A pouco menos de um mês da volta do Campeonato Brasileiro (será disputado de 9 de agosto a 24 de fevereiro de 2021), os clubes da Série A apresentam estágios distintos de preparação, fruto de decisões diferentes tomadas durante a paralisação. De um modo ou outro, todos passaram a maior parte do tempo fazendo trabalhos físicos e à distância com os jogadores.
O Flamengo retornou aos trabalhos presenciais muito antes dos seus adversários, mesmo os de dentro do estado do Rio.Os clubes do Rio Grande do Sul vieram na sequência, entre idas e vindas devido a decretos e proibições. Nesse intervalo, houve negociações de jogadores e, principalmente, reduções nos vencimentos de atletas e funcionários - quando não demissões e dispensas.
Veja, abaixo, um resumo - feito pela ESPN Brasil - do período de paralisação de cada um dos 20 clubes da Série A de 2020 - bem como os resultados de seus últimos jogos.
Athletico
Com 11 casos de COVID-19 no elenco, é o atual recordista entre os clubes da Série A, mas segue treinando em Curitiba, apesar de decretos em contrário.
A paralisação não brecou as contratações do clube, que se reforçou com nada menos que sete peças desde março, quando o futebol parou no país: Edu, Felipe Aguilar, Jaime Alvarado, José Aldo, Daniel Martins, Walter e Geuvânio.
O Furacão reduziu os salários dos jogadores e profissionais do futebol em 25% a partir de maio.
Mandou Aguinaldo de Farias, presidente do Conselho Deliberativo, na comitiva de dirigentes que se encontrou com Jair Bolsonaro para fazer lobby pela MP 984 e se guarnecer no imbróglio com a Turner sobre direitos de transmissão para TV por assinatura.
Último jogo: Coritiba 4 x 0 Athletico-PR, pelo Paranaense, em 15 de março.
Atlético-GO
Adson Batista, presidente do clube, propôs uma redução de salários de 33% ao elenco, com a condição de devolução total dos vencimentos em caso de permanência do clube na Série A para 2021.
A agremiação voltou a treinar em 26 de maio, na cidade de Trindade, já que as atividades não essenciais estavam proibidas em Goiânia. Mas pode ter de parar novamente, já que a cidade também decretou paralisação.
O clube contratou o meia Matheus Frizzo, do Grêmio, e anunciou o técnico Vagner Mancini. Não registrou casos de COVID-19 no elenco no retorno aos trabalhos, em 1º de junho, e liderava o Goiano quando o futebol parou no estado, em 18 de março.
Último jogo: Atlético-GO 2 x 0 Grêmio Anápolis, em 14 de março.
Atlético-MG
O Galo teve intensas atividades durante a paralisação, sendo uma das principais a contratação de Alexandre Mattos logo nos primeiros dias em que a pandemia ameaçava parar o futebol no Brasil, em 18 de março.
Como de praxe, Mattos comandou uma revolução de contratações para a equipe. Apenas durante a pandemia, foram sete: Alan Franco, Keno, Marrony, Bueno, Junior Alonso, Léo Sena e Allan.
Oficialmente, o clube reduziu os salários de funcionários e jogadores em 25% durante a paralisação. Ricardo Oliveira foi avisado de que não está nos planos da comissão técnica e Di Santo rescindiu contrato.
Voltou aos treinos em 19 de maio com um único caso positivo para COVID-19, o meia Cazares.
Era o terceiro no Mineiro quando o futebol parou. Jorge Sampaoli comandou o time em apenas uma partida.
Último jogo: Vila Nova 1 x 3 Atlético-MG.
Botafogo
Uma das vozes mais ferozes contra o retorno do futebol no Rio de Janeiro, o clube de Marechal Hermes vem batendo de frente com o rival Flamengo na questão.
Não reduziu os salários, mas vem pagando em atraso desde março. Ainda deve o mês de maio.
Voltou aos treinos em 21 de junho e relutou a voltar a jogar, em especial por ter demorado mais a voltar ao treinar, por segurança.
