de oito federações e de cinco clubes. A intenção é permitir o lançamento de chapas que tenham o apoio expresso de pelo menos 13 eleitores, sejam clubes ou federações. A mudança do estatuto da CBF é complexa e depende de concordância das federações em tirar poder delas mesmas.
No documento, os clubes ainda se comprometem a tomar medidas efetivas para consumar a sua associação e, de forma organizada, exercerem administração do futebol brasileiro e do seu calendário.
“Estamos reunidos nesta manhã com os 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro para discutir o futuro do futebol brasileiro e a crise da CBF. Mas principalmente estamos discutindo o início de uma organização importante para o futebol brasileiro. Precisamos repensar o futebol, mas com muita união, pensando no produto do futebol, pensando no crescimento do produto e de todos os clubes. Temos de discutir princípios mercadológicos, princípios éticos e de governança”, disse o presidente do São Paulo, Júlio Casares, em um vídeo no Instagram.
Vale destacar o que diz o Estatuto da CBF sobre Ligas entre os clubes. Segundo o artigo, 24, essa mudança precisa ter a aprovação da Assembleia Geral Administrativa da CBF. Em suma, para tirar o poder da federação é preciso ter a aprovação das federações estaduais. Confira:
Art. 24 – É facultado à CBF, a seu exclusivo critério e nos termos do presente Estatuto, mediante decisão de sua Assembleia Geral Administrativa, admitir a vinculação de Ligas constituídas ou organizadas por entidades de prática desportiva, para fins de integração de suas competições ao calendário anual de eventos oficiais do futebol brasileiro e para seu reconhecimento ou credenciamento na estrutura ou organização desportiva de futebol, no âmbito regional, nacional ou internacional.
§ 1º – Para vinculação à CBF e para a integração de suas competições ao calendário anual oficial do futebol brasileiro, as Ligas deverão cumprir os requisitos exigidos pela CBF.
§ 2º – As Ligas, para terem sua vinculação admitida, devem submeter seus Estatutos à prévia aprovação da CBF a quem incumbe definir a competência, direitos e deveres das Ligas, em obediência ao disposto no Estatuto da FIFA.
§ 3º – As Ligas admitidas estarão obrigadas a respeitar o calendário anual do futebol brasileiro, além de subordinarem-se aos Estatutos, normas, regulamentos e decisões da FIFA, da CONMEBOL e da CBF.
§ 4º – As Ligas eventualmente criadas sem observância deste artigo não serão reconhecidas para todos e quaisquer efeitos jurídicos e desportivos como integrantes do sistema da FIFA, da CONMEBOL, da CBF e das Federações filiadas.