Segundo o jornalista Danilo Lavieri, do UOL, a nova Liga proposta na última terça-feira (15) na sede da CBF se preocupa com a possível luta por privilégios (e possíveis desuniões) tendo o Flamengo como o foco principal.
Neste início, o grupo evita destacar líderes e já fazer articulações para a formação de uma comissão que vai debater sobre os principais assuntos do movimento, mas todos os times sabem que isso será necessário.
Nesse cenário há sempre uma tensão quando o assunto é como coordenar os passos com o Flamengo. O time carioca recentemente conseguiu gerar incômodo nas principais pautas debatidas no futebol brasileiro, desde a Lei do Mandante, volta precipitada do do público nos estádios e rumos por conta da pandemia. Mais recentemente, houve uma grande união das equipes pela volta do futebol sem paradas por infecções de COVID, enquanto a CBF abriu exceções na sua regra e definiu parâmetros para quando um jogo seria cancelado ou adiado por causa da sindemia. Quando se viu desfalcado, o Flamengo ignorou o acordo e partiu para todas as instâncias tentando inviabilizar o jogo que acabou ocorrendo mesmo assim.
Desta vez, porém, o Urubu vive grande crise na sua relação com a CBF por diferentes motivos e aproveitou o momento para se unir de novo aos clubes. Os outros líderes olham sempre com mais atenção para a movimentação do time carioca e sabem que os dias mais difíceis virão quando as decisões começarem a ser tomadas, especialmente quando o tema for a divisão do dinheiro.
Ainda segundo o GE, outro inimigo evidente é a própria CBF. A proposta de 19 clubes provocou repercussões distintas entres as partes. Ainda que de forma implícita, a Federação se mostra contrária à decisão e tem buscado enfraquecer o projeto nos bastidores. Em paralelo a isso, os clubes já preparam formação de uma nova entidade que possa conduzir a Liga, devendo seguir o projeto nas próximas três a quatro semanas. Sendo assim, apenas quando os moldes da nova organização da competição estiverem prontos que os dirigentes devem retomar as negociações com a entidade.
No entanto, a ideia da Confederação nacional é minar alguns pontos da proposta para conseguir manter a organização do Brasileirão no modelo atual, no qual detém autonomia quase total sobre o campeonato. Além disso, há também a compreensão de que são os clubes que devem ir atrás para concretizar o plano.
Aproveitando a ocasião, outro documento foi entregue na mesma data com um requerimento de maior participação nas deliberações da entidade. A pressão é para que clubes tenham maior autonomia diante das federações, como com votos igualitários para todos – atualmente, as confederações estaduais têm peso 3, agremiações da Série A têm peso 2 e, por fim, da Série B têm peso 1.
Este fato gerou discordância por parte da CBF, uma vez que a instituição entende que é incoerente exigir maior poder de decisão e, simultaneamente, articular uma liga própria. Os clubes, por sua vez, defendem que a medida não é contraditória, por se tratar de um produto específico, o Campeonato Brasileiro, enquanto as demais competições seguiriam sob competência da confederação.