Imprensa avalia estreia com tropeço: 'jogo de passe em La Paz acabou extremamente prejudicado'

Texto por Colaborador: Redação 21/04/2021 - 19:00

A estreia com derrota na Libertadores e as atuações inconsistentes no Gauchão geraram um clima de insatisfação geral neste início de temporada. Mesmo jogando em um ambiente em que geralmente os brasileiros não vencem, a grosso modo, todos os principais comentaristas acharam que o time colorado poderia ter feito mais na derrota na 1° rodada da Fase de Grupos, em La Paz. Com muitas críticas a Zé Gabriel e as substituições no intervalo, confira um compilado com as principais avaliações do que se disse nesta quarta-feira:

DIMITRI BARCELLOS - RÁDIO INFERNO

No 1º tempo, a marcação no meio já preocupava. Ramallo recebia com liberdade e tinha todo o tempo e espaço pra pensar o que fazer. Agora, quem recebeu foi Saucedo e não perdoou. Dourado, Edenilson e Maurício, responsáveis pelo setor, não conseguem cumprir o papel sem bola. 

Inter sentiu fisicamente, não conseguiu se impor tecnicamente e adotou uma estratégia questionável - mais de uma vez - ao longo do jogo. Foi uma atuação horrível. Porém, não dá pra se tomar como regra o desempenho em um contexto de absoluta exceção.

Desde que MAR foi confirmado, se alertou que o começo não seria fácil por N fatores. Ao mesmo tempo, quando o Inter teve um técnico capaz de dar resposta em curto prazo e guiar um projeto longo na mesma medida, fritaram de tudo que é jeito. Tem reclamação aí que não bate...

Aí pedem troca de treinador, o Inter muda o comando, continua perdendo e a cada paulada tomada uma galera fica só o meme do Pikachu surpreso tentando entender porque raios aconteceu (e acontece há 10 anos)...

LELE - GZH

O primeiro tempo contra o Always Ready foi de grande dificuldade. Faltaram muitas coisas além de ar para o Inter na noite desta terça-feira (20), como aproximações, controle de bola e o que eu mais esperava do time: toque de bola.

A busca pelo empate foi com um time muito modificado em todos os setores e vou considerar que a questão física tenha sido preponderante para as estranhas escolhas de Miguel Ángel Ramírez, porque só isso explica uma formação que não havia sido usada em nenhum jogo na temporada ser alternativa para correr atrás de um resultado.

A consequência não poderia ser outra: quase nenhum perigo ao gol boliviano, além de erros primários e previsíveis devido às dificuldades naturais do local do jogo, como conduzir a bola individualmente até perdê-la e levantar a bola na área mesmo sabendo que a velocidade dela muda com o ar rarefeito.

O "prêmio" por tantos equívocos foi o segundo gol dos bolivianos, já nos acréscimos, para consolidar uma derrota histórica e marcar da pior maneira possível a estreia na Libertadores.

MAURÍCIO SARAIVA - GE

O primeiro tempo foi de sustentação de um providencial 0x0 que seria maravilhoso caso permanecesse até o final. Mas o segundo tempo foi atrapalhado desde as mudanças do treinador até mais um erro de passe de Zé Gabriel que rendeu gol do adversário.

A altitude gerou muita imprecisão de passe e acabamento no Inter. No intervalo, Ramírez fez entrar um terceiro zagueiro. Lucas Ribeiro não foi zagueiro nem volante, o Inter tomou 1 a 0 num chute de Salcedo no clarão à frente da meia-lua.

Lucas Ribeiro saiu, Edenílson também, talvez a altitude os tenha abalado. Derrota sem surpresa. O Olímpia perdeu na Venezuela, os gigantes do grupo jogam em casa na segunda rodada e devem ganhar seus jogos. Neste caso, zera tudo e começa de novo na terceira rodada.

LEANDRO BEHS - VOZES DO GIGANTE

Estreia frustrante. 

Revendo com calma a estreia do Inter na Libertadores, infelizmente, a equipe sentiu demais La Paz. O jogo, baseado em constante troca de passes, acabou extremamente prejudicado pela velocidade da bola, pela boa marcação do Always, e pela queda de rendimento de algumas peças.

Além disso, de novo a má sorte de levar um golaço de fora da área. É preciso seguir confiando no trabalho do Ramírez. Inter tem dois jogos em casa agora para dar a volta. E que não se precise voltar tão cedo aos 3,6 mil metros de altitude de La Paz.

VINÍCIUS FERNANDES - ESPN BR

Atuação trágica do Internacional. E quem subestimou os efeitos da altitude errou. Era jogo pra “não jogar”. Pra segurar a bola e ir quebrando o jogo até achar um contra-ataque. Não faz sentido o Patrick sequer entrar em campo.

O Inter empatava o jogo com muitos sustos. No primeiro tempo, se adversário fosse ligeiramente melhor, era pra ir pro vestiário tomando 2 a 0.

E isso não é um convite à terra arrasada, pelo amor de Deus. Só acho que hoje foi um show de horror já antes de levar um gol.

