CBF avança na profissionalização da arbitragem com ranking e treinamentos para Série A

Texto por Colaborador: Redação 27/06/2025 - 01:54

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) está preparando a divulgação do ranking oficial dos árbitros do futebol brasileiro, prevista para outubro ou novembro. Esse ranking avaliará os profissionais com base em três critérios: a nota do observador de campo, do analista de vídeo e do analista de VAR. Atualmente, esse sistema já é utilizado para definir as escalações das rodadas dos principais jogos da Série A do Campeonato Brasileiro.

Essa iniciativa integra um projeto maior de profissionalização da arbitragem, que deve começar a ser implementado de forma efetiva até o final de 2026, com a formação do primeiro grupo de árbitros com vínculo profissional. Hoje, os árbitros trabalham por partida, sem vínculo empregatício, e recebem uma remuneração mensal média de cerca de R$ 15 mil — valor considerado baixo para um modelo que exija dedicação exclusiva.

Como parte desse processo, a CBF está realizando até o fim desta semana uma série de treinamentos práticos e teóricos no Rio de Janeiro, reunindo 64 árbitros e assistentes da Série A, incluindo juízes, bandeirinhas e assistentes de VAR. Essa etapa piloto busca estabelecer uma rotina de trabalho semelhante a uma “intertemporada” para os profissionais, que em 2026 poderá se transformar em um período contínuo de treinamentos e estudos diários, aproximando-se do modelo profissional usado por clubes.

Para reforçar o controle físico e técnico dos árbitros, a CBF incorporou recentemente 30 coletes da marca Catapult — tecnologia já consagrada em clubes de futebol para monitoramento de performance. Os árbitros da Série A serão os primeiros a utilizar esses equipamentos, que permitem medir dados precisos durante as partidas.

Atualmente, os árbitros percorrem entre 10 e 12 km em campo durante um jogo, enquanto os assistentes percorrem aproximadamente a metade dessa distância. Para complementar esse acompanhamento, a CBF contratou uma equipe de coordenação científica que coleta e analisa dados físicos e técnicos de cerca de 957 profissionais da arbitragem brasileira, dos quais 736 são árbitros centrais ou assistentes.

Em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora, o desempenho físico dos árbitros tem sido monitorado por meio de testes específicos, como o teste Yo-Yo, que avalia a capacidade máxima de esforço em exercícios de ida e volta de 20 metros. Os árbitros devem realizar esse teste ao menos uma vez por mês e, a cada três meses, há um teste avaliativo com peso para o desempenho.

O controle físico é feito por meio de relógios inteligentes que medem a performance durante os treinamentos e jogos, além do acompanhamento local de instrutores designados pelas federações estaduais. Como exemplo, um dos árbitros mais conhecidos do país, Anderson Daronco, conseguiu perder oito quilos em quatro semanas por meio de treinos focados, como o uso de bicicleta ergométrica.

Com essas medidas, a CBF busca não só melhorar a qualidade da arbitragem no futebol brasileiro, mas também construir um quadro profissional, com dedicação exclusiva e melhor remuneração, alinhando-se às melhores práticas do futebol mundial.