O presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, apostando numa gestão equilibrada, levou ao Conselho Deliberativo (CDel) uma informação que pode mudar os rumos do futebol brasileiro.
No encontro virtual que ocorreu na última segunda-feira, o mandatário das Laranjeiras destacou que defende a criação de um mecanismo similar ao fair play financeiro que existe na Europa. Para ele, os maus gestores deveriam ser punidos, assim como a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também deveria punir os clubes.
Por fim, segundo Mário Bittencourt, com os apoios dos presidentes do Bahia e do Athletico-PR, a ideia deveria passar a valer já em 2022 ou 2023 no país. Apesar do lobby do cartola do Fluminense, a entidade e outros clubes ainda estudam o caso, informa o portal NetFlu.
A limitação que teoricamente começa a valer na atual temporada no país ainda está longe de agradar alguns dirigentes, incluindo pelo presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, que votou contra o modelo da proposta aprovada ano passado. Em rede social, o cartola explicou por qual motivo não deu ‘ok’ para a medida.
"O clube começará o Brasileirão com um técnico inscrito e, caso demita este treinador, poderá inscrever apenas mais um técnico. Em caso de segunda demissão, o profissional substituto tem que estar trabalhando no clube há pelo menos seis meses. Em caso de pedido de demissão por parte do treinador, o clube não sofrerá limitação para inscrever um novo técnico", iniciou o cartola – veja aqui os clubes que votaram a favor ou contra a proposta.
Em seu Twitter, Bellintani assegurou que foi contra a proposta por entender que a pauta sobre o Fair Play Financeiro aprovada é ainda pouco efetiva em 2021: "Se não haverá punição aos clubes que gastam mais do que arrecadam, se todo mundo pode continuar dando calote, se insistiremos em adiar mudanças realmente estruturantes, não venham controlar quantos treinadores eu devo ou não devo contratar em um campeonato", escreveu.
O mandatário indicou ainda que a limitação dos treinadores é uma ‘medida bonitinha’ para dar um ar de modernidade ao Campeonato Brasileiro. Além disso, o cartola enfatizou que o Fair Play Financeiro seria muito mais transformador: "Para tentar dar um ar de modernidade ao Campeonato deste ano, à margem da real transformação que seria o Fair Play Financeiro, propõe-se uma medida aparentemente bonitinha, mas pouco transformadora: a limitação de contratação de treinadores"
"O intervencionismo só faz sentido se for sistêmico. Sendo pontual, para dar falsa impressão de modernidade, com o respeito que tenho a todos, não contarão com meu carimbo. A velha máxima de ‘vamos mudar alguma coisa para permanecer tudo como está’ não terá o meu apoio", completou.
O fair play financeiro foi introduzido em 2010 na Europa. A UEFA implantou o mecanismo para obrigar os clubes a gastarem dentro de suas possibilidades econômicas, e assim colocar um fim às dúvidas que poderiam deixar a entidade em risco. Em resumo, algo como “devem provar que pagaram suas contas”. Se não o fizerem, podem até serem excluídos das competições europeias.
A crise gerada pela pandemia acabou deixando em ponto morto o processo de construção do Fair Play financeiro da CBF durante 2020. Os clubes deveriam ser monitorados e advertidos por descumprirem exigências para contas, mas boa parte deles ignorou e não se enquadrou durante o último ano. Com isso, a confederação atrasou em um ano e retomou o projeto para ser implantado em 2021. Neste ano, os clubes poderão ser proibidos de registrar jogadores caso não se enquadrem nas exigências para suas contas.