Texto por Colaborador: Redação 09/09/2025 - 01:30

O consultor da CBF, Cesar Grafietti, defendeu a implementação de um modelo de Fair Play financeiro baseado em percentual sobre as receitas dos clubes brasileiros, rejeitando a possibilidade de teto único de gastos. Em entrevista, o economista alertou para os riscos do endividamento crescente e projetou que as regras podem transformar o futebol nacional numa das quatro maiores ligas mundiais.

"Eu não posso fazer um clube que fatura R$ 1 bilhão gastar igual a um clube que fatura R$ 200 milhões", justificou Grafietti em declarações ao GE sobre sua oposição ao teto uniforme de gastos. Para ele, seria injusto limitar clubes que conseguiram ampliar suas receitas através de boa gestão.

O consultor demonstrou preocupação com a situação financeira de grandes clubes brasileiros. "Será que o Vasco vai conseguir se recuperar se não encontrar um novo comprador, um novo dono da SAF que coloque mais dinheiro, que recupere a estrutura de administração do clube? Não sei. Você vê o cenário de Corinthians, São Paulo, o Fluminense tendo que virar SAF. Internacional e Grêmio estão em situações difíceis", analisou.

Segundo Grafietti, o objetivo principal do Fair Play financeiro é garantir que os clubes paguem suas contas em dia, evitando que o endividamento comprometa a competitividade e sustentabilidade do sistema. O especialista identificou três tipos principais de dívidas no futebol: bancárias (antecipações de direitos de TV e patrocínio), com outros clubes por transferências e fiscais refinanciadas.

O modelo em desenvolvimento pela CBF prevê período de adaptação educativo antes da aplicação de punições, com previsão de implementação a partir de 2026. "Não dá para esperar que problemas de décadas sejam resolvidos em seis meses", ponderou o consultor, estimando que os clubes precisarão de três a cinco anos para se adequarem completamente.

Grafietti acredita que o Fair Play financeiro pode elevar o futebol brasileiro ao patamar das grandes ligas europeias. "Imagino que se todos estiverem equilibrados, vai ter mais capacidade de investimento, melhora a qualidade do jogo, a receita, e isso vira um ciclo virtuoso. Talvez em 10 anos a gente passe a França e passe a ser a quarta maior liga do mundo", projetou o especialista.

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