Embora não tenha deixado saudade em grande parte da torcida, o ex-vice de futebol do Inter, Emilio Papaléo, avaliou sua passagem como positiva após a renuncia ao cargo na sexta-feira passada. Falando as Rádios Guaíba e GreNal no sábado, o dirigente comentou sobre diversos temas relacionados ao Colorado, além dos motivos que levaram a sua saída do Beira-Rio, definida há mais de semanas. Confira os principais trechos:
Classificação na Sul-Americana e momento do clube: "A vitória foi uma coisa épica. Conversava com o Autuori esses tempos e ele me dizia que quando ganhamos temos que saber os motivos para continuar avançando. O que passou tem que ajudar a crescer não ficar agarrado ao passado (...) Estamos conseguindo mesmo na adversidade dar a volta por cima. Eu acredito que no mínimo a médio prazo isso dará em bons resultados".
Duelo pelas quartas da Sul-Americana: "O Melgar é líder do Peruano. Já pude ver o ataque que é muito perigoso. Mesmo acredito que nos credenciamos a sonha com a Sul-Americana e nos tornarmos o primeiro bicampeão da competição".
"Nós começamos o Brasileiro com as pessoas dando certo que brigaríamos para não cair. Acho que conseguimos reverter isso. A gente tem a sensação de que com essa sinergia com a torcida. Há um movimento no ar rumo ao sucesso do Inter".
Reforços em sua gestão: "Temos um comitê de futebol composto de pessoas que trabalham diariamente com análises financeiras e de mercado. Eu pelo menos não conhecia o Wanderson. Nunca tinha ouvido falar do Pedro Henrique. Do Vitão tinha vaga lembrança (...) Isso tudo é trabalho de criatividade do departamento de análise. É verdade que o De Pena foi indicado pelo Cacique Medina mas ele passou pelo estudo do nossos analistas".
Polêmcia dos salários: "Vamos chamar de legado (...) Aquilo que aconteceu (a greve) não passou de um ruído de comunicação. Os jogadores não gostaram. Mas foi contornado e no outro turno já houve treino. Não acredito que isso voltará a ser problema (...) A terceira parcela também foi paga. O que aconteceu foi normal. Eu nunca disse que estava tudo em dia. Não fui um estopim daquilo. É passado. Não há nenhuma relevância mais".
Avaliação de sua gestão: "Ninguém faz nada sozinho em departamento de futebol. Acredito que contribuí para a reestruturação do departamento de futebol. Temos método. Fizemos acerto com a nova comissão técnica. Remodelamos o grupo (...) Trouxemos pessoas não ligadas aos grupos da nossa gestão para estar dentro do futebol. Sempre pensando que quando o Internacional esteve unido viveu os seus grandes momentos (...) Chegando ao final do ano as coisas não transcorreram do jeito que a gente imaginava. Aí veio o Medina que acabou não dando resultado. Teve a eliminação para o Globo. Mas ganhamos três Gre-Nais (...) Eu saio com uma situação muito mais estabilizada do que quando entrei".
"Posso enumerar alguns momentos memoráveis. A vitória de terça, a despedida do D'Ale, as três vitórias em Gre-Nais e a vitória contra o Flamengo. Há uma série de momentos que são inesquecíveis."
Saída: "Eu já há algum tempo tinha tomada essa decisão e avisado ao presidente Alessandro. E tinha determinado que o momento seria após a segunda partida diante do Colo-Colo. A saída se deve a questão profissional (...) Foi decisão de mais ou menos uns 15 ou 20 dias. Meu medo era que essa notícia pudesse tirar o foco do futebol. Esperei um momento de estabilidade para que isso acontecesse de forma natural (...) A decisão já estava tomada e ele independia do resultado diante do Colo-Colo. Eu reconheço que se tivéssemos perdido para os chilenos teria toda uma especulação (...) Acho que tomei a decisão mais madura (a de sair). Foi um período inesquecível. Não vou me afastar das pessoas da gestão e muito menos do clube. Na segunda estarei na minha cadeira no Beira-Rio".
"A cultura que nós temos é que quando vice de futebol sai é porque há uma crise, ou um desentendimento. Mas garanto que não tem nada disso."
Sobre querer ser Presidente: "Eu dizia pro Presidente Alessandro que era o melhor vice que ele poderia ter. Sou o mais barato pra demitir e tenho impedimento legal para ser Presidente do clube. Vou me aposentar somente daqui algum tempo. Só depois teria essa condição, mas aí não sei se não estaria muito velho."
Sobre vinda De Pena e demais contratações: "A indicação dele de fato foi do Medina. Era um jogador de confiança dele. Fomos lá e trouxemos. Claro que não é somente a indicação, analisamos e checamos (...) Confesso que não conhecia o Wanderson, nem o Pedro Henrique. Esses jogadores foram garimpados pelo CAPA. Esses profissionais destacaram estes jogadores e foram aprovadas as contratações".
Chegada do Mano: "Teve a procura de um perfil. Quando veio o Aguirre, buscamos a segurança e estabilidade. A opção pelo Mano ela vem através de um momento específico, não houve predileção por nacionalidade. Ele é um treinador consagrado, de Seleção Brasileira. Teve êxito em grandes clubes que passou. Claro que ficava mais complicado de apresentar um estrangeiro, mas se tivéssemos convicção, traríamos."
Sobre Medina: "Temos um cultura do resultado. Difícil o treinador permanecer. Medina é competente, tanto que faz um trabalho interessante no Vélez. Ele não teve tempo de mostrar os resultados. São dois fatores: os resultados e o fato de não termos conseguido entregar a tempo os reforços. Algo que conseguimos dar para o Mano."