Um empate que resumiu a pífia campanha colorada no Grupo B da Copa Libertadores, talvez o mais fraco do torneio. Demonstrando dificuldades desde a estreia continental, o Inter de Miguel Angel Ramirez talvez tenha entrado em sua fase mais crítica desde o início da temporada. Como avaliar esse momento e os possíveis erros que estão sendo cometidos? É isso que tentamos debater nessa conversa de bar virtual. Confira alguns pontos de vista e deixe o seu nos comentários!
Ariel: "Vejo com muita preocupação o nível na qual o Inter chega para começar o Brasileiro. O time colorado disputou um dos grupos mais acessíveis da Libertadores e mostrou uma irregularidade assustadora.
A mesma equipe que por horas encantou com goleadas e boas infiltrações nas goleadas em casa, jogou de forma lenta e desorganizada em outros momentos, principalmente fora de casa, sendo derrotado para times de nível muito aquém na Libertadores.
Nos únicos testes a altura que tivemos na temporada, os clássicos Gre-Nais, repetimos fracassos das temporadas recentes. Além da questão tática, onde vejo o time evoluindo com a posse de bola desde a defesa, e com mais opções de ataque quando o passe encontra as linhas, também noto uma equipe que nos momentos mais difíceis do jogo se desorganiza de forma assustadora, que se expõe em contra ataques infantis como um escanteio por exemplo, e que não consegue colocar uma intensidade e competitividade que exige o nível nos duelos mais parelhos.
Tecnicamente o time precisa de reforços para a titularidade, o Inter ainda conta com um elenco bom, mas longe de ser um top 5 no Brasil. O treinador ainda comete erros de leitura de jogos e trocas sem muito sentido, que tira um pouco do brilho das suas ideias e mostram um pouco da falta de coerência no trabalho da comissão em alguns pontos.
Espero que esses últimos 5 jogos onde conseguimos apenas uma vitória, mostrem ao clube os erros que cometemos para que assim todos possam crescer e o Inter tentar ser ao menos competitivo, intenso, ofensivo mas também inteligente quando necessário."
Israel: "Nosso time oscilou demais nesta fase de grupos, por sorte tivemos adversários acessíveis pois caso contrário as dificuldades poderiam ter sido ainda maiores. Mas além da oscilação me preocupa também a queda de rendimento nos últimos jogos e um aparente regressão ao invés de evolução no desenvolvimento das propostas. Faltam peças e qualidade no elenco para desenvolver as ideias do Ramirez. Me preocupa pois acho que o treinador precisará ser flexível e mudar um pouco sua maneira de jogar para sobreviver até que tenha as peças que precisa.
Por sorte a Libertadores terá uma parada agora e assim poderemos recuperar o time, mas precisamos arrancar bem no Brasileiro e também tendo na Copa Brasil jogos decisivos neste meio tempo, não podemos bobear. Vejo lentidão e uma aparente falta de objetividade por vezes no terço final e nas conclusões, enquanto alguns jogadores tem muita dificuldade de absorver as idéias. Do último GreNal tinha gostado do Palacios com liberdade e pelo meio, me parece ali ser onde rende mais, mas não entendo o motivo de insistirmos com Lomba e Lindoso, como foi contra o Always.
O treinador precisa mudar algumas peças, se possível recebendo algumas com mais qualidade (nosso time é limitado sim), e ter a entrega do elenco (alguns jogadores não tem a mínima vontade). O caminho é longo, mas também tivemos alguns pontos positivos nesta fase de grupo da Libertadores, conforme os números da SofaScore abaixo:
1° em grandes chances de gol (24)
1° em grandes chances perdidas (16)
6° em gols marcados (12)
18° em chutes p/ marcar gol (6.8)
23° em conversão de chances claras (33%)
Faltou concluirmos melhor, e pelo menos um zagueiro e volante de saída de bola, para podermos dar um salto de qualidade."
Alan: "Honestamente eu esperava dificuldades e tropeços nesse início de trajetória de MAR no Inter, mas não no grau observado no frustrante empate contra o Always Read e toda trajetória no Grupo B, que ficou bem aquém.
Primeiramente seria irreal imaginar o Inter já pronto em nem 4 meses, pois precisamos contextualizar que mudamos abruptamente para estilos completamente opostos e provavelmente tentamos implementar o mais complexo nessa gama de opções no futebol atual, que exige maior tempo para mínimo funcionamento.
Como meus colegas já pincelaram fatores no qual concordo plenamente, tentarei abordar outra questão que é a adaptação - ou a falta dela - da nova comissão técnica a nossa realidade. O Inter apresentou avanços quando teve mínimo tempo de trabalho entre as semanas mas ao iniciarmos uma série de jogos em sequência (desde a 1° semifinal do Gauchão em Bento Gonçalves), as coisas claramente decaíram em qualidade técnica, física e anímica. O Inter mostra-se mentalmente desajustado no decorrer das partidas (geralmente começa bem) mas perde totalmemente a formatação de jogo, passando a cometer erros em série e complicando-se nas partidas.
Sem experiência com tamanha exigência percebo um MAR no momento um pouco perdido na hora de interlacar formações (poupar de maneira inteligente) e com substituições confusas, acarretando em escolhas que aumentam a inconsistência nos jogos.
Ademais, o Inter vem de um primeiro tempo bom no 1° GreNal da Arena e Beira-Rio, e satisfatório contra o Always, mas não consegue manter esse padrão por 90 minutos. Talvez essa queda explique-se entre os fatores individuais que relatei: técnico troca em demasia ou escala sem coerência, time fisicamente e animicamente abaixo e com tomadas de decisões geralmente lamentáveis. Ontem o Edenílson tentou 3 passes de calcanhar (são bolas que não se pode fazer com esse formato de jogo, pois exige-se maior inteligência na tomada de decisão tendo em vista que estamos com todo time no campo adversário, o erro precisa ser minimizado), Lindoso somou o quê na ideia de jogo e na marcação? Galhardo foi uma piada e o Palácios claramente não consegue render na ala ainda (enquanto seu reserva, Caio Vidal, já deveria estar entre os XI). Jogar na atual estratégia exige paciência na busca pelo melhor passe, confiança e tomada de decisão correta, três elementos que não temos visto nos jogos, e justamente por errarmos demais, perdemos confiança e vemos o plano de jogo se esfarelar minuto a minuto.
Precisamos retomar os conceitos e insistir para que se mantenha a concentração durante os 90 minutos, mas, além disso, MAR precisa para a sequência da temporada fazer uma auto-análise desses escolhas, enquanto a direção buscar ao menos 3 reforços. O elenco é competitivo mas aquém do necessário, de momento penso que precisamos de auto-crítica e não de fogo-cruzado. Não seria fácil e precisamos insistir no que queremos, não desistindo na primeira dificuldade".