Com as negociações dos direitos de transmissão da Série A do Campeonato Brasileiro a partir de 2025 em andamento, os blocos de clubes formados para otimizar as negociações têm sido uma tendência. Atualmente, os grupos que mais se destacam são a Libra, a Liga Forte Futebol (LFF) e o conjunto de clubes associados às Sociedades Anônimas de Futebol (SAFs).
Enquanto os acordos estão em curso, surge a questão de quanto valem exatamente os direitos desses blocos, o que tem sido objeto de análise e debate entre os envolvidos. Para chegar a uma avaliação, é importante entender quais times estão em cada grupo.
O bloco da Libra é composto por Flamengo, Corinthians, Santos, São Paulo, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Bahia, Grêmio e Atlético-MG. São nove equipes que já possuem um acordo prévio para negociarem em conjunto.
Por outro lado, o grupo formado pela Liga Forte Futebol e as SAFs conta com Fluminense, Athletico Paranaense, Fortaleza, Cuiabá, Goiás e América-MG, além das empresas Seregenti e LCP, e ainda inclui Cruzeiro, Botafogo, Vasco e Coritiba. São dez times na Primeira Divisão que também buscam otimizar as negociações através dessa união. É importante ressaltar que o Internacional faz parte da Liga Forte Futebol, mas, até o momento, não fechou acordo com nenhum dos grupos.
Dentro da Libra, os membros avaliam que seu pacote de jogos tem um valor entre 75% a 90% do total dos direitos do Brasileirão. Isso ocorre devido à presença dos quatro times de maior torcida no Brasil, que são considerados essenciais para o acordo pelo fundo Mubadala.
No entanto, essa análise considera que existem variáveis que podem impactar o valor dos direitos, tornando difícil estabelecer um valor exato. Ainda assim, a Libra já oferece um pacote de quatro jogos por rodada, sendo dois para a TV Aberta e dois para a TV Fechada, o que é visto como suficiente para a Globo, segundo os membros do grupo.
O Atlético-MG, por sua vez, acredita que os ativos da Libra terão maior valor em relação aos da Liga Forte Futebol devido à audiência proporcionada pelos clubes. Em entrevista, o CEO do Galo, Bruno Muzzi, explicou sua visão sobre o valor dos direitos de transmissão:
"Quanto valem os direitos da Série A? R$ 2,3 bilhões brutos, R$ 2 bilhões líquidos. Se pegar os times da Libra e da Forte, quanto vale? R$ 1,5 bilhões para a Libra, R$ 500 milhões para a Forte. Atlético-MG tem, nos critérios de distribuição da Libra, aproximadamente 6%, R$ 125 milhões. Na Forte, por esses 6%, receberia R$ 75 milhões. Logo no primeiro ano teria diferença de R$ 50 milhões. Primeiro critério, isso se perpetua por 50 anos?", disse Muzzi.
Vale lembrar que os R$ 2,3 bilhões são baseados no total arrecadado pela Série A atualmente, incluindo todos os contratos dos clubes com a Globo.
Apesar disso, a Liga Forte Futebol tem uma visão oposta e acredita que os ativos assinados com os investidores representam mais de 50% do valor do Brasileirão. O grupo conta com 60% dos clubes e da audiência, incluindo o Internacional na conta, com base na média de times na Série A nos últimos cinco anos. Atualmente, na prática, o grupo já tem garantidos 10 times na Série A de 2023.
As conversas com veículos de comunicação já começaram informalmente por parte da Libra, mas ainda não estão avançadas. A ideia inicial era um fatiamento dos direitos, mas caso não haja uma liga, poderá ser negociado em pacotes.
Independentemente de qual conta vai prevalecer, é certo que o valor obtido pela negociação das receitas anuais de TV terá um impacto muito maior no futuro dos clubes do que os aportes. Afinal, trata-se de uma renda essencial para as agremiações ao longo de 50 anos. As negociações seguem em andamento e os torcedores aguardam ansiosamente para ver como o futuro das transmissões do Campeonato Brasileiro se desenrolará.
Fonte Marcelo Mattos / UOL