Em 26 de junho, o técnico Paulo Autuori foi suspenso por criticar tal pressa e impediu que o clube recorresse.
Contratou o Matheus Babi, junto ao Macaé, e anunciou, na quinta-feira, dia 9, a contratação do atacante marfinense Kalou, do Hertha Berlin. Conseguiu o empréstimo do lateral-esquerdo Victor Luís junto ao Palmeiras, e de Kevin, lateral-direito, do Grêmio.
E jogou três vezes pelo Carioca desde a retomada dos trabalhos: fez 6 a 2 na Cabofriense e empatou em 0 a 0 com o Fluminense.
Último jogo: Botafogo 0 x 0 Portuguesa-RJ.
Bahia
O clube de Salvador retornou aos treinos em 16 de junho sem contratações. No dia 6 de junho, negociou o atacante Gustavo, de 23 anos, com o Incheon United, da primeira divisão sul-coreana, por cerca de R$ 2,2 milhões relativos a 80% de seus direitos econômicos
Durante a pausa, reduziu os salários em 25% e seu presidente suspendeu os próprios vencimentos.
Tem hoje zero caso de COVID-19 no grupo.
Seu presidente, Guilherme Bellintani, esteve com os demais "8 da Turner" no encontro com Bolsonaro em 30 de junho.
Último jogo: América-RN 0 x 2 Bahia, pela Copa do Nordeste, em 14 de março.
Corinthians
Recordista indiscutível, o Corinthians registrou nada menos que 21 casos de COVID-19 dentro de seu elenco e 17 somando estafe e comissão técnica. Atualmente, não há jogadores contaminados.
Até o presidente Andrés Sanchez contraiu o coronavírus, mas sem sintomas.
Promoveu corte de 25% para os jogadores e entre 50% e 70% nos vencimentos dos funcionários durante a pausa. Fez diversas demissões e dispensas de funcionários e atletas de diversas modalidades;
Contratou Jô e viu Vagner Love deixar o clube mais uma vez já na reta final antes da reapresentação.
O elenco voltou a trabalhar no CT em 23 de junho.
Último jogo: Corinthians 1 x 1 Ituano, em 15 de março.
Ceará
Foi o primeiro clube do Nordeste a retomar os treinos presenciais, em 1º de junho e não apresentou casos de COVID-19 no grupo.
Durante a paralisação, cortou 25% dos salários e contratou o atacante Vitor Macaé, que estava no Caucaia.
Juntamente com o Palmeiras, negociou o atacante Arthur Cabral com o Basel da Suíça, embolsando R$ 9,4 milhões.
O presidente do clube esteve em Brasília para se encontrar com Jaor Bolsonaro, apoiar a MP 984 e fazer lobby contra a Tirner.
Último jogo: Ceará 2 x 0 Sport, em 15 de fevereiro, pela Copa do Nordeste.
Coritiba
O clube voltou a treinar em 25 de maio e assim como seu maior rival, segue em atividade mesmo com o decreto em contrário na cidade de Colombo, região metropolitana de Curitiba.
A partir do fim de abril, o Coxa reduziu 25% dos salários de seus jogadores e funcionários. Houve demissões e suspensão de contratos nas categorias de base e na administração do clube.
O presidente do clube esteve em Brasília para se encontrar com Jair Bolsonaro, apoiar a MP 984 e tratar da questão Turner.
O Último jogo do Coxa foi a vitória por 4 a 0 sobre o Athletico-PR, em 15 de março, pelo Campeonato Paranaense.
Flamengo
Poucos clubes apareceram tanto durante a pandemia quanto o Rubro-Negro.
O clube reduziu os salários dos jogadores em 25% durante e demitiu mais de 60 funcionários ainda em abril.
Desde meados de junho, o clube já não apresenta casos de COVID-19. No início de maio, havia três casos no elenco.
O Rubro-Negro foi um dos que mais fez pressão pública pela volta das atividades do futebol, temdo ido a Brasília, juntamente com o Vasco, fazer pressão pelo retorno.
