Enquanto as categorias de base não têm previsão de retorno em meio à pandemia do novo coronavírus, a crise e as dificuldades organizacionais para a realização dos torneios podem prejudicar o desenvolvimento de muito atletas, que perderão um ano de formação.
Uma das mudanças discutidas no meio é a reclassificação das categorias, que adotariam os anos pares (com exceção ao sub-20), para que assim os atletas não percam o ano de formação. Essa alteração é defendida por Rafael Cobra, presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB Santos.
“Supondo que as atividades esportivas retomem seu curso apenas no segundo semestre, é inexorável os prejuízos ao processo de formação desportiva dos atletas; há que se considerar a temporada 2020 como ‘perdida’ para o conceito ideal de formação desportiva para atletas. Com a reclassificação das categorias, devolver-se-ia aos atletas as oportunidades e experiências práticas que cada ano tem em seus processos de formação desportiva, indispensáveis ao seu melhor desenvolvimento e, assim, buscar limitar ao máximo os impactos que a atual situação mundial nos impõe”, disse o sócio da Cobra & Gazolla Advocacia Desportiva.
Para Rafael, as categorias devem adotar o limite de idade um ano acima do que é feito atualmente. Dessa forma, a divisão seria: sub-12, sub-14, sub-16, sub-18 e sub-21.
Último estágio de formação atualmente, a categoria sub-20, seria a maior prejudicada. Apesar da realização da Copa São Paulo no início do ano, os atletas nascidos em 2000 não teriam os torneios nacionais e estaduais para disputar e estariam acima da idade no ano que vem. Para Rafael, esse fato ratifica a necessidade de mudança.
“Conheço inúmeros casos concretos e entristeço-me em notar que muitos atletas terão seu caminho na busca do sonho de se tornar atleta profissional de alto rendimento dificultado ainda mais, para não dizer inviabilizado, por conta da reformulação do calendário e do cancelamento de competições de base. A descoberta de muitos talentos para o futebol brasileiro e mundial pode não acontecer por conta dos efeitos da pandemia”, conclui o advogado.
Ainda não há definições quanto à situação das categorias de base do futebol brasileiro para 2020. A CBF ainda não se manifestou sobre a realização de seus torneios. Em 2020, foram realizadas em cenário nacional a Copa São Paulo, a Copa Santiago sub-17, a Copa Votorantim sub-15 e o Torneio EFIPAN sub-14. Além das competições estaduais, a CBF prevê realizar em 2020 as Copas do Brasil sub-17 e sub-20, os Brasileirões sub-17 e sub-20, as Supercopas sub-17 e sub-20, a Copa do Nordeste sub-20, o Brasileirão de Aspirantes e os Brasileirões Femininos sub-16 e sub-18.
Já a nível local, inicialmente previsto para ser disputado entre os meses de março e julho, o Estadual Sub-20 retornou à pauta da Federação Gaúcha de Futebol no final de maio, após a realização de uma videoconferência com representantes dos clubes que vislumbram participar da competição, onde reafirmou a intenção em realizar as disputas previstas no calendário oficial da entidade. Durante a conversa, a direção da Federação apresentou uma previsão em que o início do Campeonato Gaúcho Sub-20 ocorreria a partir de setembro. Os treinamentos começariam no mês anterior.
A liberação do certame, no entanto, está condicionada ao aval dos órgãos governamentais e autoridades sanitárias. Assim como na categoria profissional, também é necessário que sejam adotados protocolos específicos para treinamentos e jogos.
Fonte: DaBase.com.br / Cristiano Bueno