Texto por Colaborador: Redação 13/09/2025 - 05:00

Um grupo de conselheiros do Internacional protocolou requerimento junto à diretoria colorada solicitando que o clube acione CBF e STJD para exigir o reconhecimento do Inter como campeão brasileiro de 2005. A informação foi revelada pela ESPN na última quinta-feira (11).

O documento obtido pela reportagem traz a assinatura de Leonardo Aquino, coordenador do "Movimento Sangue Colorado", e solicita que "a gestão do Internacional busque incessantemente a preservação da verdade esportiva e a reparação histórica desta competição".

Em entrevista, Aquino revelou que a iniciativa foi inspirada em pleitos similares movidos por outros clubes brasileiros: Palmeiras e Atlético-MG.

Nos últimos anos, o Verdão tem buscado persistentemente o reconhecimento da Copa Rio de 1951 como o primeiro Mundial de Clubes da história. Já o Galo obteve da CBF o reconhecimento do Torneio dos Campeões de 1937 como título de Campeonato Brasileiro.

O advogado considera as reivindicações de Palmeiras e Atlético como "válidas" e acredita que o Inter deve lutar de forma similar pelo Brasileiro de 2005.

"Nós apoiamos que o clube faça algo para que se busque o reconhecimento de que o Internacional foi campeão brasileiro em 2005. Até porque essa busca de reconhecimento por títulos a gente vê aí em diversos casos, diversos clubes, pleiteiam e perdem reconhecimento de títulos durante a história. O Palmeiras faz um pleito, que até acho que seja justo, de ser considerado como campeão mundial de 1951. O Atlético-MG também pediu reconhecimento de algum título", lembrou.

Aquino enfatizou que sua requisição não visa o Inter "fazer festa", mas sim buscar "reparação histórica".

Segundo o conselheiro colorado, até mesmo torcedores do arquirrival Grêmio admitem que "o campeão legítimo" de 2005 é o time do Beira-Rio.

"Ninguém aqui quer que o Internacional seja considerado campeão para fazer festa, para fazer comemoração. A comemoração é no momento, é lá dentro do campo. Agora, seria uma reparação histórica. Seria uma questão de justiça", argumentou.

"E me parece que o atual presidente da CBF assumiu com um discurso de moralização, com um discurso de profissionalização. Seria muito bonito da parte da CBF reconhecer, porque, a cada dia que passa, a cada depoimento que vem, todo mundo diz, é consenso popular...", prosseguiu.

"Até torcedores do nosso tradicional adversário, do Grêmio, dizem que aquilo foi uma barbaridade, que aquilo foi um absurdo, e o campeão legítimo era o Internacional", completou.

Para o conselheiro, não há garantias de que a CBF dará andamento ao caso, mas é necessário ao menos tentar.

"Nós temos convicção de que o clube tem que tentar, o clube tem que pleitear. Não necessariamente brigar judicialmente, mas fazer um pleito, um pedido institucional, para que a CBF analise o caso, porque de 2005 para cá teve muitos desdobramentos. De lá para cá muita coisa foi dita, muita coisa foi revelada, e cada vez fica mais claro a grande injustiça que foi feita dentro e fora de campo", opinou.

Aquino também esclareceu que o movimento não pretende atingir o Corinthians, considerado pela CBF como campeão do Brasileiro 2005, já que o Timão não teve qualquer participação no famoso caso da "Máfia do Apito".

"O Corinthians, em tese, não tem nada a ver com o assunto, só o que ele tem a ver é que ele acabou sendo campeão. Agora o próprio presidente do Corinthians [Alberto Dualib] deu uma declaração, dizendo que, se não fosse toda aquela papagaiada, o Internacional era o legítimo campeão, de fato e de direito, como ele mesmo disse", salientou.

"Então, não é nada contra o Corinthians, não é nada querendo retirar o título de A ou de B. É simplesmente uma reparação histórica em face de tudo que vem sendo revelado de lá para cá para consagrar que o Internacional tenha que ser considerado, sim, como legítimo campeão daquele campeonato de 2005", finalizou.

**Fundamentação do pedido**

O documento do "Movimento Sangue Colorado" se baseia em declarações recentes do ex-árbitro Edílson Pereira de Carvalho, exibidas no documentário "Máfia do Apito", da produtora Feel the Match e do canal Sportv.

Na entrevista, o protagonista do esquema de manipulação de resultados que resultou na anulação de 11 jogos do Brasileirão-2005 afirma que o Inter "seria o campeão" nacional daquele ano sem suas ações.

"Eu mudei o campeão brasileiro. Sem a 'Máfia do Apito', a equipe campeã seria o Internacional, o campeão seria o Internacional", declara Edílson, em trecho da produção.

Por isso, o "Movimento Sangue Colorado" ressalta que deve prevalecer o "princípio da verdade desportiva, previsto nas normas da Fifa e no CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), assegura que os resultados das competições devem refletir o que foi obtido em campo, de forma leal e isonômica".

O ofício cita inclusive casos do futebol internacional, como as punições aplicadas pela Uefa ao Olympique de Marselha, em 1993, e pela liga italiana à Juventus, em 2006, por manipulações de resultados.

"No plano internacional, há precedentes emblemáticos de retificação de títulos diante de manipulações e fraudes, [...], em que conquistas foram cassadas e sanções aplicadas para restabelecer a lisura das competições", ressaltou.

Com base nisso, o grupo pede à diretoria colorada que:

- Seja expedida recomendação formal ao Conselho de Gestão para que adote, com urgência, todas as medidas jurídicas e institucionais cabíveis junto à CBF e ao STJD, visando o reconhecimento oficial do Sport Club Internacional como campeão brasileiro de 2005;

- Que a gestão do Internacional busque incessantemente a preservação da verdade esportiva e a reparação histórica desta competição;

"Não se trata de mero revisionismo, mas de uma ação de justiça histórica. É consenso popular que o Sport Club Internacional foi gravemente e injustamente prejudicado naquela edição do Campeonato Brasileiro. Todos os torcedores de todos os clubes reconhecem que o Internacional era o legítimo campeão daquele ano", diz o documento.

"A omissão diante desse episódio perpetua uma distorção que macula a integridade do futebol brasileiro. É dever institucional e moral do Sport Club Internacional lutar pela consagração histórica de 2005, que em campo lhe pertenceu", finaliza.

A diretoria do Internacional foi procurada pela ESPN para se posicionar sobre o tema. À reportagem, a alta cúpula informou que está "conversando internamente" sobre o assunto, mas ressaltou que, por ora, não vai se manifestar publicamente.

Oficialmente, o campeão brasileiro de 2005 é o Corinthians, que somou 81 pontos no torneio, contra 78 do Inter.

O Timão, porém, acabou indiretamente beneficiado pela anulação dos 11 jogos apitados por Edílson Pereira de Carvalho naquele ano, já que conseguiu "recuperar" quatro de seis pontos perdidos nas partidas que foram jogadas novamente após decisão do STJD. Curiosamente, os jogos apitados por Edilson Pereira, pela Série B (que também estavam com desconfianças sobre sua conduta), não foram remarcados, demonstrando a clara falta de isenção nas decisões daquela época. Na prática, somente UM dos 11 jogos foi admitido pele então árbitro como manipulado. 

Com a nova pontuação, a equipe alvinegra passou o Colorado na tabela e assumiu a liderança. Posteriormente, fez sua parte em campo e acabou coroada como campeã ao final do torneio.

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