Após arrecadar em 2019 R$ 104,2 milhões com venda de jogadores e, mesmo assim, encerrar o ano com um déficit de mais de R$ 12 milhões, o orçamento alvirrubro para 2020 prevê em somente dois de nove itens arrecadações maiores: a licença da marca e o quadro social. De acordo com o UOL, a direção colorada pretende explorar melhor ambas as áreas. Como exatamente?
SÓCIOS - SONHO DE 150 MIL
De acordo com a planta orçamentária divulgada pelo SCI, a arrecadação social deverá pular de R$ 82,3 milhões para R$ 89,9 milhões no próximo ano. O cálculo se baseia no plano de sócios atual, que busca engajar mais torcedores, e o atrativo aos associados na compra de ingressos. Mas também engloba uma correção no valor das mensalidades - quantia que deve oscilar entre 3% e 4% ao longo da próxima temporada (com data ainda indefinida). A meta é para 2020 superar o novo recorde de sócios em dia: 150 mil. Atualmente, o quadro social está na casa dos 130 mil.
LICENCIAMENTO
Na área de licenciamento de marca, o salto estimado é de R$ 3,9 milhões para R$ 9,6 milhões. Tudo na esteira de um plano comercial que aumentará a linha de produtos licenciados e também renegociará acordos atuais. O entendimento do clube, segundo matéria do jornalista Jeremias Wernek, é que o segmento vinha sendo pouco aproveitado e tem margem para melhoria significativa.
DÉFICIT - LEGADO NEGATIVO?
Todavia, mesmo planejando alcançar R$ 397,3 milhões em receita bruta, o clube calcula um déficit de R$ 13,6 milhões para 2020, levando para um quadro repetitivo: a última vez que o Internacional fechou o ano com as contas em dia foi em 2015, quando o superávit foi de R$ 27,6 milhões. De 2016 em diante as despesas sempre foram superiores às receitas.
Em matéria do jornalista Rodrigo Oliveira, de GaúchaZH, o clube explica que as dívidas herdadas da gestão anterior, liderada pelo presidente Vitório Piffero, ainda impactam negativamente os cofres colorados. No primeiro ano da atual gestão, (o déficit) foi de R$ 62 milhões, graças a dívidas acumuladas não pagas.
Ademais, em 2020 a estimativa é arrecadar R$ 95 milhões com venda de atletas (queda de R$ 9,2 milhões), R$ 135 milhões com cotas de televisionamento (redução de R$ 31 milhões) e R$ 37 milhões com patrocínios (queda de R$ 8 milhões). Assim, tendo em conta valores mais "pés no chão", o faturamento estimado na próxima temporada é de R$ 397 milhões, contra R$ 436 milhões de 2019, com clara redução dos gastos com o futebol.
OPINIÃO - EDITORIAL
Finalizando, enquanto o clube mira se tornar cada vez mais competitivo com o que tem, é imprescindível exigir responsabilidade administrativa a todos os grupos políticos e agentes atuantes no Sport Club Internacional antes de qualquer elemento desportivo. Mirar somente na falta de títulos e fomentar um "desespero por contratações megalomaníacas" apresenta caráter contrário e inverso ao processo pelo qual o clube se encontra no presente, ainda mais quando rivais com maior poder de investimento já ultrapassaram pelos mesmos problemas financeiros após anos de reorganização orçamentária (Flamengo iniciou ajustes em 2014, Athletico-PR também em 2014, Grêmio em 2016, citando os mais recentes). O Inter quer ser campeão? sim! Precisa ser campeão o mais rápido possível? sim! Mas não a qualquer custo, com o risco de se tornar um novo Cruzeiro ou se afundar ainda mais e piorar esse quadro.
Austeridade pode não dar votos mas cabe nesse momento entendermos essa situação, além de ajudarmos da melhor forma (se associando, contribuindo, torcendo, fiscalizando). Isso serve para a atual gestão e futuras: no atual panorama não se faz mágica, ao invés disso, é preciso construir e evoluir tijolo por tijolo, temporada por temporada, com a razão e sem emoção.