Em 20 de maio, por contra própria, reiniciou os trabalhos em seu CT.
No campo político, seu presidente, Rodolfo Landim, foi o principal articulador da MP 984 de 18 de junho, que centraliza nos mandantes dos jogos os direitos pela exibição.
Vem travando uma briga jurídica com a Globo pela possibilidade de exibir seus jogos faltantes no restante do Carioca. Conseguiu liminar na Justiça para exibir a final da Taça Rio e seus demais jogos como mandante e briga ainda pela final do Estadual.
Na quarta-feira, 8, perdeu para o Fluminense, nos pênaltis, a final da Taça Rio. Joga agora a final do Carioca com o mesmo rival.
Fluminense
Reduziu os salários em 15%, mas deve mais do que isso, dado que tem parte do vencimento de maio em atraso.
Foi o maior opositor do Flamengo no pedido de volta do futebol no Rio de Janeiro.
Contratou o centroavante Fred, mas a negociação já acontecia antes da epidemia se espalhar no País.
Voltou aos treinos apenas em 19 de junho, cerca de um mês depois do Flamengo, a quem derrotou na final da Taça Rio na quarta-feira (8), nos pênaltis.
Fortaleza
No fim de março, reduziu os salários dos jogadores e comissão técnica em 25%. Os executivos do clube tiveram redução de 25% em seus vencimentos.
Contratou o zagueiro Tiago Orobó e voltou aos treinos em 2 de junho.
Seu presidente, Marcelo Paz, esteve na comitiva dos "8 da Turner", que se encontrou com Jair Bolsonaro.
Último jogo: Em 14 de março, perdeu, fora de casa, por 3 a 0 para o Náutico, pela Copa do Nordeste.
Goiás
Reduziu os salários dos jogadores em 50% em maio e em 40% em abril, com promessa de ressarcir parte dos vencimentos.
A comissão técnica teve redução de 50% nesses dois meses.
Para junho, a redução da comissão técnica é de 40%. Haverá redução para os jogadores, mas ainda não se sabe de que ordem.
Voltou aos treinos no dia 5 de junho, com três jogadores infectados pelo coronavírus.
Último jogo: Vasco 0 x 1 Goiás, pela Copa do Brasil, em 12 de março.
Grêmio
Voltou a treinar em 4 de maio, passando por cima de decretos e orientações tanto da prefeitura quanto do Estado do Rio Grande do Sul.
Por conta das proibições, parou e reiniciou os trabalhos mais de uma vez.
Prepara-se agora para "mudar-se" temporariamente para Criciúma, em Santa Catarina, onde poderá treinar com contato físico.
Polemicamente, o clube não cortou os salários de seu elenco masculino, apenas postergando parte dos pagamentos para 2021.
Mas reduziu os salários de outras áreas e esportes, como o futebol feminino.
Último jogo: Grêmio 3 x 2 São Luiz, pelo Campeonato Gaúcho, em 15 de março.
Internacional
Voltou a treinar em 4 de maio e reduziu os salários dos jogadores em 25% a partir de maio - em março e abril, tinha negociado com o grupo para pagar direitos de imagem só em 2021.
Seguirá com essa redução até os jogos voltarem.
Em 30 de junho, uma bateria de testes apontou quatro jogadores infectados.
Em 15 de março, fez seu último jogo: 4 a 0, fora de casa, no São José, pelo Campeonato Gaúcho.
Palmeiras
O clube foi a primeira voz paulista pela paralisação do futebol no Estado, em meados de março.
O clube não fez redução de vencimentos em março e abril, mas anunciou, em 30 de maio, um decréscimo de 25%. Em março e abril, e dali em diante, o clube postergou o pagamentos dos direitos de imagem.
Não fez demissões, apenas interrupções contratuais, e manteve seus times das categorias de base e feminino.
O Palmeiras não fez contratações para seu elenco. Juntamente com o Ceará, negociou o centroavante Arthur Cabral com o Basel, ficando com cerca de R$ 13 milhões.