Em tempo: eu entendi a entrada do Lucas Ribeiro e a mudança pros 3 zagueiros, por pior que tenha sido o rendimento. A ideia era defender a área, que foi bem vazada no primeiro tempo. Não deu certo, mas eu entendo. A não entrada do Patrick é que fiquei sem entender.

E uma última: ou tu quer a cabeça de técnico com 2 meses de trabalho ou tu quer um clube sério e profissional. Os dois juntos não rola.

CARLOS GUIMARÃES - JORNALISTA

Primeiro tempo ruim do Inter. Always Ready matou a saída colorada (4 jogadores marcando), pressionou quem tinha a bola e o Inter não conseguiu sair dessa amarração. Fora isso, atuações individuais ruins.

Quem chama atenção negativamente é Palacios. Jogador tem que competir. No primeiro tempo, ele não competiu, desistiu dos lances, largou jogadas, se apresentou mal. Foi ponto negativo, além de outros, como dar liberdade pro adversário e ter sido lento na armação.

Como venho colocando no ar: tem o modelo (que chega a uma boa execução com tempo), tem a altitude (que prejudica), mas tem as escolhas e a competição. E, nisso, Ramirez foi mal e alguns jogadores competiram mal. Não dá pra não criticar só em nome do tempo e do modelo.

Tem a solidificação do modelo, ok. Mas tem o jogo. Nele, achei bem estranhas as escolhas do Ramirez. Entendi a escolha por 3 zagueiros (superioridade na saída), só que depois ele desmancha. Tirou os ponta pra concentrar pelo meio e recorreu a jogadores que oferecem muito pouco.

E confesso não ter entendido o que ele viu em Maurício até agora. Acho Praxedes bem melhor ali. Assim como Patrick em relação a Palacios (o pior em campo). Performance bem estranha, independente da altitude.

O que não quer dizer que o trabalho tenha que ser interrompido, evidentemente.

MARINHO SALDANHA - UOL

Um jogo difícil pelo contexto, pela altitude, e a atuação mais fraca da "era Ramírez". 

Como eu sempre digo: são escolhas. O que eu prefiro ou o que eu faria não importa. Estou aqui para avaliar as coisas sob a ótica do treinador, não a minha. Ele trabalha assim, é sua escolha.

Eis que mesmo pior durante toda partida, o Inter arrancava um 0 a 0. Até que, no intervalo, aconteceu o condicionante do resultado, na minha opinião. Ramírez sacou os dois extremas (inoperantes, de fato), mas optou por um zagueiro, bagunçando todo setor.

Lucas Ribeiro fazia a frente da zaga por vezes, se unia ao Cuesta e Zé em outros. Não era zagueiro nem volante, falamos disso durante o jogo. Errou vários posicionamentos. Mas não foi culpa dele, foi uma ação coletiva, um efeito em grupo.

Com um jogador a mais na linha defensiva, o Inter deixou a frente da área sob cuidado só de Dourado. Sem extremas para acompanhar laterais, o volante deslocava para tentar cobrir o espaço. Mas é um só. A frente da área livre abriu espaço para o que o rival mais fazia: chutar.

O gol provocou o efeito-dominó de tudo que ocorreu depois. Lembram que antes do jogo eu twitei: a pior coisa que pode acontecer na altitude é sair atrás? Imagina sair atrás no segundo tempo. O cérebro já não pensava direito, a perna não respondia. O segundo gol foi reflexo disso.

E vocês viram que até agora não dei ênfase à altitude? Pois é. Ela é presente, óbvio, no jogo. Acarretou falhas e definiu atitudes. Mas não é necessário para explicar o que houve. A derrota foi maior que 3.600 metros acima do nível do mar.

E aqui eu quero explicar que acho que Ramírez errou, sim, nas mudanças do intervalo, e que isso pesou bastante para a derrota. Mas em nada abala o trabalho que está sendo feito. O time perdeu um jogo, mas o processo é longo e a evolução tem acompanhado a equipe.

Eu sei que hoje o torcedor quer ouvir que tá tudo errado, que tem que tacar fogo em tudo, começar de novo, que todo mundo é ruim e tal. Mas não esperem isso de mim. Peça isso para quem entrega este tipo de produto, não é o meu caso.

Considero uma necessidade imediata que a torcida entenda que é preciso acabar com a "cultura do resultado", trocando-a pela "cultura do processo". Enquanto se defender que no futebol é "ganhou ou está fora", vamos remar para o lado e viver de recomeços, sem nunca chegar a um fim.

CRISTIANO OLIVEIRA - GUAÍBA

Apostar numa sequência de trabalho e entender os princípios do mesmo não pode impedir de enxergar as coisas. O Inter praticou um futebol terrível e o técnico fez escolhas que falharam miseravelmente.

Posto isso: querer a demissão de Ramírez agora é caso para psicanalista.

FILIPE DUARTE - GZH

Certamente, altitude tem parcela de influência na péssima atuação do Inter contra o Always Ready, mas ela não é maior do que as más escolhas de Ramírez, seja pra escalar ou substituir, além das dificuldades da própria equipe em executar a filosofia de jogo. Time está disforme.

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