Texto por Colaborador: Redação 23/12/2020 - 16:45

Em entrevista publicada nesta quarta-feira (23) pelo portal GE ao jornalista e setorista do Inter, Eduardo Deconto, o presidente em fim de mandato, Marcelo Medeiros, fez um balanço do trabalho que chega em seus últimos dias sem nenhuma grande conquista. Após bater na trave em 2019 na final da Copa do Brasil, Medeiros disse deixará a política colorada, além de responder sobre a saída de Coudet, entre outros assuntos. Confira os principais trechos:

Últimos dias da gestão e balanço: "É um sentimento ambíguo, porque a gente viveu esses quatro anos com muita intensidade, muita dedicação. E esse é um ano que não termina. Um ano em que a pandemia atacou o planeta inteiro, com mortes, com pessoas extremamente fragilizadas em razão da doença, com a economia extremamente abalada, o calendário do futebol alterado. Me dá uma sensação de trabalho inacabado porque o Brasileirão não termina, mas a nossa gestão termina em 31 de dezembro. E um alívio porque a responsabilidade do cargo é muito grande e ela vai ser do Alessandro Barcellos a partir de 4 de janeiro".

"Nós pegamos um clube que tinha um cenário da série B, litígio com a CBF naquela questão do Victor Ramos e uma torcida extremamente machucada. Com determinação, com seriedade e serenidade a gente foi se superando esses obstáculos. Em 2018, a gente faz um Campeonato Brasileiro que surpreendeu alguns, chega em terceiro lugar e vai para a Libertadores. Em 2019, a gente perde a Libertadores para o campeão e chega a uma final de Copa do Brasil. Faltou o título. A nossa torcida merecia um título".

"Lá em 2017, o torcedor queria volta para a Série A em março, tamanha a dor que ele sentia. Então, em cada tropeço a gente era cobrado como se a Série B fosse terminar em agosto. Nós conseguimos subir naquele jogo sofrido contra o Oeste. Mas subimos. E aí continua desconfiado. Tanto que ninguém diria que o Inter seria terceiro colocado da Série A brigando com os times mais fortes do Brasileiro. Aquilo ali, o colorado já estufou o peito. E quando a gente vem para 2019, faz confronto de iguais. Inter e River Plate, dois jogos espetaculares. E a gente vem na retomada na Copa do Brasil, ultrapassa Palmeiras, Cruzeiro. Aí acho que o torcedor já resgatou a autoestima e sabe que o Inter pode mais".

Política atrapalhou temporada? "Contaminou o clube. Não só o futebol. Foi um processo eleitoral muito bélico. Eu acho que a gente tem que colaborar com a pacificação do clube. Uma instituição que tem quatro candidatos à presidência no primeiro turno e 11 chapas concorrendo ao Conselho Deliberativo acende um alerta. A gente tem que ter menos grupos políticos, mais entendimento com os que já existem. Na primeira reunião que fizemos com o Conselho de Gestão eleito, eu me coloquei à disposição do Alessandro para ajudar no que for preciso."

Déficits: "Se a gente abstraísse a pandemia, o Inter poderia terminar o ano com superávit. Está dentro das nossas previsões. Porque a gente foi atenuando déficit. Têm duas questões que não aconteceram na nossa gestão. Não houve um valor de luvas de televisão. E não houve uma grande venda. A do Bruno Fuchs talvez seja a nossa maior venda, para esse equilíbrio financeiro ser atingido. Mas acho que deixamos uma série de ativos importantes. O Inter foi campeão da Copa São Paulo, o principal torneio de categorias de base, pela quinta vez em um Gre-Nal. E hoje, passado quase um ano daquela conquista, o grupo principal tem inúmeros atletas da base."

Como Barcellos recebe o clube: "Vai encontrar um Inter com dificuldade econômica, ainda no meio de uma pandemia. Ninguém sabe quando vai terminar, quando vai ter vacina eficiente, se fala em mutação do vírus. Mas ele vai ter já agora, no mês de fevereiro, as verbas de premiação que a CBF paga, que a empresa de TV também paga para poder atenuar e ter condições de ter fluxo de caixa mais tranquilo."

Falta de títulos e tropeços em GreNais: "Incomoda. A gente queria que o resultado fosse outro. Mas não foi por falta de trabalho (...) Quando eu fui vice-presidente de futebol, nós tivemos 10 confrontos de Gre-Nais. Ganhamos cinco, empatamos quatro e perdemos o último. É óbvio que o histórico, principalmente do Coudet, nos Gre-Nais incomoda. Mas eu acho que é pegar só a parte ruim. Vamos pegar a parte desde o início. São 110 anos de rivalidade. A gente trabalha para reverter isso. Uma hora, o clube reverte, e a gente volta para a hegemonia de futebol de Porto Alegre."

Saída de Coudet e suposta falta de respaldo: "Eu acho que a gente fez o melhor que a gente podia. Era um projeto de longo prazo, de dois anos, que vinha no crescente. Eu não sei se foi um cenário político que se avizinhava de uma maneira conturbada. Eu não sei se o treinador viu que aquele grupo da forma que ele gostava de jogar tinha batido no teto, ou se foi uma oportunidade que ele encontrou de ir para o mercado espanhol. A decisão é dele. Não estava no nosso alcance segurar a presença do Coudet em Porto Alegre.

O curioso é que duas semanas antes, ele esteve no Bem, Amigos, deu uma entrevista por quase uma hora e 20 minutos e encantou a todo mundo com simpatia, conhecimento de futebol brasileiro. Mas principalmente pelo seu ambiente no clube e pela sua relação com Rodrigo Caetano (executivo). Então essas teorias conspiratórias de que houve desentendimento no vestiário não têm lógica. Tanto não têm lógica que seus auxiliares não sabiam que ele tinha a intenção de deixar o Inter.

(Risos). Posso tirar a máscara para rir? (sobre falta de respaldo) O Coudet chegou, me pediu um jogador que trabalhava com ele (Musto), esse jogador veio. Nós perdemos ao longo do ano três atletas importantíssimos (Guerrero, Boschilia e Saravia). Veio o Abel (Hernández). Ele (Coudet) mostrou imagens do Leandro Fernández, que veio. Nós entendemos que a equação que fizemos com a saída do Pottker e a vinda do Mauricio é importante para o futuro do clube. Entendemos que o Yuri Alberto seria um jogador importante para o presente e principalmente para o futuro do clube.

O Coudet queria muito um zagueiro argentino. E nós entendíamos que o Rodrigo Moledo estando no grupo tinha que jogar. O respaldo vai até o limite de quem tem a hierarquia do clube. Se eu tenho um atleta como o zagueiro que temos, eu não vou contratar outro. Ele pediu o Lucas Ribeiro. E ele não botava o menino para jogar. Então, não pode ficar empilhando jogador a cada tropeço e botar a culpa na direção porque não tem respaldo. Acho que ele foi respaldado. Não tem mágoa nenhuma por ele ter ido trabalhar na Espanha."

Saída da política: "Eu vou me afastar da política do Inter. Se for acionado, se entenderem que minha colaboração é oportuna para alguma determinada missão, continuo à disposição. Vou trabalhar no que estiver no meu alcance para que as coisas sejam apaziguadas, que os ambientes não sejam tão tensos, que a gente precisa de calma. Mas não pretendo ocupar nenhum cargo no Inter."

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