A notícia de que o SCI jogará em La Paz, capital da Bolívia, que fica 3.600 metros acima do mar, traz um questionamento recorrente antes de jogos da Libertadores em cidades localizadas a grandes altitudes: qual é o prejuízo para o atleta que não está acostumado com a vida nas alturas? E o que acontece no corpo quando se joga ou se faz qualquer tipo de exercício em altitudes elevadas? Qual o impacto no sistema cardiorresporatório, nos músculos, no cérebro?
Na próxima terça-feira, às 19h, os jogadores colorados estão sujeitos a sofrer com o Mal da Montanha, também chamado de Doença da Altitude. Segundo matéria recente do GE, o impacto não é pequeno, e o prejuízo para desempenho e bem-estar é diretamente proporcional à redução da quantidade de oxigênio no ar inspirado. Ou seja, quanto mais alto, pior. Isso tudo sem citar a velocidade da bola, que dificulta ainda a parte técnica dos visitantes.
Acima de 3 mil metros, onde a saturação de oxigênio do organismo é reduzida em cerca de 33% em relação ao nível do mar. Nessa condição, os impactos são:
- Dor de cabeça;
- Náuseas;
- Tonturas;
- Indisposição gástrica, vômitos;
- Sensação de falta de ar;
- Fadiga;
- Letargia;
- Maior risco de edema pulmonar.
Em 2009, o preparador físico da seleção argentina chegou a dizer que “um jogador pode morrer na altura de La Paz". Em 2013, Lionel Messi vomitou em campo durante o empate de 1 a 1 com a Bolívia, pela 12ª rodada das eliminatórias da América do Sul para a Copa do Mundo de 2014.
- É terrível jogar aqui. Quando você faz um esforço ou uma jogada de velocidade, demora muito para se recuperar. Sabíamos que seria assim e jogamos com os atacantes soltos, tentando aguentar - disse o craque na época.
A redução da capacidade do organismo de captar oxigênio do ar e distribuí-lo pelos órgãos e tecidos tem um impacto prejudicial direto na capacidade de produção de energia aeróbica, afetando o desempenho esportivo. Além do prejuízo ao desempenho, a exposição aguda à altitude provoca mal-estar durante os primeiros dias de exposição, como dor de cabeça, náuseas, tonturas e indisposição gástrica, entre outras.
Quanto mais alto, menor a pressão atmosférica, mais rarefeito é o ar e mais difícil se torna a captação do oxigênio pelos glóbulos vermelhos e a posterior oxigenação de órgão e tecidos. Algumas pessoas sentem mais os efeitos do que outras, mas nenhuma sai incólume ao enfrentar a altitude sem tempo hábil para uma adaptação.
Em 121 partidas de times do Brasil na Libertadores disputadas a mais de 2.500 metros do nível do mar, os clubes "canarinhos" saíram derrotados 59 vezes, vitoriosos em 35 e o empate prevaleceu em 27 ocasiões. Houve dois encontros na cidade boliviana de Al Alto, a mais alta a receber um jogo da competição, a 4.090 metros de altitude. Foi lá que o Always Ready venceu o Internacional, em 2021, e o Corinthians, em 2022, ambos por 2 a 0.
Desta forma, o mais recomendado é que o elenco chegue ao local da partida um dia antes da partida, para evitar os efeitos da falta de oxigênio na atmosfera. Ainda assim, os reflexos da altitude variam em cada atleta, podendo sentir mais ou menos. A adaptação é "individual". No entanto, os "veteranos", atletas acima dos 30 anos, são mais propícios a sentir os efeitos.
Pensando justamente nisso seria prudente que Eduardo Chacho escale uma formação baseada em aspectos físicos/fisiológicos e com menor média de idade, deixando a questão técnica ou tática na sequência de prioridades.
A título de exemplo, Eduardo Coudet terá vários jogadores com experiência quando se trata de atuar na altitude. Segundo o jornalista Leandro Behs, Sergio Rochet, Bustos, Mercado, Renê, Aranguiz, Bruno Henrique, Gabriel, Alan Patrick e Valencia, Luiz Adriano já atuaram nas alturas, dando uma importante experiência de como se comportar em La Paz.
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