Os cinco integrantes da comissão especial do Conselho Deliberativo (CD) que trabalharam na análise da proposta da Liga Forte Futebol finalizaram os seus trabalhos nos últimos dias. Conforme inúmeras fontes confiáveis e graças aos documentos vazados, houve maioria de 3 contra 2 pela recomendação aos conselheiros a aprovação na votação do dia 30.
O presidente da Comissão, Alexandre Chaves Barcellos, do Movimento Inter Grande (MIG), e o secretário dela, Mauri Cruz, indicado pela Mesa do Conselho, anexaram ao relatório argumentação de seus votos divergentes. O documento final foi elaborado pelo conselheiro Emílio Papaléo Zin, do INove. Votaram a favor dele o ex-deputado Vieira da Cunha, do Convergência, e Ivandro Morbach, do Povo do Clube. No texto, Papaléo lista meia dúzia de razões para justificar a adesão à LFF e aprovação do "Term Sheet" e salienta que um estudo comparativo com a Libra estava fora do escopo da comissão. Entre um dos seis pontos citados por Zin, está de que se trata "intenção de aderir à proposta", apontando que ainda haverá 150 dias até a assinatura definitiva do contrato.
Já Alexandre Chaves Barcellos entende que o SCI deve propiciar a LIBRA os mesmos espaços internos de debate que viabilizou para a LFF “em nome dos princípios gerais e fundamentais da moralidade, publicidade e legalidade”. Em trechos do relatório da comissão especial da assinatura do “term-sheet” com a LFF, o conselheiro Mauri afirma “estar desconfortável em votar sem os subsídios necessários e, como é meu jeito, prefiro ouvir todas as partes (LIBRA), antes de tomar uma decisão”.
Caso a adesão à Liga Forte seja aprovada, a comissão acompanhará todo o processo contratual. O acordo terá validade pelo período de 50 anos. O Inter (e outros clubes da LFF) receberiam cerca de R$ 214 milhões de luvas entre 2023 e 2024.
ENTENDA O RACHA
A chegada de investidores estrangeiros para a criação da liga brasileira de futebol pode determinar o racha definitivo entre Liga do Futebol Brasileiro (Libra) e Liga Forte Futebol (LFF). Isso porque, segundo apuração do portal Máquina do Esporte, a Mubadala Capital, que fez proposta à Libra, não admite haver outra investidora na liga.
A Mubadala ofereceu US$ 900 milhões (R$ 4,7 bilhões, na cotação atual) para adquirir 20% dos direitos comerciais da competição por 50 anos. Esse valor depende da adesão de todos os times da Série A. O contrato está em fase final de ajustes, sendo examinado pelo departamento jurídico dos clubes, e deve ser assinado nos próximos meses.
Caso não obtenha a aprovação dos 40 times das Séries A e B do Brasileirão, a Mubadala deve fazer uma renegociação do contrato em termos bem menores. Nesse caso, a investidora teria direito a menos ativos, como direitos de transmissão dos times que integram a Libra, por meio da lei do mandante, e placas publicitárias nos estádios desses clubes.
Não haveria como vender os naming rights e patrocínios do campeonato, direitos de transmissão de toda a liga para as diversas plataformas (TV aberta, fechada e streaming) no Brasil e no exterior, direitos de imagem para séries documentais, como as que costumam fazer sucesso na Netflix, entre outras possibilidades. Já a LFF tem a gestora americana Serengeti e uma oferta de R$ 4,85 bilhões para se tornar sócia da potencial liga. Caso a oferta de investimento seja aceita, os clubes venderiam uma participação de 20% sobre o negócio para a Serengeti. A empresa, então, se tornaria sócia na gestão do futebol. A gestora dos EUA promete o pagamento dos R$ 4,85 bilhões em três parcelas: R$ 2,4 bilhões no momento da assinatura da sociedade, R$ 1,2 bilhão após 12 meses e outro e R$ 1,2 bilhão após 18 meses. Vale destacar que esses termos serão válidos apenas se a liga de clubes tiver, no mínimo, 36 representantes no Campeonato Brasileiro e na Série B em 2023. Caso a adesão seja menor e ficar entre 22 e 35 clubes, o valor do aporte será reduzido para R$ 2,18 bilhões por 20% da liga. Os dirigentes têm até 30 de abril deste ano para decidir quantos e quais clubes fariam parte da liga, a fim de definir a quantia.
Hoje, a Libra possui a adesão de 18 clubes, sendo onze da Série A e sete da Série B. Segundo esse grupo, esses clubes são responsáveis por 70% da audiência do Brasileirão. Integram a Libra: Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo, Vasco e Vitória.
Já a LFF possui 26 agremiações em seus quadros, sendo nove da Série A, doze da Série B e cinco da Série C. Estão neste grupo: ABC, Athletico-PR, Atlético-MG, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário-PR, Sport, Vila Nova e Tombense.