Há cerca de duas semanas, trata da transferência de Dudu para o Al Duhail, do Catar, que pode ser anunciada oficialmente nesta sexta-feira, dia 10. .
O clube voltou aos treinos presenciais em 23 de junho, quando informou que tinha um jogador com COVID-19.
Atualmente, o técnico Vanderlei Luxemburgo está infectado, mas assintomático.
Maurício Galiotte e André Sica (presidente e advogado do Palmeiras) estiveram no encontro com Bolsonaro para exaltar a MP 984 e comentar a questão contratual com a Turner.
Último jogo: Inter de LImeira 0 x 0 Palmeiras, em 15 de março, pelo Campeonato Paulista.
Red Bull Bragantino
O elenco voltou aos treinos em 2 de junho e informou que meia Vitinho, emprestado pelo Palmeiras, estava contaminado.
Apoiada pela matriz austríaca da empresa que o patrocina, o clube não fez reduções de salários dos jogadores, comissão técnica e demais funcionários.
Entrou em campo pelo última vez em 15 de março, na goleada de 4 a 0 sobre o Água Santa, em Bragança Paulista.
Santos
Inicialmente, o clube praiano negociara redução de 30% dos vencimentos dos atletas, logo no início da pandemia, em março.
Mas, valendo já para o salário de abril, informou em meados de maio o aumento desse percentual para 70%, gerando revolta entre os jogadores.
As discussões entre líderes do grupo e diretoria seguem, mas o clube reiterou que vai manter o patamar para os salários de julho.
Desde 22 de junho, o elenco começou com as avaliações físicas. Como determinado, os treinos com bola começaram no dia 1º.
Na reapresentação, o time teve um caso de COVID-19 entre os jogadores.
O último jogo do time foi em 14 de março, quando foi derrotado pelo São Paulo, no Morumbi, pelo Paulista: 2 a 1.
Mandou Matheus Del Corso Rodrigues (membro do Comitê de Gestão do Santos) ao encontro com Bolsonaro em 30 de junho.
São Paulo
O Tricolor foi um dos primeiros clubes a anunciar cortes de salários de elenco e comissão técnica.
O reajuste para baixo foi de 50% para jogadores e integrantes do departamento de futebol. Para os outros funcionários, o corte inicial foi de 25%, mas acabou ampliado para 50% em meados de maio.
O clube não fez contratações no período de paralisação e atualmente aguarda receber 1 milhão de euros (R$ 6,1 milhões, aproximadamente) do Barcelona pela opção de compra do atacante Gustavo Maia.
O São Paulo reiniciou os trabalhos de avaliação no CT em 22 de julho, quando anunciou um caso de COVID-19.
Último jogo: São Paulo 2 x 1 Santos, 14 de março, pelo Paulista.
Sport
Até por estar com salários em atraso, não propôs reduções ao elenco, e vem tentando quitar tal passivo.
Na paralisação, anunciou as contratações do atacante Ronaldo, do Santo André, e do lateral Patric, do Atlético-MG.
Com uma dívida monstruosa, encerrou todas as categorias e modalidades, exceto o futebol profissional.
Último jogo: Ceará 2 x 1 Sport, em 15 de março, pela Copa do Nordeste.
Vasco
O Gigante da Colina fez pressão, junto com o Flamengo, pela retomada do futebol, ainda no início de maio.
Durante a paralisação, efetivou Ramon Menezes como treinador, anunciou Antônio Lopes como coordenador técnico, Thiago Kosloski como auxiliar e Léo Cupertino, para o cargo de preparador físico.
Não abriu negociação para reduções, mas suspendeu temporariamente o pagamento de salários acima de R$ 50 mil.
Voltou aos treinos em 27 de junho. Nos testes, constatou nada menos que 16 casos de infecção pelo coronavírus entre os atletas.
Foi eliminado da Taça Rio em 2 de julho em seu jogo mais recente, mesmo vencendo o Madureira em casa por 1 a 0.
Fonte: ESPN.com.br