Texto por Colaborador: Redação 24/11/2025 - 00:30

"A vantagem de jogar em casa te dá uma vantagem."

É uma citação — entre muitas — atribuída ao famoso ex-técnico da Inglaterra, Sir Bobby Robson — uma reflexão simples, porém justa, de um padrão histórico do futebol.

Desde que as equipes começaram a disputar ligas, a prática de jogos como mandante e visitante tem sido a norma, partindo-se da premissa de que atuar em casa beneficiará a equipe da casa.

Mas qual o impacto real de jogar no próprio estádio, diante da própria torcida?

Na primeira parte de sua conversa com a BBC Sport, a psicóloga esportiva Marie Cartwright explicou: "O impacto de jogar em casa pode ser visto de duas maneiras. Às vezes, ele tem um impacto positivo, e o que acontece é que há uma motivação maior."

"Isso significa que a energia da torcida aumenta a adrenalina, o que cria um impulso de esforço e intensidade nos jogadores. É também um ambiente familiar para eles, o que reduz a carga cognitiva. Eles não precisam pensar tanto em nada além do jogo, porque conhecem o campo, conhecem as rotinas e se sentem à vontade."

"No entanto, também existem alguns impactos negativos em potencial, como a possível intensificação da pressão sobre a torcida da casa, que na maioria das vezes espera domínio do time mandante. Isso pode levar a erros por parte dos jogadores que se sentem superiores a eles."

"Pode então surgir o que chamamos de estado de ameaça. Os jogadores podem perceber as consequências como graves, sentindo que podem enfrentar mais críticas quando estão em casa."

Estatísticas comprovam a vantagem de jogar em casa

Embora quem acompanha futebol saiba que há mais fatores a serem considerados além do local da partida, as estatísticas sugerem que a influência existe.

Desde o início da Premier League, o percentual de vitórias em casa superou o percentual de vitórias fora em todas as temporadas, exceto uma: a temporada 2020-21, afetada pela Covid-19, em que a maioria dos torcedores não teve acesso aos estádios, registrou uma taxa de vitórias em casa de 38%, em comparação com 40% fora.

Portanto, a forma como uma equipe lida com essa pressão adicional da torcida parece ser um fator crucial.

Teoria do desafio versus ameaça

"Na psicologia, existe algo chamado teoria do desafio e da ameaça", disse Cartwright.

"Na realidade, o que isso significa é que um 'estado de desafio' pode levar o jogador a pensar: 'Eu consigo, tenho os recursos para lidar com isso'. Isso leva a uma melhor tomada de decisões e reações mais rápidas."

"Por outro lado, em um estado de ameaça, os jogadores podem achar que as consequências superam sua capacidade de lidar com elas. Em qualquer contexto de jogo, isso pode significar que eles têm um senso de foco limitado, o foco não é o mesmo, então o jogo fica mais lento por causa do excesso de reflexão."

"Também pode ser chamado de 'cérebro vermelho' ou 'cérebro azul' - sendo o cérebro vermelho aquele com diálogo interno baseado no medo e autocrítica negativa, enquanto o cérebro azul é aquele frio, calmo e sereno que consegue lidar com suas emoções."

"O que está no meio disso tudo é a distração. A forma como um jogador reage à distração e filtra o ruído, como a torcida, pode influenciar em qual desses estados mentais ele entra e, em última análise, como o time se sai."

Matéria da BBC

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