Texto por Colaborador: Redação 06/08/2025 - 00:58

O vice-presidente da CBF, Ricardo Gluck Paul, defendeu durante o Fórum Sustentabilidade em Campo, realizado nesta segunda-feira (4) em São Paulo, que a implementação do Fair Play Financeiro representa uma necessidade inadiável para o futebol nacional. O dirigente utilizou uma metáfora dramática para ilustrar a gravidade da situação atual.

"Em 2019 se falava em fair play financeiro, um plano de contenção de gastos, porque já se enxergava para onde o futebol brasileiro estava indo. Nada foi feito. É como se, naquela época, a gente visse o Titanic na direção do iceberg e tivesse como desviar… O navio bateu no iceberg e está afundando", declarou Gluck Paul.

O dirigente, que também preside a federação paraense e comanda a comissão responsável por estruturar a proposta de regulamentação financeira, enfatizou a escolha da CBF por tomar medidas concretas: "Tem quem escolhe tocar música e esperar o navio afundar, e quem joga a boia para ajudar os outros. Estamos no caos. A CBF escolheu jogar a boia".

## Cronograma e estrutura do projeto

Os debates oficiais começam na próxima semana com um encontro inicial no Rio de Janeiro. O grupo de trabalho reúne 33 clubes - os 20 da Série A atual e mais 13 da Série B - junto a dez federações estaduais, com a missão de estabelecer as bases do controle financeiro.

A comissão terá 90 dias para elaborar um relatório com as diretrizes fundamentais. Posteriormente, a presidência da CBF definirá os próximos passos para viabilizar o modelo, que deve ser implementado gradualmente - iniciando de forma mais flexível até atingir um patamar mais rigoroso, permitindo adaptação do mercado nacional. A previsão é que entre em vigor a partir de 2026.

## Divergências entre dirigentes

A criação oficial do grupo de trabalho foi divulgada no final de julho, com o objetivo de reduzir desigualdades financeiras entre clubes e promover melhor controle de gastos e governança. Contudo, as discussões ocorrem em meio a discordâncias entre os próprios dirigentes.

Em julho, o presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, manifestou-se contrariamente à divisão igualitária de receitas - tema presente no memorando discutido entre representantes da Libra e Liga Forte União. Para Bap, os termos propostos resultariam em prejuízos financeiros ao clube rubro-negro, razão pela qual optou por não aderir ao acordo.

A posição flamenguista provocou reação de Leila Pereira, presidente do Palmeiras, que defendeu que o futebol nacional deve ser tratado coletivamente, priorizando o conjunto sobre interesses particulares de cada instituição.

## Comparações internacionais

O cenário brasileiro contrasta com modelos estrangeiros de distribuição de receitas. Na Premier League 2023/24, o campeão recebeu apenas 1,6 vezes mais recursos que o último colocado: £ 175,9 milhões contra £ 109,7 milhões.

As ligas norte-americanas adotam distribuição igualitária. Na última temporada, a NFL repassou US$ 432,6 milhões por franquia - valor que representa o dobro da receita total do Flamengo em 2024, estimada em cerca de R$ 1,28 bilhão.

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