Após classificar o cenário financeiro colorado como exigindo um "caminho longo e tortuoso", o estudo do Itaú BBA - conduzido pelo economista Cesar Grafietti - divulgou as maiores dívidas dos clubes de futebol brasileiro. Nele, o Internacional aparece na 10° colocação, com R$ 443 milhões (valor superior as receitas do clube em 2019, que foi de 417 milhões). Nesse cenário, o Colorado levaria 7 anos para pagar todos os seus débitos caso utilizasse 20% de sua receita – considerando uma média dos últimos três anos.
Em relação ao mercado como um todo, comparado a 2018 - quando os débitos somados estavam na casa de R$ 6,797 bilhões - houve um crescimento de 18% em 2019. Grafietti justificou a alta ao reflexo de “gestões desastrosas, que gastam além do que podem”.
Baseado nos demonstrativos contábeis das agremiações, o economista chamou a atenção para a alta de 43% em dívidas operacionais, que englobam pendências com clubes, jogadores e agentes. O salto geral foi de R$ 1,891 bilhão, em 2018, para R$ 2,728 bilhões, em 2019.
“Excluindo a Ponte Preta (dívida com sócio pessoa física), Red Bull Bragantino (suporte do acionista) e Athletico-PR (dívida em renegociação referente à construção do estádio), os casos realmente graves são os do Botafogo, Atlético-MG Vasco e Cruzeiro, que levariam mais de 11 anos para pagar suas dívidas caso utilizassem 20% das receitas para isso“, escreveu o relatório, completando:
“Como o exercício não considera custos financeiros, isso significa que o prazo certamente seria pelo menos 3 ou 4 anos acima disso. A solução vem através de aporte de recursos, seja virando empresa, seja vendendo ativos (sedes sociais e atletas), controlando gastos e investimentos. Ou o processo levará a um estrangulamento em algum momento.”
Ranking de devedores no futebol brasileiro, segundo o Itaú BBA
* Entre parênteses, as receitas de cada clube em 2019
1- Atlético - R$ 746 milhões (R$ 256 milhões)
2- Botafogo - R$ 708 milhões (R$ 186 milhões)
3- Cruzeiro - R$ 707 milhões (R$ 290 milhões)
4- Corinthians - R$ 652 milhões (R$ 359 milhões)
5- Vasco - R$ 567 milhões (R$ 199 milhões)
6- Flamengo - R$ 563 milhões (R$ 841 milhões)
7- Palmeiras - R$ 530 milhões (R$ 635 milhões)
8- São Paulo - R$ 526 milhões (R$ 374 milhões)
9- Athletico-PR - R$ 506 milhões (R$ 355 milhões)
10- Internacional - R$ 443 milhões (R$ 417 milhões)
11- Fluminense - R$ 407 milhões (R$ 249 milhões)
12- Santos - R$ 357 milhões (R$ 389 milhões)
13- Grêmio - R$ 238 milhões (R$ 391 milhões)
14- Bahia - R$ 174 milhões (182 milhões)
15- Ponte Preta - R$ 162 milhões (R$ 33 milhões)
16- Sport - R$ 151 milhões (R$ 110 milhões)
17- América - R$ 84 milhões (R$ 32 milhões)
18- Vitória - R$ 77 milhões (R$ 46 milhões)
19- Avaí - R$ 73 milhões (sem informação)
20- Bragantino - R$ 43 milhões (R$ 39 milhões)
21- Paraná - R$ 41 milhões (R$ 22 milhões)
22- Fortaleza - R$ 37 milhões (R$ 120 milhões)
23- Goiás - R$ 24 milhões (R$ 83 milhões)
24- Atlético-GO - R$ 19 milhões (R$ 19 milhões)
25- Ceará - R$ 16 milhões (R$ 98 milhões)
Número de anos a partir do uso de 20% da receita total média de três anos:
19 anos: Botafogo
17 anos: Ponte Preta
15 anos: Atlético-MG
13 anos: Vasco da Gama
12 anos: Red Bull Bragantino
11 anos: Cruzeiro e Athletico-PR
9 anos: América-MG, Sport e Corinthians
8 anos: Fluminense
7 anos: Internacional e Avaí
6 anos: Paraná, São Paulo, Bahia e Santos
5 anos: Vitória
4 anos: Palmeiras e Flamengo
3 anos: Grêmio e Atlético-GO
1 ano: Goiás e Ceará
Relação entre dívida líquida total e receita total média dos últimos 3 anos:
Botafogo – 370%
Ponte Preta – 346%
Atlético-MG – 299%
Vasco – 261%
Red Bull Bragantino – 239%
Cruzeiro – 213%
Athletico-PR – 211%
América-MG – 184%
Sport – 172%
Corinthians – 172%
Fluminense – 156%
Internacional – 136%
Avaí – 131%
Paraná – 128%
São Paulo – 123%
Bahia – 119%
Santos – 118%
Vitória – 100%
Palmeiras – 86%
Flamengo – 82%
Grêmio – 62%
Atlético-GO – 62%
Fortaleza – 56%
Goiás – 29%