Na noite de terça-feira, o presidente do Grêmio, Alberto Guerra, expressou sua posição a favor do adiamento de uma ou duas rodadas do Brasileirão em uma entrevista ao programa Tá Na Área, do Sportv. Enquanto a CBF adiou os jogos dos clubes gaúchos por 20 dias, Guerra destacou sua consternação ao ver comemorações de gols no futebol enquanto o estado enfrenta uma calamidade.
Diante da maior tragédia natural da história do Rio Grande do Sul, Guerra enfatizou que, neste momento, a preocupação com treinos e jogos é secundária. Ele argumentou que o Brasileirão deveria ser suspenso, alinhando-se com outros presidentes de clubes que também defendem essa medida. Apesar de parte dos dirigentes serem a favor da paralisação completa da competição, Guerra ressaltou que muitos não compreendem a magnitude da situação no estado gaúcho. Por isso, houve resistência em interromper os jogos, o que levou a CBF a adiar apenas as partidas dos clubes do Rio Grande do Sul por 20 dias.
"Eu sou da opinião que deveria parar, no mínimo, a próxima rodada, talvez duas. Mas é muito grave a situação. Alguns demonstraram ser favoráveis. Se todos os presidentes estivessem na nossa condição, pensariam a mesma coisa. Mas não estão, então não conseguem ter a verdadeira dimensão. Alguns foram favoráveis, alguns silenciaram e outros querem acompanhar mais, se mostraram reticentes. Ainda falta muito para melhorar aqui (...) Futebol é festa, alegria, uma expressão da cultura brasileira. E me sinto agredido vendo comemorar gol em outros estados e a gente sofrendo, corpos boiando, as pessoas morrendo. Muito grave o que estamos vivendo. Não sei onde vamos treinar, jogar. Juro que hoje isso pouco importa. Estamos em uma fase de sobrevivência e de ajudar o próximo, de buscar água, de dar alimento".
Conforme apuração da ESPN em seu site, se dependesse exclusivamente do desejo de quem manda na Confederação Brasileira de Futebol, apenas os jogos deste fim de semana seriam adiados. Essa decisão, aliás, já estava tomada, a ponto de a CBF trabalhar nos bastidores para que ela prevalecesse. No entanto, o pedido mais enfático de Grêmio e Internacional, somado a um ofício da Federação Gaúcha de Futebol, foi fundamental para que a CBF fosse obrigada a rever a própria posição.
A partir do posicionamento dos gaúchos, a confederação passou a consultar todos os clubes da elite do Brasileirão para ouvir o que cada um pensava sobre o assunto. E o consenso passou longe.
A ESPN, inclusive, questionou os 20 times que disputam a primeira divisão e percebeu que a minoria se mostrou disposta a adiar as partidas. Alguns, como Athletico-PR e Atlético-GO, se mostraram visivelmente contrários à ideia, por problemas de calendário.
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