Em entrevista exclusiva ao programa F360, da ESPN, na sexta-feira (11), Alessandro Barcellos, presidente do Internacional, falou sobre temas importantes relacionados ao futuro do clube, incluindo a possibilidade de o Colorado se tornar uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF ).
Barcellos ressaltou a importância de o clube começar a discutir a entrada de potenciais investidores, mas deixou claro que isso não significaria abrir a mão do controle majoritário da instituição. Ele destacou que o cenário atual do futebol brasileiro pode aumentar o abismo financeiro entre as equipes.
"Estamos vendo esse novo momento. Um descolamento grande de outros clubes. Isso tem que acender uma luz amarela em todos nós para que não haja um desequilíbrio. A gente precisa olhar para isso com o olhar de quem faz mudança", afirmou o presidente.
Ele também destacou a diferença entre os clubes associativos e os SAFs no que diz respeito à governança, observando que as estruturas mais políticas dos clubes tradicionais podem atrasar as tomadas de decisão. Para Barcellos, é essencial que os clubes discutam formas de reduzir essas desigualdades.
"Os clubes associativos têm uma governança mais política e dão menos agilidade para tomada de decisão e isso precisa ser considerado. Como vamos buscar, seja em qualquer modelo, solução para que essa desigualdade diminua. Se não fizermos, se abrir um abismo entre alguns clubes e os demais", completou.
Apesar de considerar a necessidade de mudanças, Barcellos admitiu que o Inter ainda não iniciou formalmente o debate sobre uma eventual mudança de modelo de governança. Ele enfatizou que o clube precisa estudar cuidadosamente as melhores opções antes de tomar qualquer decisão.
"Para iniciarmos o debate sobre governança e é necessário que a gente faça isso, buscando informações, experiências boas e ruínas. O Inter, hoje, não precisa fazer um processo de aderência de algum modelo e esse é o melhor momento. É procurar o melhor caminho. Não tem prazo. Mas nós temos que propor esse debate para que as pessoas possam estar atualizadas e possam dar ferramentas à discussão", afirmou.
Barcellos também destacou a necessidade de não esperar indefinidamente para tomar decisões e a importância de se pensar em modelos de investimento que possam ir além da venda de atletas. Ele fez questão de que todos os investidores com quem tiveram contato exigiram uma governança mais moderna e eficiente.
"É importante e não podemos ficar parados para tomar uma decisão quando estivermos maduros. É modelo de investimento. É investir na base e vender atletas? Esse é o modo que a gente acha possível? Isso é suficiente? Ou vamos atrás de parceiros, parceiros Identificaram? Parceiros que exigirão uma governança diferente? Todos os investidores que eu possuem um modelo de governança diferente do que temos hoje", pontuou.
Outro tema abordado pelo presidente foi a situação financeira delicada do clube, agravada pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul recentemente. Segundo Barcellos, o prejuízo do Internacional devido às enchentes chegou a R$ 90 milhões, o que forçou o clube a buscar fontes adicionais de receita para minimizar as perdas.
"Nós vivemos uma realidade muito difícil, assim como a maioria dos clubes, que é uma necessidade de vender atletas para que as contas se equilibrem. Nosso planejamento era de R$ 135 milhões e foi batido. Nas condições normais, ou seja, sem uma catástrofe, esse era o resultado para o equilíbrio", explicou.
"Mas, com as enchentes, tivemos um prejuízo de R$ 90 milhões. Precisamos aumentar a receita e reduzir custos até o final do ano para que esse prejuízo seja minimizado. O equilíbrio tem sido a busca, mas, infelizmente, as coisas mudaram o Rumo. Estamos trabalhando para voltar ao equilíbrio", concluiu Barcellos.